<$BlogRSDUrl$>
.

HitdaBreakz

7/11/2006

Os re-edits da Slang


Image hosted by Photobucket.com
Há um número novo da revista Slang nas ruas com uma belíssima entrevista de Zé Moura da Flur a Pedro Tenreiro, A&R da Nortesul e histórico DJ, a propósito da sua ligação ao mundo dos Re-edits. A entrevista é reveladora e profusamente ilustrada com aquela categoria de imagens a que gostamos de chamar "record porn". Quando virem vão certamente perceber. A propósito da entrevista fica aqui um texto sobre o projecto Dancin' Days de Pedro Tenreiro que há um par de anos teve com "The First Re-edit Collection" a sua discreta estreia em formato longo (já havia maxis para algumas conceituadas editoras do género, como se explica na entrevista da Slang). Essa colecção de re-edits continua disponível na Flur, se a minha memória visual não me engana (acho que o vi lá um destes dias...).

E pronto, é praticamente tudo. É Verão, o HdB está prestes a cumprir dois anos de existência e vêm aí umas novidades a serem anunciadas muito em breve. O regresso à normalidade (em termos de regularidade de posts) já não demora. Entretanto, boa leitura.

DANCIN’ DAYS
“First Re-Edit Collection”


Na época em que as histórias do Disco Sound e do nascente Hip Hop se começavam a confundir, algo unia esses dois mundos de forma inequívoca: a busca do beat perfeito. No Hip Hop, essa busca efectuava-se em cada nova festa, com o DJ em profunda concentração sobre dois gira-discos, procurando na repetição de um par de compassos de bateria a libertação quase orgiástica da pista de dança. No fundo, o DJ de Hip Hop era forçado a inventar técnicas de expansão dos beats porque não havia ainda discos que lhe permitissem concentrar-se noutras técnicas. O mesmo se passava com os DJ’s de Disco que em meados dos anos 70 eram forçados a contornar a inexistência do 12 polegadas com um conjunto de técnicas de que se destacou o Re-Edit. Walter Gibbons, DJ do Galaxy 21, foi um dos primeiros a usar essa técnica. Basicamente, com um gravador de bobines e uma lâmina bem afiada, Gibbons cortava as partes mais interessantes de uma música e colava-as fisicamente até transformar um tema de 4 minutos numa longa viagem de 9 ou 10 minutos, ainda por cima com as partes menos interessantes (geralmente as vozes) eliminadas. Bem distinta da técnica de remistura, que se socorre das pistas individuais de uma canção (a voz, o piano, a bateria...) para a reconstruir, a técnica de re-edit toma o tema como um todo e repete secções inteiras, tal como foram gravadas e editadas. Além de Walter Gibbons, nomes como os de Danny Krivit ou Latin Rascals ficaram para a história como mestres do género.
O Re-edit conheceu um novo fôlego nos últimos anos, através de edições de legalidade difusa em etiquetas como a Black Cock (de DJ Harvey) ou a Noid (dos Idjut Boys). E o projecto nacional Dancin’ Days tem estado em cima dos desenvolvimentos, inclusivamente tendo editado já um par de máxis nalgumas das mais prestigiadas editoras de re-edits internacionais.
Em “The First Re-Edit Collection”, o manipulador que se esconde por trás da designação Dancin’ Days, faz um incrível trabalho de reinvenção de uma série de temas clássicos, convenientemente mantidos no anonimato, insuflando-lhes vida através de uma calculada e estruturada repetição, quase sempre eliminando vozes pré-existentes, sublinhando os breakdowns e as partes onde o groove se liberta até à estratosfera. O efeito conseguido sempre é o de uma tensão gerida com mão de mestre (não esquecer que é à pista de dança que estes re-edits se destinam...), com os temas a ultrapassarem os 6 e 7 minutos e a ressurgirem numa nova arquitectura de arranjos que limpam o supérfluo e concentram o necessário: o groove mais fluido! Imprescindível.