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HitdaBreakz

11/05/2007

HdBTV # 2: Entrevista a Armando Teixeira




O segundo "episódio" da HdBTV leva-nos até casa de um dos mais inteligentes e versáteis produtores portugueses - Armando Teixeira. Os discos - e o sampling - ocupam boa parte da entrevista que revela também algumas das principais ferramentas que o Armando gosta de utilizar nas músicas que cria. A propósito, fica aqui um texto que escrevi a pedido da editora dos Balla para ajudar na promoção de "A Grande Mentira", a mais recente obra assinada por Armando Teixeira.

Se há uma grande mentira no trabalho de Armando Teixeira é a aparente simplicidade das suas músicas. Na verdade, Armando Teixeira é um artesão cuidadoso que há muito transformou o seu estúdio num laboratório alquímico onde a música nasce fruto de experimentação, de desafios, de vontade de se ultrapassar. No momento em que “A Grande Mentira”, terceiro álbum do projecto Balla, é lançado pode afirmar-se que Armando Teixeira é um consumado artista na mais verdadeira acepção dessa palavra. Compõe, escreve, orquestra, dirige, grava, produz. Toca. Canta. Apaixona-se. E conquista. Não há nada de simples nisto porque criar não é um acto simples. Tem muito de inexplicável, claro, mas igualmente muito trabalho. E Armando Teixeira é – já há muitos anos – incansável. E uma certeza do panorama nacional de música pop. Sim, porque é de pop que devemos falar quando falamos de Balla.

Os inúmeros projectos por onde foi passando (dos já distantes Ik Mux aos mais próximos Bulllet) deram a Armando Teixeira válidos argumentos. Permitiram-lhe conhecer a música de diversos ângulos. Alguns deixou de os explorar, outros – como acontece com a identidade Bulllet – continuam em campo. De todos Armando Teixeira retirou experiência e uma ou outra nova forma de abordar a canção. O resultado de todo esse saber acumulado está bem explícito em “A Grande Mentira”. Canções com cabeça, tronco e membros, com melodia, refrão e sentido, com palavras certas, palavras erradas e silêncios, com guitarras, sintetizadores e baterias, com amor, desamor e cansaço, com promessas, entregas e paixão.

Armando tem uma enorme capacidade de usar a sua música como um filtro que retém partículas de um passado glorioso feito de orquestrações clássicas de gente como Paul Mauriat ou David Axelrod, de ecos de personalidades como Gainsbourg ou Barry White, de géneros como a Soul ou a Chanson, como a pop de todos os tempos e a arte de colagem de fim de século. Tudo é depois condensado, revisto, retocado, reequacionado com muito gosto, com o saber próprio de quem coloca a música acima de tudo o resto. E, felizmente para nós, “A Grande Mentira” é um reflexo disso tudo com canções que nos animam e nos magoam, que nunca nos deixam indiferentes, que nos transportam. A melhor música é assim: rouba-nos a nós mesmos. E Armando Teixeira só sabe fazer música dessa, da melhor que nós temos. E essa é uma grande verdade.