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HitdaBreakz

1/29/2008

A resistência do vinil


A semana passada Ekozh, um dos participantes mais activos no fórum Hit Da Breakz, chamou a atenção para este documentário que Eduardo de Castro assinou. Trata-se de um curioso olhar sobre o mundo dos coleccionadores de vinil no Brasil, país que, como se sabe, tem produzido música que diggers de todo o mundo apreciam (Cut Chemist e Madlib incluídos...). Depois de visionar as duas partes do documentário (links abaixo), decidi enviar um par de perguntas ao relaizador Eduardo de Castro que muito prontamente nos honrou com as suas respostas.

Qual a intenção por trás do seu documentário: mostrar uma cultura específica da cidade onde rodou o filme ou pensa que o culto do vinil é algo alargado a todo o Brasil?
Acredito que não só no Brasil, acho que o mundo, as pessoas tem ainda a necessidade de pegar a música, de ter o contato físico, os encartes, a arte final em um tamanho legal e principalmente o controle total da coisa, contato da agulha, escolha da faixa etc. Além da coleção do raro.
O que vem por trás na realidade é a discussão de algo mais profundo, tudo esta ficando virtual demais nos dias atuais estamos perdendo o contato com coisas que eram materiais, depois da música temos as fotos que ficam guardadas em código binários, dentro do computador ou outro suporte, não estão mais nos porta retratos a vida parece muito plástica, dai inconscientemente estamos travando uma guerra contra o subjetivo, contra a perca da vida material.
Você teve apoios do Estado para fazer esse filme ou rodou sozinho?
Na realidade foi um projeto acidental, começou com uma brincadeira, entrevistei um amigo meio doido, o personagem "Marcelino" sobre uma visão meio apocalíptica dele com a sobrevivência financeira dos vinis, era muito divertido, só depois notei que e era um bom tema para documentário, continuei sem apoio, pois não era conhecido no meio artístico, e se torna difícil a captação financeira, mais foi excelente como experiência, e mostra que podemos fazer bons filmes (video) com pouca ou nenhum grana, basta ter um bom tema e saber desenvolver com criatividade.
Quais as reacções no Brasil ao seu filme?
Eu não acreditei quando recebi a primeira premiação, pois fiz sem muito compromisso era mais uma diversão, sem grandes pretensões, só que ele ganhou 5 prêmios, e abriu as portas para outros projetos, além de me tornar conhecido.
Melhor Curta Goiano, na 5° Goiânia mostra curtas 2005
Melhor Direção de curta, 1° Festcine Goiânia 2005
Melhor Filme pelo Júri popular, 13° festival de cinema de Cuiabá
Menção Honrosa – 6° festival de cinema e vídeo CHICO , Palmas Tocantins
Melhor Documentário - 3º festival em ar - Porto Nacional – TO
Além de abrir a mostra sobre música na Cinemateca Brasileira em São Paulo ano 2007
Essa cultura do vinil é algo que lhe interessa pessoalmente ou seu interesse foi apenas como realizador?
Adoro vinil, tinha algumas coleções que acabei vendendo, quando andava meio duro (sem dinheiro), depois comprei em CD e descobri que não tinha o mesmo peso do som no vinil, aí comprei de volta alguns, ando com um MP3 no bolso, com várias musicas que transferi dos vinis mas com o chiados e barulhos da agulha só para manter minha nostalgia viva, puro fetichismo. rsrssrs
Que outros projectos você tem em mãos?
Acabei de realizar meu primeiro longa, é um filme político sobre um episódio do Regime Militar Brasileiro "Guerrilha do Araguaia-As Faces Ocultas da História" (tem um trailer no youtube), tenho até um convite em aberto para exibi-lo aí em Portugal, começo agora a escrever mais um trabalho sobre música que é meu tema predileto, que espero realizar até o próximo ano.