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HitdaBreakz

10/25/2006

Discaria sortida #2


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Swag vs Bakazou - Hot Gloves (Art Brut)

As batalhas continuam pela editora francesa Art Brut e desta vez a fava calha aos Swag e a Pete Herbert, dois expoentes da música de dança inglesa. Os Swag assumem o lado festivo e especial da ocasião para fazerem a música feelgood que lhes é reconhecida mas que, desta vez, incorpora elementos orgânicos que não lhes são tão habituais quanto isso, como a linha de baixo nitidamente inspirada no punkfunk. Já Pete Herbert, aqui vestido de Bakazou, baixa as rotações e coloca-as mais próximas dos Reverso 68, que divide com Phil Mison, e que acabaram recentemente de editar um maxi para a belga Eskimo. A síntese passado-presente que fez a fama dos Reverso 68 é aqui novamente aplicada e o resultado é discohouse moderno onde o funk, o boogie mas também a house e o espírito baleárico disseram sim ao convite.

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Morgan Geist feat. Jeremy Greenspan - Most of all (Environ)

No seu novo EP, Morgan Geist continua o seu namoro com a canção pop e pede ajuda a Jeremy Greenspan para o conseguir, ele que, como vocalista dos Junior Boys também persegue o mesmo objectivo. Concedemos que não é muito diferente daquilo que Morgan tem vindo a fazer desde que deixou de lado o seu lado mais puramente techno, explorado na Metamorphose de Dan Curtin. Mas não deixa de ser verdade que a pop regada a tech a apelar a estes ambientes tem ainda muito para explorar, deixadas que estão as sementes por Geist, por Justus Kohncke, por Schaben & Voss e tantos outros. E fica até uma leve sensação de que era um tema destes que Tiga quis fazer quando escreveu "Far from home". Mas não conseguiu – o segredo continua com Geist.

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Dennis Ferrer feat. Tyrone Ellis - Underground is my home (King Street)
Volta e meia aparece um disco como este, capaz de nos fazer acreditar que a house está tudo menos sem ideias e que, não tarda nada, voltará a assumir o papel principal nas pistas de dança do mundo inteiro. Mas a verdade é que a house está, neste momento, não diria moribunda, mas antes num processo lento de cura, de regresso ao underground, como diz Tyrone Ellis na letra deste EP. Para aí, longe dos holofotes, gente como Kerri Chandler ou Dennis Ferrer poderem, sem pressões, fazerem a house regressar ao lugar que merece. E se "Underground is my home" é amostra daquilo que é prometido, a house pode estar descansada que o underground está muito bem e recomenda-se.

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Nick Chacona - Band practice! (Hector Works)

Nick Chacona tem tido uma das mais curiosas discografias que se conhecem. O seu estilo muito definido de produção, onde o disco, a típica guitarra punkfunk e o italodisco assumem papéis principais, tem conseguido interessar editoras tão diferentes como a 20:20 Vision, a Moodmusic, a Compost ou a Bearfunk. E com todo o interesse à sua volta, faz todo o sentido que Chacona relance um dos temas que o colocaram no mapa, em 2003. E apesar do original ainda fazer sentido – é normal ser ouvido em sets dos Idjut Boys ou de Harvey ainda hoje – o bónus da revisão para 2006 torna este EP um clássico instantâneo. Os Idjut Boys agradecem a Chacona pelo original, remisturando-o.

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Jimpster - Amour (Remixes) (Freerange)

Num género como a música de dança que favorece, sem dúvida nenhuma, o 12 polegadas de consumo rápido, não deixa de ser curioso ser, muitas vezes, nos álbuns que os artistas mais brilhem. Foi o caso de Jimpster que apesar de ter já currículo mais que largo, nos deu, no princípio deste Verão, a sua obra-prima, o seu álbum "Amour". Ciente desse facto, a Freerange deu dois dos temas maiores do álbum a revisão a três artistas. Jesse Rose aplica o seu registo freaky house ao original, aproveitando da melhor maneira o vocal para dar continuidade às suas experiências sonoras. O australiano Deepchild remistura o mesmo tema, numa interessantíssima mistura entre as coordenadas da deephouse vocal e dos clicks habituais no minimal. Sem dúvida, um dos pontos altos do EP. Os Swag retocam "Don't Push It", levando-o para a pista, num deep electrohouse que irá agradar aos amantes da Naked.

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Style of Eye - Hydroponic remixes (Tiny Sticks)

A cada novo passo, a Tiny Sticks reafirma a sua posição como editora a manter debaixo de olho. Com uma abertura musical invulgar, a Tiny Sticks tem conseguido o equilíbrio difícil entre a disco e o techno, com remisturas de nomes como Brennan Green, Shit Robot (da DFA) ou os Kango's Stein Massiv de um lado da barricada e Martinez, Lawrence ou Baby Ford do outro lado, com todos a remarem para o mesmo lado. Este EP mais recente continua nessas coordenadas, entregando a remistura um tema de Style of Eye, ele que está conotado fortemente com o house inglês da Classic, a artistas tão distantes musicalmente deste, como Tigerskin ou Luci. O resultado é, à partida, inesperado, mas ambas as visões do original sabem aproveitar as características que mais lhes interessam na construção dessa mesma visão. Se Tigerskin coloca o tema pronto para poder pertencer à discografia da Poker Flat, já Luci dá-lhe um sopro de Verão num deephouse bem musical, cheio de acordes e suficientemente acelerado para ser tocado em pista.

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Chloe - Look Around (Kill the dj)

Neste seu mais recente EP, a dj francesa Chloe permanece fiel às origens escuras do seu som, que se manifestam desde o agora clássico Sometimes, na Karat. Mas se o ambiente a que Chloe nos remete permanece inalterado, o nível de produção é manifestamente diferente desse EP - Look Around está a anos-luz da simplicidade desarmante de Sometimes. Tudo junto, se há editora no mundo onde esta sonoridade de Chloe faz sentido é na Kill the DJ, irmã mais clubby da Tigersushi. O EP abre com Overhead, uma viagem escura por dentro do techno de sons cheios e com uma quebra cheia de tensão (que é eficazmente libertada no final), como se fosse uns Black Strobe femininos, com tudo o que implica de maior leveza o toque feminino, na sua capacidade em tornar um som tão agressivo como o da dupla francesa em algo bem mais sexy. Virado o disco, Chloe aligeira um pouco as coisas mas mantém a seriedade, num Around a brincar com o It's a dawgs life dos 2 Dawgs.

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Pikaya / Andomat 3000 & Jan - Grune Raufaser / Entracte Music (Cadenza)

A Cadenza anda a saber explorar, melhor que ninguém, todos os cruzamentos possíveis que o peso rítmico do minimal permite. E basta ouvir, neste novo EP, como é possível fazer coisas tão diferentes partindo da mesma base, já que, nele, a Cadenza apresenta dois temas tão diferentes um do outro que até parece que o campo comum não é o minimal quando o é, de facto. No primeiro tema, Pikaya vai brincando, ao longo do tema, com várias possibilidades melódicas mas sem nunca esquecer a pista, ao jeito de um Lawrence em speed. Já Andomat 3000 e Jan mostram como é possível juntar o som cheio e sujo da clássica Warehouse, em Chicago, onde não falta o loop repetido à exaustão, hipnótico e pequenos samples vocais, com a higiene habitual dos sons do minimal. Luciano, um dos patrões da editora, tem seguido, aliás, este caminho nos seus sets enquanto dj pelo que se aguardam, de certeza, novos desenvolvimentos na Cadenza deste cruzamento de Chicago com Berlim.

Críticas elaboradas por José Belo para as edições de Setembro e Outubro da revista Dance Club.