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HitdaBreakz

5/23/2007

Manuel Gottsching: 25 anos depois


Poucos discos poderão reclamar o facto de terem sido criados à frente do seu tempo. No caso do mítico “E2-E4” do guitarrista Manuel Göttsching, pode mesmo dizer-se que o tempo levou um quarto de século a alcançá-lo. E se é verdade que muitas destas reedições “comemorativas” de uma qualquer data mais redonda não passam de ângulos de marketing para forçar vendas, também não é menos verdade que no que a “E2-E4” diz respeito esta comemoração mais do que justa era necessária. Não há muito tempo, a pressão do presente motivou o aparecimento de edições “bootleg” em vinil, sinal claro de que a comunidade internacional de djs perseguia, uma vez mais, a música de Manuel Göttsching. Concebido em 1982 no seguimento de experiências a solo como “Inventions for Electric Guitar” (do período pós-Ashra Tempel e Cosmic Jokers, importantes formações Kraut mantidas com Klaus Schulze), “E2-E4” só foi editado em 1984. Nesta época, em Chicago, o House começava a dar os primeiros passos, mas “E2-E4” já revelava, nos seus 59 minutos, algumas das marcas que esse género só assumiria mais tarde, sobretudo ao nível hipnótico da estrutura. Em 1989, em plena revolução Acid, Ibiza descobria que a música não tinha que ter toda o mesmo passo e uma versão de “E2-E4” pelo projecto Sueño Latino traduzia na perfeição os fins de tarde em frente ao Café Del Mar. Dois anos depois, os pontos de contacto com Detroit eram igualmente estabelecidos, quando Derrick May reactualizou o tema de Sueño Latino. Nos últimos tempos, “E2-E4” voltou a adquirir o seu estatuto mítico: supostamente DJ Harvey terá mostrado todo o seu respeito pelo tema ao incluí-lo nos seus sets… na íntegra! Prins Thomas, companheiro de Lindstrom na construção de um novo som disco, deu o título “Göttsching” a uma das suas criações e James Murphy dos LCD Soundsystem inspirou-se na capa original de “E2-E4” e na sua estrutura para criar a pedido da Nike a peça “45:33”. Os sinais são demasiado claros: o presente é mesmo o melhor tempo para esta obra criada há 25 anos. Guitarra planante sobre electrónica circular: dito assim até parece simples! RMA

Texto publicado no número 11 da revista Blitz!