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HitdaBreakz

8/16/2007

Masta Ace: A Long Hot Summer


Não há nada de novo neste disco - a data é de 2004; os beats são clássicos e apoiados em loops a maior parte do tempo; e o MC é uma lenda que leva já duas décadas de uma gloriosa carreira que se estende até aos dias da Juice Crew na mítica Cold Chillin'. E no entanto... E no entanto é um daqueles discos mágicos que merecem tanta atenção hoje como no dia em que foram editados. Em 2004 amei este álbum, mas valores mais altos se levantaram e acabou por ser uma oferta minha para o maior fã de Masta Ace que eu conheço - D-Mars. Ontem, no entanto, uma passagem rápida na FNAC de Cascais levou-me até à secção de saldos onde uma série de bons discos se encontram e lá estava este A Long Hot Summer por apenas 2 euros e 99 cêntimos... E assim se repõe o equilíbrio das coisas e mais um clássico regressa ao lar.
"A Long Hot Summer" está neste momento a tocar e o efeito é o mesmo que em 2004. Talvez por causa da imagem de Ace na capa, sentado nas escadas de um qualquer Brownstone do Bronx, sinto-me transportado para aquela Nova Iorque em que no Verão há sempre uma boca de incêndio a largar água para as crianças brincarem, com os avós a olharem de perto sentados na esquina da rua, com os carros que andam em câmara lenta; aquela Nova Iorque onde tudo acontece devagar. É, claro, uma Nova Iorque mitificada, misto de capas de discos, fotos de revistas, frames de filmes, tudo misturado como apenas a imaginação permite. Mas não deixa por isso de ser menos real, sobretudo quando um álbum como este serve de banda sonora a esses devaneios.
Musicalmente, "A Long Hot Summer" é um clássico. Produções de 9th Wonder e Dj Spinna entre uma série de outros beats assinados por diferentes produtores (menos conhecidos), loops carregados de soul sobre breaks suficientemente mellow para deixarem o Verão entrar. Ao longo do álbum uma série de "skits" que contam uma história de sobrevivência do lado errado da lei. E por cima de tudo, a classe enorme de Ace, com um flow tão redondo que parece perfeito: número de sílabas certo a rodearem musicalmente as batidas, sem nunca as atrapalharem e sublinhando-lhe os melhores momentos. As rimas são igualmente classe pura: palavras inteligentes de um homem que viu o hip hop dar muitas voltas. "Brooklyn Masala", "Revelations", "The Ways", "Good Ol' Love", "Oh My God"... marcos numa viagem que não tem um único ponto desinteressante.
De que é que estão à espera? Ainda há cópias por lá à vossa espera.