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HitdaBreakz

3/15/2005

FUNK EXTRAVAGANZA


E este post não há-de servir para mais nada que não seja revelar-vos o conteúdo da caixa que recebi há uns dias, com selo da Skool. Além do já por aqui falado Can't Stop, Won't Stop de Jeff Chang e do número mais recente da Wax Poetics, a caixa continha 14 discos escolhidos de uma lista de várias dezenas. Muitos clássicos, alguns verdadeiros holy grails, mas, obviamente, sob a forma de reedições porque de outra forma é impossível chegar até eles. Por aqui existe, sobretudo, muito combustível para alimentar as Funk Extravaganzas que os Loop:Diggaz conduzem no Mercado, mensalmente (com a próxima, como já por aqui referi, a acontecer no dia 25 deste mês). Mas não se trata de forma alguma de uma encomenda "utilitária" cujo único propósito seja incluirem-se nos sets do Mercado. Por aqui há, sobretudo, música. Muito Funk, muita Soul, algum Jazz, um pouco de ritmos cinemáticos próprios da Blaxploitation e até o mais recente maxi com carimbo Madlib. Eis o lote:


ARTHUR MONDAY - What Goes Around Comes Around (7", Funk 45, s/data)
A Funk 45 é uma subsidiária da Jazzman que nos deu as grandes compilações Texas Funk e Midwest Funk. E tem-se especializado na reedição destes pequenos holy grails que, de outra maneira, estariam apenas ao alcance dos grandes tubarões do coleccionismo. Curioso, curioso é o facto de ainda recentemente ter ouvido o Dub a falar com entusiasmo neste single, fantasiando com as férias exóticas que realizaria se um dia descobrisse por aí na "selva" uma caixa com 20 ou 30 exemplares deste disco. Deixemo-nos então de fantasias e encaremos a realidade: esta reedição da Funk 45 é, muito provavelmente, o mais próximo que algum dia conseguiremos estar do grande What Goes Around Comes Around. Aproveitemos, portanto.


BOBBY BYRD - I Need Help (Live on Stage) (LP, Polydor, s/data)
Álbum ao vivo do grande Bobby Byrd, braço direito de James Brown que, por isso mesmo, usufrui da sua produção neste intenso álbum de Funky Soul recheado de grandes temas, incluindo originais de Brown e do próprio Byrd. O padrinho da Soul começou a sua carreira ao lado de Bobby nos Famous Flames e por isso nunca deixou de apoiar aquele que era, em palco, o seu Mestre de Cerimónias. Este álbum é um dos testemunhos dessa amizade!


EDWIN BIRDSONG - Dance of Survival (LP, Bam-Boo Records, 1975)
Já tinha o álbum Super Natural de 1973 e agora foi a vez deste Dance of Survival de 1975. Não tem o seu grande clássico Rapper Dapper Snapper (que só seria editado 5 anos mais tarde na Salsoul), mas é outro grande exemplo de Funky Soul, com o tema título a revelar-se um potencial arrasador de pistas.


FRED WESLEY AND THE HORNY HORNS - Say Blow By Blow Backwards" (LP, Atlantic, 1979)
Com um "featuring" de Maceo Parker, este é mais um disco com uma conecção óbvia a James Brown, uma vez que todos estes músicos tinham a dada altura feito parte da banda do homem mais trabalhador do mundo do espectáculo, como Brown gostava de se intitular. Mas a data, a produção de George Clinton e os agradecimentos especiais aos Parliament/Funkadelic, Bootsy Collins, etc, deixam claro que a filiação dos Horny Horns em 1979 era no P-Funk. Coisa que faziam com inexcedível classe, obviamente.


HERMAN KELLY & LIFE - Percussion Explosion (LP, Electric Cat, 1978)
Sobre este álbum, alvo de um Break da SemanaTM, já se falou por aqui. Façam favor de ler!


KASHMERE STAGE BAND - But Still Burning (LP, Kram Records, s/data)
Os Kashmere Stage Band são uma daquelas bandas de liceu oriundas daquele circuito que DJ Shadow tão bem documentou na compilação Schoolhouse Funk. Com vários registos gravados (sendo Zero Point e este But Still Burning os mais procurados), esta orquestra distinguia-se pelo carácter eminentemente funky das suas interpretações. E neste álbum há até um poderoso break na faixa Getting it Out of My System!


THE NEW BIRTH - The New Birth (LP, RCA, 1970)

THE NEW BIRTH - Coming Together (LP, RCA, 1972)

THE NEW BIRTH - It's Been a Long Time (LP, RCA, 1973)
Três álbuns de uma vez só dos grandes New Birth, todos produzidos por Harvey Fuqua, homem que por esta altura era já um desertor da Motown. Os New Birth, por seu lado, foram criados com membros dos Nite-Liters, outra grande banda (importante conhecer dos Nite-Liters é o álbum Instrumental Directions). O resultado desta criação é um grupo de Soul que tudo deve à tradição do género, mas que a espaços se aventura por terrenos mais uptempo, como é o caso do tema Do The Funky Chicken, no primeiro destes álbuns. Há outros LPs importantes deste colectivo (como Ain't No Big Thing But It's Growing), mas para já estes três preenchem uma lacuna importante na minha colecção!


PRETTY PURDIE & THE PLAYBOYS - Stand By Me (Watcha See Is Watcha Get) (LP, Flying Dutchman, 1971)
Que grande, grande álbum. Gravado para a sempre fundamental Flying Dutchman de Bob Thiele, este LP do monstruoso baterista que é Bernard "Pretty" Purdie (olhem para os momentos decisivos da história da Soul e do Funk e o mais provável é encontrarem Purdie sentado à bateria) conta com uma banda de luxo onde, entre outros, se encontram nomes como Chuck Rainey (baixo) ou Cornell Dupree (guitarras). Há ainda a colaboração de um muito jovem Gil-Scott Heron no tema Artificialness e há, sobretudo, uma musicalidade sofisticadíssima, resultado de uma direcção firme de Purdie e de um conhecimento produndo dos Blues, do Jazz e da Soul por parte de uma banda de veteranos!


WAYNE McGHIE & THE SOUNDS OF JOY - s/título (LP, Birchmount, 1970)
A história de Wayne McGhie vem muito bem contada no número 9 da Wax Poetics (e, a propósito, o site desta revista indica que já só os números 10 e 11 estão disponíveis, portanto, para quem quer completar colecções, recomenda-se que procurem as edições anteriores com alguma rapidez!): McGhie emigrou da Jamaica para o Canadá ainda nos anos 60 e gravou esta gema perdida no tempo em Toronto. O álbum manteve-se perdido até que em 1995 surgiu no Roosevelt Show, feira para coleccionadores em Nova Iorque. O primeiro digger a adquiri-lo foi Prince Be dos PM Dawn por 300 dólares depois de ouvir apenas uma faixa, o grande Dirty Funk. E a partir daí o disco adquiriu uma aura mítica que só agora se pode comprovar com esta reedição. E, verdade seja dita, este álbum merece cada grama do seu estatuto de holy grail!


GALT McDERMOT - In Film (2xLP, Kilmarnock Records, 2004)
McDermot, talvez mais famoso por ter composto a música de Hair, é um dos autores clássicos que pode agradecer à comunidade internacional de diggers pelo constantemente renovado interesse devotado à sua carreira. Inteligentemente, Galt mcDermot sempre manteve em seu poder os direitos da sua obra e isso possibilita-lhe controlar ele mesmo as reedições de material da sua autoria. É o caso desta compilação que reúne temas criados para clássicos da Blaxploitation entre 1969 e 1973. Há aqui grande música para filmes como Woman is Sweeter, American Express, Cotton Comes to Harlem ou Moon Over The Alley. Alguns são filmes que o tempo esqueceu, mas a música sobrevive com total pertinência. Orquestrações plenas de Funk e inteligência extrema. Argumentos mais do que suficientes!


JOHNNY FRIGO - Collected Works (2XLP, Ubiquity, 2001)
A história destes trabalhos, gravados entre finais dos anos 60 e inícios dos anos 70, é fantástica. Frigo, à época, era já um baixista veterano que, no entanto, trabalhava apenas em gravações para publicidade desconhecendo as revoluções que o Funk e o espírito fusionista haviam arrastado para dentro dos territórios do jazz. Mas a mulher de Johnny Frigo frequentava as aulas de dança de Gus Giordano e soube que ele procurava um grupo que criasse música capaz de sustentar os passos arrojados que queria criar. Nasceu aí uma associação entre Giordano e Frigo. O coreógrafo deu a Frigo discos de gente como Galt McDermot ou Dennis Coffey e Frigo criou nessa época alguma música intensa, com particular atenção dada à percussão, uma vez que o objectivo era a dança. Esses trabalhos foram, há 4 anos, recuperados do esquecimento pela quase sempre atenta Ubiquity. E chegam agora, finalmente, às minhas mãos!


QUASIMOTO - Bus Ride (12", Stones Throw, 2005)
E, para acabar, o mais recente com assinatura de Madlib, Bus Ride, para o seu alter ego movido a hélio Quasimoto. Enquanto não me chega aqui a casa o álbum The Further Adventures of Lord Quas, cabe a este maxi cumprir com as expectativas, coisa que faz muito bem, obrigado! Hip Hop visionário, sempre toldado pelo fumo, de um dos mais excitantes produtores da actualidade. Será preciso dizer mais?