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HitdaBreakz

5/15/2008

Rocky Marsiano Hoje no Lux 15/5


Esta noite (15 de Maio), ao vivo no Lux, Rocky Marsiano apresenta "Outside The Pyramid", o novo álbum na Loop:Recordings. Apareçam!


Hip Hop e Jazz são frutos da mesma árvore e por isso andam juntos praticamente desde que no Bronx se começaram a imaginar os enunciados originais da cultura que deu ao mundo Afrika Bambaataa, o dj de scratch, rimas inflamadas e ritmos traduzíveis em acrobáticos gestos físicos. O cruzamento dessas duas linguagens tem portanto uma história longa e episódios notáveis como “Rockit” (quando Herbie imaginou um futuro eléctrico com a ajuda de Grandmixer DST), “Jazzmatazz” (quando Guru percebeu que a cadência da palavra podia seguir os mesmos ritmos da imaginação de estetas como Donald Byrd) ou até “Drunk Trumpet” (quando Kid Koala afirmou que um velho pedaço de vinil chegava para erguer um discurso próprio).
Em 2005, quando a produção Hip Hop nacional ainda procurava uma identidade própria, D-Mars assinou um dos factos do ano com “The Pyramid Sessions”, um álbum que deixava de lado a armadilha narrativa em que se podia tornar o discurso rap para longe das palavras olhar para o jazz a partir de um sampler, de uma colecção de discos e do esboço de uma vontade de partilha de ideias que o levou a colaborar, entre outras pessoas, com o guitarrista T-One (líder dos funkers Mr. Lizard) e Rodrigo Amado (saxofonista com uma carreira notável no mundo do novo jazz). O resultado foi muito positivo: “The Pyramid Sessions” era puro Hip Hop, mas estendia o olhar para lá das margens que por cá já se começavam a desenhar nessa cultura.
Sem que existisse um plano prévio nesse sentido, as ideias expostas em “The Pyramid Sessions” acabaram por ser decisivas para a transformação de Rocky Marsiano num colectivo que percorreu palcos de todo o país e não só: concertos na Fundação Calouste Gulbenkian, Casa da Música, Lux, Music Box, Maus Hábitos e no festival Interparla em Madrid deixaram claro que o que tinha nascido de um processo solitário de orquestração de samples tinha pés para se afirmar em palco. E mais: o que no disco eram calculados gestos de corte e colagem, ao vivo transformavam-se em intensas sessões de improviso, com os ritmos fornecidos por D-Mars a afirmarem-se como a âncora que mantinha o colectivo seguro à terra.
Agora, D-Mars e o seu alter-ego Rocky Marsiano têm novo álbum: gravado entre Amesterdão, cidade para onde o produtor luso-croata se mudou nos últimos dois anos, e Lisboa, “Outside the Pyramid” posiciona-se a um tempo como a continuação lógica do registo de estreia e como algo de completamente diferente. O tema “The End of Something”, por exemplo, soa, paradoxalmente, ao início de algo completamente novo: toada jazzy, pontuação hip hop, pormenores de orquestração inteiramente cinemáticos e, de repente, o sinal de diferença – um rasgo de electrónica a projectar o conjunto para a estratosfera sem que nada o indicasse. Há igualmente piscadelas de olho ao Brasil (“Break ‘Em Off!” e “Zum Zum Zum”), excursões pelo domínio do funk (“Rocky’s Funk Anthem” com a certeira colaboração de D_Fine) e objectos não identificados que colocam esta música em território ainda não devidamente cartografado (“The Meeting” tema apropriadamente baptizado onde uma cadência house sustenta um encontro entre um pulsar jazzy e o que parecem ser salpicos de blaxpoitation e de abstracção pura; e ainda “Amstel Hustle” com mais electrónica a deslocar o centro de gravidade).
Fora da pirâmide, D-Mars volta a encontrar o saxofone de Rodrigo Amado, a guitarra de T-One e a voz de D_Fine. Novas adições resultantes da experiência de palco são os nomes de DJ Ride e do guitarrista André Fernandes, dois excelentes músicos que privilegiam igualmente a inventividade. O trompete de Joep van Rhijn é já o resultado da vivência holandesa, onde D-Mars se tem concentrado na produção e na sua actividade como DJ.
“Outside the Pyramid” é de facto um álbum onde se aperfeiçoam ideias e experiências enunciadas no álbum de estreia, mas é igualmente um disco que ousa olhar para lá do terreno aí definido. É igualmente um disco que reforça o lugar singular de D-Mars no panorama musical nacional – com um percurso iniciado nos Micro, este produtor soube encontrar para si um lugar muito próprio enquanto produtor no sentido clássico do termo. Já não apenas o produtor de beats que buscam um MC, mas o produtor de corpo inteiro que entende os segredos de estúdio e da arte de condução de músicos em estúdio.

www.myspace.com/looprecordings
www.myspace.com/rockymarsiano