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HitdaBreakz

9/12/2004

5 SUGESTÕES




Editado na Prestige em 1974 e produzido pelo grande David Axelrod, "Northern Windows" apresenta-nos o pianista Hampton Hawes em formato "trio alargado" com a mítica Carol Kaye no baixo eléctrico e Spider Webb na bateria (o "alargamento" provém da participação pontual de uma secção de metais). Tratando-se de um disco em que Axelrod colocou a mão, é de esperar um som carregado de espaço, com a bateria a assumir um justo protagonismo, mesmo que não atropele tudo e todos. Hawes estava no auge da sua forma em 74, três anos antes de morrer, aos 50 anos. Alternando entre piano acústico e eléctrico, Hawes toca com alma e swing e é seguido com atenção por uma secção rítmica que parece comunicar telepaticamente. Northern Windows é um belíssimo disco de soul jazz feito numa época em que o jazz mostrava já outras preocupações. E é, sobretudo, um disco outunal, que começa a fazer sentido com os dias que se avizinham.
LP Northern Windows de Hampton Hawes [audio]



Editado em 1974 na mítica CTI de Creed Taylor este é, sem dúvida, um dos melhores álbuns do seu catálogo. Idris Muhhamad era nesta altura já um baterista veterano, tendo ajudado a definir o som da soul com a sua bateria, imersa na second line de New Orleans, mas plena de personalidade como já havia demonstrado em inúmeras sessões para gente tão distinta como Sam Cooke ou Stanley Turrentine. Na CTI predominava um som dominado pelo groove, sofisticado e moderno, com Rudy Van Gelder a comandar as sessões de gravação. Obviamente, Power of Soul não era diferente. Com pesos pesados como Bob James ou Grover Washington Jr a ajudar, Idris cozinhou um álbum carregado de soul que no fabuloso Loran's Dance (já samplado pelos Beastie Boys em "To All The Girls" ou na Legitimate Mix dos Zimbabwe Legit assinada por Dj Shadow), que podem ouvir mais abaixo, toca nas estrelas. Sofisticação jazz, intuição cósmica e balanço soul - perfeição absoluta!
LP Power of Soul de Idris Muhammad [audio]




Jukka Tolonen foi-me "apresentado" por Jimi Tenor... Passo a explicar: A Sahko Recordings reeditou alguns discos numa série a que deram o título Jazz Puu. Um desses discos levava o título de Silva The Cat e era uma compilação de alguns trabalhos do guitarrista Jukka Tolonen, que procurei com afinco e encontrei - com alguma facilidade, diga-se em abono da verdade - entre o Ebay e a Discolecção. Membro dos bastante interessantes Tasavallan Presidentti, Jukka Tolonen gravou igualmente a solo, ajudando a colocar a Finlândia no mapa internacional do Prog Rock. Guitarrista dotado e capaz de "complicar" bastante, Jukka possía no entanto uma costela assumidamente jazzy que se espraiava não só nos seus improvisos, mas nos arranjos carregados de groove que definia para as suas composições. Como este Silva the Cat que podem ouvir aqui em baixo. É um tema retirado do álbum Crossection editado pela Janus Records em 1975.
LP Crossection de Jukka Tolonen [audio]




Idolatrado por gente como Madlib ou Mos Def (com quem aliás trabalhou pouco tempo antes da sua morte), Weldon Irvine era um gigante que abandonou este planeta há apenas dois anos e meio. Compositor de excepção (escreveu, por exemplo, Young Gifted and Black para a grande Nina Simone), vocalista carregado de paixão, poeta com um sentido de transcendência bastante apurado, músico clarividente (o cristal do seu Fender Rhodes possuía qualquer coisa de mágico), Weldon não conhecia fronteiras e por isso gravou nos mais distintos ambientes, do gospel mais espiritual e solene ao funk mais secular e suado. Neste álbum, In Harmony, gravado para a mítica Strata East em 1974 (se começam a ver um padrão nas datas destes discos, não estranhem...), Weldon explora os recantos mais luminosos do espírito numa música simultaneamente terrena e estratosférica. E sempre poderosa!
LP IN Harmony de Weldon Irvine [audio]




O flautista Jeremy Steig ficou bastante conhecido depois dos Beastie Boys lhe terem samplado o clássico Howling for Judy no não menos clássico Sure Shot. Este álbum, gravado para a Groove Merchant em (adivinharam...) 1974, não inclui esse tema, mas oferece quatro lados de vinil carregados com grooves, beats e outras formas de combustível para qualquer sampler. A fusão a que Steig se refere no título é entre o pulsar mais físico do R&B e do rock e o maior pendor para a abstracção do jazz. O resultado, como poderão comprovar abaixo, é uma entusiasmante orgia funk, com Steig a provar que era um dos mais dotados flautistas da sua geração, capaz de incendiar qualquer tema com o seu colorido e a sua precisão rítmica.
LP Fusion de Jeremy Steig [audio]