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HitdaBreakz

3/01/2007

Discaria sortida


Zwicker – I get my kicks at nightime (Compost Black)
A Compost Black continua a ser capaz de movimentar e de congregar em si artistas de uma linha sonora consistente e personalizada. Como Zwicker, que cria aqui o hino para os insomníacos anónimos, algures entre o boogie dos anos 80 e o "Come into my kitchen" de Joakim. Mas é em "Individualizer" que o crivo disco de Zwicker se manifesta com maior esplendor, num tema a que os Metro Area dificilmente renegariam a paternidade. Lexx, que ainda está a receber palmadinhas nas costas por causa do EP para a Bear Funk, torna o original de "I get my kicks" num dub onde a perda da voz retira algum do seu humor mais imediato. Mas, verdade seja dita, esse facto e a própria mistura de Lexx, com uso apurado de efeitos e um maior espaço do baixo, torna o tema bem mais interessante.

Morpheus + Joakim – Give us something!!! (Tigersushi)
Photobucket - Video and Image HostingReunião mais do que saudada de Joakim com DJ Morpheus, mais reconhecido pelos nascidos em 70 por ser parte dos Minimal Compact e pelos nascidos em 80 por ser responsável pelas míticas Freezone. "Give us something" é uma canção com nítidas influências punkfunk, electrizante e electrizada na guitarra de Memo Dumay, o guitarrista dos Panico e na linha de baixo analógica. E mais um tributo de Joakim e de Samy Birnbach aos anos 80 de que são ambos devotos. Aproveitando mais esta estadia de Birnbach na Tigersushi, Joakim pede a Morpheus para deixar os nova-iorquinos Rub'n'tug fazerem o seu voodoo disco em "Nil Nil" dos Minimal Compact. O resultado, que só podia ser algo entre o muito bom e o espantoso, ficou o último.

Michoacan – She's sent (heaven) (Tiny Sticks)
Photobucket - Video and Image HostingNovo EP para um dos novos meninos bonitos da cena nudisco, Michoacan, que só pode ser da região mexicana com o mesmo nome. E este EP prova, mais uma vez, o enorme poço de surpresas que é a Tiny Sticks, capaz de, de disco para disco, aproveitar o melhor que se anda a fazer nos mais variados géneros. No entanto, é na cena nudisco, e entenda-se nudisco de forma larga para abranger também o lado mais roqueiro da coisa, que a Tiny Sticks tem sido excelente. Só a sua visão alternativa do fenómeno permite reunir neste EP três nomes tão diferentes como o são os de Michoacan, Fabrizio Mamarella ou Emperor Machine, quando qualquer um deles não se insere propriamente nos cânones habituais da cena (e ainda bem que anda-se a precisar de respirar ares diferentes). Apostando todos eles no formato canção que o vocal permite, as suas alterações ao instrumental são, cada uma delas, pequenas obras-primas que o género ainda permite e que, infelizmente, a visão formulaica de alguns parece não deixa transparecer.

Herman Schwartz - Just Like Another Bad Film (International Deejay Gigolos)
"Just like another bad film" é EP de estreia de Herman Schwartz para a International Deejay Gigolos. E que estreia para Schwartz, ele que tinha tido a honra de fechar o nono mixcd promocional da editora de DJ Hell. É exactamente com esse tema que o EP abre e onde é notória a influência de Moroder e onde todo o apreço de Schwartz – e de Hell, por tabela – não só pelos sons retro dos sintetizadores analógicos clássicos mas também por toda a maneira de fazer música de Moroder e acólitos. Influência que se estende ao lado B, onde um "Replicant's Suffering" é o nome que esconde um passado próximo do mestre italiano.

Skwerl – The Flying Squirrel (Sonar Kollektiv)
Photobucket - Video and Image HostingDepois da separação da Innervisions da Sonar Kollektiv, a grande editora alemã parece que aproveitou a (boa) ideia de Dixon e caminhou, ela própria, por caminhos semelhantes. No fundo, têm razão - as boas ideias devem ser sempre aproveitadas. E a Members of the Trick tem provado ser um fundo interessante e diversificado, com as edições recentes de Movementz e Trickski à cabeça, ambas fundamentais. Skwerl começa o EP com um sexy "All woman" na voz de Hubert Tubbs, ele que foi a voz durante bastante tempo da banda funk dos anos 70, os Tower of Power. Por cima de um beat simples, a lembrar produções de Martin Landsky, Tubbs grita sexo sensual por todos os lados. E grita-o bem. "Betaserc", o outro lado, muda o azimute por completo para tornar o arpeggio e a pista a estrela principal.

Ricardo Villalobos – What you say is more than I can say (Isolée remixes) (Sisterphunk)
Photobucket - Video and Image HostingQuando se anuncia o encontro em disco de dois dos nomes mais importantes da causa da música de dança, é óbvia a expectativa de quem os tem em tão elevada estima. No entanto, a expectativa poderia, neste caso, ser mitigada. É que quer o original quer o sucedâneo já são conhecidos em edições anteriores da Playhouse, com "What you say is more than I can say" por Ricardo Villalobos a ver a luz do dia em 2002 e uma revisão de Isolée a aparecer na edição em vinil do terceiro capítulo dos habituais best ofs da editora, "Famous when dead". A verdade é que estas novas remisturas de Isolée, a que chamou "Speak and Spell remixes", pouco têm a ver com a remistura de 2004 – é um disco novo. É notório, no novo disco, uma aproximação ainda maior de Isolée à electrónica mas, e é essa a evidência mais importante, a sua preocupação evidente em tornar o disco funcional. À sua maneira genial, claro, mas funcional.

Cosmic Sandwich – Battle Twig (My Best Friend)
Photobucket - Video and Image HostingNova sandes cósmica do mais recente menu de Steve Barnes para os clubes. Transvestido de Cosmic Sandwich, Barnes edita aquele que deverá ser um dos trabalhos mais próximos da data de lançamento do seu álbum. E se "Battle Twig" for algum prenúncio do que aí vem, então as expectativas são ainda mais altas. É que "Battle Twig" é um groover hipnótico techno de primeira água e, muito provavelmente, o momento do alter ego de Steve Barnes que segue de forma mais pura a linhagem do épico "Cosmic Sandwich", de 2004, tema que foi, nesse ano, dos mais tocados. Do outro lado, "Scatter Realm" é house funcional, alegre, despreocupado e tremendamente eficaz em qualquer pista. Só a excelência de Steve Barnes consegue, no meio de dois mundos à primeira vista inconciliáveis, fazer pontes que aparentam lá não estar mas que se tornam mais ligeiramente mais claras com esta edição. E isso não está ao alcance de todos.

Radio Slave – No Sleep (pt. 1) (Rekids)
Photobucket - Video and Image HostingTodo o EP em si é um objecto curioso e de colecção. A capa, uma fotografia de um pé com bolhas rebentadas e por rebentar e, no meio daquele aparentemente miserável extremo, até se estranha as unhas estarem relativamente bem cortadas. O nome, nada tem a ver com a capa, o que até lhe auemnta o interesse. E a música é, apenas e só, dois dos momentos mais importantes na discografia de Matt Edwards, cada vez em maior comunhão com o seu lado electrónico dançante. "Wheeze" parece surgir do nada, com um beat simples e um baixo de três notas que começa abafadíssimo e que vai abrindo à medida que o tema vai-se desenvolvendo. Tão simples que até parece mentira a sua capacidade para, do fundo dos graves, mover toda uma pista. E move, pois move. Já "Modena" passa o enfoque para os sons médios e, na sua pura hipnose, cria algo que deveria ser digno do sucesso que "Rej" teve. Só de pensar que a pessoa por detrás dos Rádio Slave é também Quiet Village e é Rekid faz-nos ter a certeza que Matt Edwards será, sem dúvida nenhuma, um dos nomes maiores de 2007 para tantas pessoas em géneros tão diferentes, como já o tinha sido, aliás, em 2006. Merecidamente – o talento do homem não tem fim.

Todos os textos, da autoria de José Belo, foram publicados em edições recentes da revista Dance Club.