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HitdaBreakz

7/28/2006

Lonnie Smith - Afro-Desia 1975


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O Dr. Lonnie Smith, como o próprio gosta de ser entitulado, é um homem imensamente cool que na hora certa soube tomar as linguagens arcanas da soul e do funk para servirem de propulsores à sua demanda do cosmos - e atenção, a presença da palavra "cosmos" numa frase com o nome Lonnie Smith pode levar as pessoas a fazerem uma perfeitamente justificada confusão com Lonnie Liston Smith, mas digamos que ambos viajavam muito, mas em naves separadas. E o álbum que hoje vos trago aqui, o primeiro de dois que registou na ultra-coleccionável Groove Merchant, é uma peça de impressionante beleza que combina na dose certa groove, espaço, espírito, corpo e magia negra - magia no sentido de invenção, pois claro, embora o fabuloso grafismo da capa (é um gatefold que aberto revela toda a glória de uma pintura de Bob Grosse) até remeta para uma certa ideia de misticismo tribal.
A música no entanto conta outra história: tem África, claro, mas também tem Nova Iorque, sentindo-se até, aqui e ali, umas certas aragens latinas nos contrapontos rítmicos típicas de uma certa nu yorica. Mas o que marca o álbum - e o seu tema título - são as deambulações electrónicas de Smith, claramente a viajar pelo espaço. Acompanhado por Greg Hopkins (trompete), Joe Lovano (sax tenor e soprano, )"A Friend" (George Benson assina assim a sua prestação na guitarra certamente por razões contratuais), Ralphe Armstrong (baixo eléctrico), Ben Riley (bateria) e Jamey Huddad (bateria e outra percussão), Smith carrega bem alto a chama que já tinha feito arder outras gravações, como o clássico Live at Club Mozambique da Blue Note. Para os beatheads este disco está carregado de interesse, nomeadamente por causa de um belíssimo break de baixo e bateria no tema Spirits Free. Mas este disco é tão mais do que isso. Os músicos parecem estar centrados na ideia de funk e tocam relativamente a "direito", mas há sempre uma nota de dissonância sob a superfície, sobretudo dos timbres inventados por Lonnie Smith nos teclados, o que coloca este disco numa outra divisão que `´a falta de melhor palavra se poderá descrever como "cósmica".
Smith é igualmente um exemplo de endurance pois continua a gravar: há quatro anos homenageou Beck (sim, esse, o de "Where It's At") com o álbum Boogaloo to Beck e desde então já registou mais dois Lps, incluindo Jungle Soul, já deste ano e que abre com uma versão do enorme Trouble Man de Marvin Gaye.

Deixo-vos com o tema que dá título ao disco que hoje por aqui se sugere. Boa audição.

Lonnie Smith - Afrodesia (Áudio)