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HitdaBreakz

3/26/2008

DJ Shadow + Cut Chemist: Hard Sell em Madrid


Depois de uma tarde de diggin' com Mr. Cookie, Nery e X-Acto, uma longa caminhada deixou-nos à porta do La Riviera, um clube que já deve ter visto melhores dias (parece um sobrevivente da era das danceterias que não sofre obras desde a inauguração), mas que se encheu (estariam lá umas 2 mil pessoas...) para receber Kid Koala, DJ Shadow e Cut Chemist.
Tirando um anúncio numa das muitas revistas gratuitas que existem por toda a Madrid (talvez na Go) nada indicava que o espectáculo Hard Sell ia passar pela capital espanhola - não vi um único cartaz, nem sequer nas lojas de discos, a anunciar o evento. E no entanto, havia um guichet só para os compradores internacfionais de bilhetes (deviam ser bastantes). A palavra, obviamente, chegou a quem devia ter chegado.
As "operações" começaram às 20:45 (!!!), com a actuação de Kid Koala. E que actuação: em 3 giradiscos (no final usou ainda um quarto), e sem efeitos ou pedais, Koala deu uma lição na arte de manipulação sem rede, pleno de bom gosto, dispensando mesmo os beats numa tocante versão de "Moon River".
A noite, no entanto, era de Shadow e Chemist. Depois de um filme de introdução da autoria de Ben Stokes, a viagem começou: só com 45s, com 8 giradiscos, efeitos e pedais de loops, Shadow e Chemist desenharam um novo mapa para se guiarem. Esta dupla já tinha mostrado o que pode fazer com uma boa colecção de 45s e muita imaginação em "Brainfreeze" e "Product Placement", mas "Hard Sell" é farinha de outro saco. Já não importa o funk e a raridade dos artefactos, mas sim a imposição de novos desafios - há segmentos de "Hard Sell" em que se percebe a procura de novos caminhos, nomeadamente quando encenam o que soa a um estudo sobre a essência do ritmo. Logo depois é a homenagem a pérolas Hip Hop de Pharcyde, Wu-Tang, Digable Planets e De La Soul que importa: descobrem-se os sampels originais e reconstroem-se os beats numa sentida homenagem, como se dissessem que mesmo não sabendo para onde caminham, nem Shadow nem Chemist esquecem de onde vêm.
O concerto (é disso que se trata também, a aproximação à dinâmica de um show de rock é por demais evidente) é uma espécie de montanha russa de emoções, que nos carrega até ao alto e nos deixa cair, num constante movimento entre estímulos diferentes: electro, country, doo wop, rock, funk, disco, Queen, Doors. Foo Fighters, Blur e Metallica... As referências são mais do que muitas. E o resultado é assombroso.
Para referência futura saí de lá com o DVD de "Hard Sell at the Hollywood Bowl", que vem acompanhado de um livro com muitas imagens e um longo texto de Angus Batey. De Madrid trouxe ainda vários discos (incluindo um álbum do português Fausto que não parecia conseguir encontrar por cá...!!!) e uma tonelada de revistas, incluindo a versão espanhola da Esquire com Barack Obama na capa...