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HitdaBreakz

8/23/2006

Manuel Göttsching e a estreia ao vivo de E2-E4


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Manuel Göttsching, autor do mítico E2-E4, uma peça criada em 1981 mas só editada em 1984, deverá recriar a sua mais emblemática obra (pelo menos de um ponto de vista da cultura de clubes e da música de dança) ao vivo pela primeira vez no Japão - não apenas o país do sol nascente, mas igualmente o local onde tudo parece acontecer - no âmbito do festival Metamorphose, já no próximo domingo. O concerto terá lugar num evento onde estarão igualmente presentes os Blackstrobe, os The Bays, Pharoah Sanders, Parliament e ainda os the Idjut Boys...
Göttsching criou os Ash Ra Tempel em 1970 com Klaus Schulze e teve um percurso brilhante, editando diversos trabalhos e colaborando com outros músicos da geração kraut. Aqui encontrarão informação detalhada sobre a sua carreira. Mas foi em 1984 que Manuel Göttsching consegui finalmente editar E2-E4, depois de 3 anos a lidar com o que hoje se sabe tratar-se de profunda incompreensão face a uma obra visionária. Larry Levan foi um dos primeiros a perceber o alcance da obra e desde aí a comunidade internacional reunida em torno das pistas de dança mais abertas nunca deixou de lhe prestar vassalagem. E2-E4 foi, por exemplo, a base do clássico baleárico "Sueño Latino" do projecto com o mesmo nome. Mais recentemente, gente como Todd Terje não tem poupado elogios à obra e rezam crónicas recentes que DJ Harvey gravou um CD com as duas partes da obra, que totalizam mais de 50 minutos, e a tocou na íntegra num set enquanto ele próprio dançava no meio da pista.

A propósito desta ida ao Japão, Manuel Göttsching deu uma curta entrevista ao site Higher Frequency que felizmente alguém traduziu para inglês e colocou no DJ History. Passamos a transcrever:

O que é que o levou a interpretar ao vivo a sua obra prima a solo E2-E4 pela primeira vez no festival Metamorphose?
O Metamorphose já me tinha convidado há alguns anos, mas não sabia muito bem o que apresentar. Uma vez que este ano é o 25º aniversário de E2-E4 (gravei-o em Dezembro de 1981, mas só o editei em 1984) eu quis agradecer ao Metamorphose o seu interesse pela minha música e decidi dar um presente especial aos meus fãs japoneses pela sua fé. Por isso vou interpretar pela primeira vez E2-E4 ao vivo e sózinho em palco, exactamente como eu a produzi e gravei há 25 anos, mas claro com a ajuda das novas possibilidades electrónicas.
E2-E4 foi gravado em 1981 mas só editado em 1984. Que razões levaram ao atraso na edição?
Simplesmente porque não havia nenhum interesse naquela peça nessa altura. O tema surgiu muito antes do tempo. Alguns dos jornais alemães (como por exemplo a revista de Berlim ZITTY) escreveu mesmo que não havia desculpa para esta composição que não devia ser encarada como música, mas como um pecado. Foi o americano Larry Levan (que dirigia o Paradise Garage em Nova Iorque) que descobriu o disco e o tornou famoso em todo o mundo. E depois a Zitty escreveu outro artigo a pedir desculpas.
Este ano um grupo de DJs de vários pontos do mundo, incluindo Prins Thomas, vai editar um álbum de tributo em sua honra. Como é que sente sabendo que influenciou tantos novos artistas?
Sinto-me muito honrado por haver uma jovem geração de músicos e produtores que gostam do meu trabalho. Prins Thomas editou mesmo um maxi com o título Göttsching para me homenagear. Obrigado Thomas! Mas não foi apenas E2-E4 que influenciou uma nova geração. Há outras peças minhas dos anos 70, como Deep Distance, Ain’t no time for tears ou Shuttlecock que também são populares. Esses três títulos estão no CD Joe Clausell meets Manuel Göttsching (DiskUnion) e têm vendido muito bem! E há claro os clássicos Sunrain ou Echo Waves.

E2-E4 (excerto áudio da peça)