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HitdaBreakz

4/13/2008

Tim Sweeney: o homem do Beats In Space


O Beats in Space, programa que Tim Sweeney mantém na WNYU (89.1FM, para os que se encontrarem na Grande Maçã) e que o planeta pode sintonizar em www.beatsinspace.net, é um marco incontornável da modernidade electrónica. Desde 1999 que Sweeney explora os territórios mais entusiasmantes da música pop contemporânea. O facto de no site já mencionado, Tim manter arquivados não apenas o áudio, mas igualmente as playlists de cada uma das emissões dá bem conta do messiânico trabalho de amor que suporta o Beats In Space.
Em Dezembro de 99, quem tivesse sintonizado a WNYU numa terça à noite teria descoberto um apresentador tímido e reservado, mas com uma paixão pela música suficientemente generosa para incluir Tom Zé, Dj Krush, Goldie, Steve Reich e as aventuras dos Global Communication de Mark Pritchard e Tom Middleton. Fast forward para finais de Fevereiro de 2008 e a sede de descoberta parece manter-se inalterada: Chaz Jankel, edits de Pilooski para Del Shannon e guest mixes de Mark Seven e Márcio Vermelho. A quantidade de informação incluída no site Beats in Space e o notório empenho em descobrir em cada momento os mais relevantes Djs para as suas guest mixes – de Trevor Jackson e Kieran “Four Tet” Hebden até Nitedog, Lovefingers, In Flagranti e Dj Kent (para manter a amostra limitada a 2008…) – não significam que a dedicação de Tim Sweeney a Beats In Space seja exclusiva. Além de aceitar convites como o do Lux para trazer a sua colecção de discos até algumas das melhores cabines de DJ do mundo, Tim tem igualmente uma intensa ligação à DFA de James Murphy e Tim Goldsworthy. E produz bandas sonoras para alguns jogos de computador, como o Grand Theft Auto: San Andreas. Tim mantem-se ocupado. Mas isso acontece porque procura constantemente desafios.
Quando chegou a Nova em 1999 para estudar Tecnologia Musical na famosa NYU, Tim não demorou muito a propor um programa de rádio, que arrancou primeiro no emissor de Onda Média da universidade e só dois anos depois foi “promovido” à frequência de FM onde ainda se encontra. Uma das primeiras pesoas que Tim Sweeney conheceu em Nova Iorque foi Steinski, verdadeira lenda da estética cut n’ paste e autor, com Double Dee das míticas “Lessons”. Naturalmente (em Nova Iorque estas coisas são naturais…), Tim conseguiu um estágio no estúdio de Steinski (onde se produz muita publicidade) e dedicou-se a fundo a analisar a sua monstruosa colecção de discos. Em 2002, Tim Sweeney era uma espécie de DJ oficial de Double Dee & Steinski e nessa qualidade conseguiu uma primeira parte de DJ Shadow no Roseland Ballroom (a mesma sala em que os Portishead gravaram o seu álbum ao vivo).
Passo seguinte: conseguir uma residência num bar. Isso aconteceu no The Plant, onde um dia Tim entregou uma das suas mixes. Do outro lado do balcão estava Luke Jenner (“everybody’s got to make a living…” como dizia Kool G Rap), dos The Rapture, que apresentaria Tim aos cabecilhas da DFA. Estágio seguinte: Plantain Studios, onde Tim Goldsworthy e James Murphy estavam a reinventar o futuro à imagem da DFA. Daí a colocar o saxofone na remistura DFA para “Dance to The Underground” dos Rádio 4 ou a misturar o catálogo da DFA a pedido da revista Muzik foi apenas um passo (talvez dois…).
Um sete polegadas auto-editado (assinado pelos Spaceman e com capas feitas à mão!), beats no álbum de regresso do mutante Rammellzee, “The Bi-Conicals…”, e um maxi com re-edits de Munich Machine e Boney M (assinado como The Flying Squad) são outras pistas para se entender um universo pontuado por diferentes referências – hip hop, punk-funk, disco – que, como aquele que o Hubble observa, se encontra ainda em expansão. O ano passado, em entrevista a Zé António Moura para a Blah Blah Blah, Tim Sweeney tinha revelado uma personalidade entusiasmada (e entusiasmante) pelas possibilidades permanentemente em aberto no mundo da música. Tim afirmava que os seus programas de rádio vivem muito do improviso e da música nova que vai comprando em cada dia. Os seus sets são pensados da mesma forma: ao sabor de cada momento, erguidos em torno daqueles discos que descobertos há 5 minutos parecem ter-nos feito falta toda a vida. Os Beats no Espaço de Tim são os que fazem a música ser ainda terreno priveligiado de ideias, de criação e de inconformismo. Sintonizem-se com ele em www.beatsinspace.net ou então na pista do Lux. E, naturalmente, perceberão que a paixão é uma coisa contagiante.

Texto escrito para a revista Blah Blah Blah do Lux a propósito da recente visita de Tim a Lisboa.