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HitdaBreakz

8/19/2006

DJ Slyde - disco slasher


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Recentemente, depois de uma dica no site DJ History, descobri o site Disco Break de DJ Slyde onde se disponibilizam uma série de edits pensados para a pista de dança. A abordagem de DJ Slyde, canadiano, é invulgar e bem diferente da dos "disco editors" europeus: o seu som é mais musculado e pelo seu reel to reel passam não só clássicos de disco, mas igualmente coisas de rock (ZZ Top, Yes) que não seriam de esperar num contexto destes. DJ Slyde é responsável pelo programa de rádio Heavy Rotation que podem sintonizar na CKUT 90.3 FM Montreal, Canada (Fridays 4AM-7AM EST). Mais info aqui. Slyde também tem o seu próprio podcast que se pode sintonizar com o itunes. O interessante é que a maior parte dos edits que faz são apenas para uso no seu próprio programa de rádio e, como ele diz, para amigos. E, sinal óbvio de uma alma generosa, ele disponibiliza-os a 320kbps!!! Os links estão mais abaixo. Para já, podem ficar com a entrevista que o Hit da Breakz fez com DJ Slyde, um verdadeiro "slasher" de disco!

Podes falar-nos um pouco do teu background? Quando é que o bichinho da música te mordeu, quando descobriste o Disco, etc...?
O primeiro disco que comprei chamava-se “Breakdance”, em 1983. Tinha canções como “Rockit” e “Wheels of Steel” de Grandmaster Flash. Gostava muito de ouvir rádio nessa época e de fazer mixtapes com os meus temas favoritos como “Pump Up The Volume” e outros êxitos da época. Depois tive a minha fase classic rock e toquei guitarra e cantei nalgumas bandas, mas tudo começou a encaixar-se quando descobri a música electrónica no início dos anos 90 em clubes e em raves através de DJs como Onionz, Joeski, Mark Farina, Derrick Carter e Dubtribe... E pronto! Depois comecei a encontrar discos de Disco Sound em ferias de segunda mão e vendas de garagem e comecei a perceber as semelhanças que existiam entre cenas dos anos 70 e as coisas que andava a ouvir nas raves. Também comecei a gostar muito daquelas megamixes piratas com medleys e pedaços de temas Disco cortados e colados em cima de outras cenas. Aprendi muito acerca de coisas Disco Underground dessa maneira e desde então consegui descobrir muitos dos originais usados nessas megamixes.
O Disco como cultura parece ter desaparecido em chamas no início dos anos 80, mas a verdade é que nunca chegou mesmo a desaparecer. Porque é que achas que isso aconteceu?
Há sons que entram e saem de moda e com o Disco algo de muito forte tinha que acontecer, porque esse som tomou completamente conta da indústria e isso deve ter assustado muita gente ou simplesmente ter deixado muita gente farta. Mas a maior parte das pessoas só tinha sido exposta aos grandes êxitos e nunca chegou a escutar a música que realmente foi fazendo o Disco evoluir. O Disco revolucionou a indústria musical de várias maneiras e uma delas foi dar a editoras pequenas e independentes e artistas praticamente desconhecidos uma hipótese de competir com nomes mais estabelecidos. Penso que a indústria, que sempre tinha sido mais voltada para o rock, se sentiu ameaçada e confusa porque não podia continuar a vender esta música da mesma maneira que sempre tinha vendido os seus êxitos. E foi esse medo que criou toda a reacção contra o Disco. Mas o verdadeiro Disco foi sempre um fenómeno undergroundn e essas pessoas não se importavam com o que a indústria fazia. A música continuou por isso a evoluir e as pessoas continuaram a dançar.
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Tu vives no Canadá, certo? Exactamente onde e quão Disco é o sítio onde vives?
Cresci aqui em Montreal, Canadá. Está a cerca de 5 horas de carro de Nova Iorque. Nos anos 70, Montreal só perdia mesmo para Nova Iorque enquanto lugar para se sair à noite. A cena de clubes era – e continua a ser – uma das mais hardcore do planeta e muitos dos melhores temas de Disco foram produzidos aqui. Os produtores de Montreal foram dos primeiros a experimentar com sintetizadores e caixas de ritmos. A indústria Disco entrou em colapso precisamente quando a cena de Montreal começava a obter reconhecimento. O som de Montreal apresentava a combinação perfeita de cordas de Filadélfia, percussão de Nova Iorque e electrónicas vindas da Europa. Investiguem discos como “war dance” dos Kebekelektrik, “Dancer” de Gino Soccio ou cenas da Erotic drum Band ou Backlight Orchestra e editoras como a Unidisc, Matra ou DBA. Por tudo isso eu diria que Montreal é um dos locais mais Disco de todo o planeta e é uma espécie de capítulo perdido na história da música de dança.
Coleccionas discos, claro. Quantos tens na tua colecção?
Não consigo passar uma semana sem comprar discos. Eles acordam-me a meio da noite. Há 14 anos que compro discos de forma séria e tenho cerca de 3000 discos na minha colecção. Além de ter que recuperar terreno perdido no que aos clássicos de Disco diz respeito ainda há todas as coisas novas que vão saindo, por isso falta de discos para comprar não há.
Os maxis de Disco podem ser vendidos por dinheiro a sério nos tempos que correm: tens peças caras na tua colecção?
Nunca seria capaz de vender nenhum deles, por isso nunca me preocupei em descobrir o que valem. Tenho a certeza que alguns deles hão-de valer bom dinheiro para os coleccionadores, mas a maior parte deles custou-me apenas 1 dólar depois de ter andado a gatinhar na cave de alguém.
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A julgar pelos teus edits o teu entendimento do Disco é muito generoso – dos Yes e das Heart até aos ZZ Top e Nazareth, além de clássicos do Disco, tu cobres muito terreno...
Isso é Disco! As pessoas parecem ter um entendimento muito limitado daquilo que é suposto ser o som Disco por causa de todas as coisas muito básicas que foram editadas, mas na verdade, para mim, Disco é tudo o que funciona numa pista de dança. Tive o prazer de ouvir David Mancuso e Nicky Siano a tocarem nos últimos meses e eles puseram discos de todos os géneros – House, Disco e Funk, coisas da Salsoul, MFSB, James Brown, Led Zeppelin e os Doors. Um dos melhores temas alguma vez gravados tem que ser “The Mexican” dos Babe Ruth que, basicamente, é um tema rock, mas que se tornou num clássico do Disco, do Hip Hop e do Rock também. È apenas grande música que diz algo a toda a gente e isso é o que importa no que diz respeito à música de dança. Seja como for, com os reedits e a reconstrução das canções é possível sublinhar as partes mais funky, retirar os solos de guitarra excessivos ou as vozes que datam os temas e torná-los mais aptos para as pistas de dança.
Que ferramentas usas para os teus edits?
A maior parte do tempo limito-me a cortar as cenas no Soundforge e também uso o Acid para fazer multipistas dos edits mais complexos.
Que pensas de gente como Tom Moulton, Walter Gibbons e danny Krivit? Foste influenciado pelo trabalho deles?
Toda a gente que gosta de Disco e House foi influenciada por essas pessoas quer o admitam quer não. Para mim, Tom Moulton e Walter Gibbons inventaram o House quando começaram a reconstruir temas Disco com lâmina e fita autocolante. E eles revolucionaram tanto a indústria musical como os músicos que estavam a remisturar. Ainda andamos a aprender com o que esses tipos faziam no estúdio, mas independentemente do carácter revolucionário daquilo que faziam, o resultado era sempre grande música de pista. Mr. K fez alguns edits realmente espantosos e continua a ser um dos meus DJs favoritos.
Há planos para editar o material em que tens estado a trabalhar?
Todos os meus edits foram feitos especificamente para o meu programa de radio e eu não sei o que pensaria a maior parte daqueles artistas acerca do meu trabalho de talhante em cima daquilo que foi fruto do seu suor. Mas talvez alguém goste o suficiente do meu trabalho para me confiar umas multipistas e esperar para ver o que eu seria capaz de fazer. Por enquanto, os meus edits são apenas para o meu programa de rádio e para amigos. Mas lentamente estou a juntar equipamento suficiente para produzir alguns originais.
Finalmente, que pensas da loucura dos reedits que está actualmente instalada?
Há uma loucura instalada em volta dos reedits? Oh oh…! Penso que terá coisas boas e más…! Penso que é bom poder regressar no tempo e “afinar” temas de forma a que possam funcionar nas pistas de dança actuais. Se isso significa voltar a lançar luz sobre muita música esquecida no tempo então é algo que tem todo o meu apoio. Mas alguns temas são perfeitos exactamente como foram originalmente apresentados e eu posso ver edits que soem demasiado a edits a envelhecer muito mais rapidamente do que os originais. Sobretudo, eu penso que os edits são mais um recurso de um bom DJ que quer dar ao seu público algo de único e feito à medida daquele lugar e daquele momento específico. Especialmente num momento em que toda a gente parece tocar os mesmos discos, isso é uma óptima maneira de dar às pessoas o que elas querem ouvir, mas ao mesmo tempo de elevar as coisas a outro nível e acrescentar-lhes um toque pessoal.

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Links para os edits:


Boogie Fire
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