<$BlogRSDUrl$>
.

HitdaBreakz

6/16/2007

Bjorn Torske: Feil Knapp


Torske é um veterano da cena norueguesa e as raízes do seu trabalho estendem-se até aos alvores dos anos 90, mas a pausa de cerca de 6 anos entre as suas edições na Tellé e o ressurgimento na Smalltown Supersound dá a “Feil Knapp” (expressão que aparentemente significa “botão errado”) o sabor de um recomeço, ainda por cima enquadrado pelas experiências de conterrâneos como Lindstrom ou Todd Terje. Um recomeço na hora e no local certos. Afinal de contas, nos territórios da música popular, contexto e timing são factores decisivos para a elevação das obras ao estatuto de clássicos. E o que é que eleva, afinal de contas, a música de Bjorn Torske? As pistas já haviam sido avançadas em maxis como “NY Lugg” e “As’bestos”: Torske possui uma tremenda capacidade de insuflar sofisticação na sua música e de a fazer passar pelas frestas das paredes que separam géneros uns dos outros. Dessa forma, e esse trabalho é particularmente notável em “Feil Knapp”, Torske parece recolher marcas no techno, no house, no disco e no dub, mas não se detém em demasia em nenhum desses territórios, preferindo antes construir os seus próprios mapas para um som novo. Esse carácter inclassificável não se aplica apenas em termos de géneros, mas ao próprio tempo da música: uma peça como “Moljekalas”, por exemplo, não só parece ter sido subtraída a qualquer tipologia específica, como ao próprio tempo – por soar simultaneamente a passado (das experiências quarto-mundistas de Jon Hassell, por exemplo) e a presente (de vocação baleárica), este tema só pode ser, na verdade, um rasgo de futuro. Essa mistura (palavra chave na compreensão de “Feil Knapp”…) entre escolas e entre tempos é igualmente óbvia em “Spelunker”, onde a memória dos jogos de arcada serve de motor de arranque para uma peça dub que no decurso do seu arranjo acaba por implodir esse pedaço de memória, confundindo quaisquer coordenadas.
“Feil Knapp” é um dos pontos mais altos da primeira metade de 2007 e tem fôlego suficiente para se transformar numa referência que ultrapasse sem esforço a marca divisória desta década.

BJORN TORSKE Feil Knapp Smalltown Supersound/Ananana 5/5

Crítica publicada originalmente na revista Blitz.