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HitdaBreakz

4/05/2006

Outro lado de Lindstrom


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Depois de ter partilhado as honras discográficas o ano passado em formato álbum com o seu habitual colega de armas Prins Thomas, Hans Peter Lindstrom lança agora o seu álbum a solo. Um passo que lhe faltava no currículo, a expressão num trabalho coerente da sua visão de disco dos dias passados e futuros, isto depois de o próprio Prins Thomas já ter concretizado esse step forward com um álbum na toda-poderosa-e-bemvinda-outra-vez-ao-activo Noid (Major Swellings, s/t, Noid 2005). E coerência é mesmo a palavra mais acertada quando se fala de Lindstrom. Dono e senhor dos truques do passado do disco mais cósmico de bandas como os Arpadys, dos Hot RS ou dos Space (encontram os discos dos Space por cá, basta diggar!) e capaz de filtrar toda a informação que durante a década de 90 Harvey e amigos iam dando, Lindstrom consegue, ainda assim, fazer algo de notável : pegar em todas estas referências, acrescentar-lhes o pizazz que só os nórdicos têm para o disco (e basta pensar nas aventuras da Svek) e conseguir ter algo para dizer de original.

E é dizer muito isto porque se há coisa que Lindstrom consegue fazer na perfeição, e o que o distingue de todo o joio, é repetir o passado, repetir-se a ele próprio e conseguir não estar a repetir ninguém, em cada tema fugindo o suficiente da (também sua) formulaica visão do disco para criar algo de novo.

"Another side of Lindstrom", agora editado na japonesa Outergaze, é o novo passo nessa caminhada consciente para o paraíso disco. Composto na sua totalidade por inéditos (só Violent Group tinha sido editado o ano passado num limitadíssimo 10 polegadas), difere ligeiramente do álbum com Prins Thomas. Não podemos dizer que seja um "outro lado" descarado, apesar de aquele "el reguetón" me ter assustado imenso (eu li reggaeton e benzi-me... Lindstrom virar para isto ou para o baile funk era a incoerência estética do milénio) . Mas não, não o é, a coerência de todo o trabalho de Lindstrom não o permite (e depois olhei melhor e pensei : dois pés por cima daquilo, será mensagem subliminar para espezinhar o reggaeton?), mas consegue-se olhar para este seu outro lado, principalmente quando comparado com o álbum com Prins Thomas, no sentido de ser bem mais disco do que cósmico, mais orgânico, mais funk, mais jazz do que o L&PT, continuando a cimentar, habitualmente, todos os temas nas linhas de baixo e nas variações dessas mesmas linhas de baixo, estratificando, por cima delas, tudo o que tem para dizer. E tem tanto ainda para dizer Lindstrom. Sinceramente, que não se cale que isto é demasiado bom.

Hans-Peter Lindstrom "Another side of Lindstrom" (Outergaze, 2006)