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HitdaBreakz

4/25/2006

Disco confuzo


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A Mantra, editora italiana, teve a feliz ideia de pegar no catálogo da mítica Italian Records e permitiu a sua revisão por artistas dos dias de hoje. Depois de 4 edições de avanço em vinil, chega agora o álbum. E chega com surpresas. O que eu pensava ser um álbum feito apenas de versões, não o é exclusivamente. Entre as 25 faixas que fazem "Confuzed Disco" contam-se alguns originais. E que originais... Mas vamos dar uns passos atrás e começar pela Italian Records. Nascida no período conturbado que Bolonha viveu no final dos anos setenta, a Italian Records deu espaço à necessidade que a universitária cidade tinha de ouvir música diferente daquela que as rádios debitavam, chamando a si a edição para Itália de artistas sem espaço no mainstream (Tuxedomoon, Bauhaus, Clock DVA, DNA, Arto Lindsay, por aí...).

Nomes que conferem à Italian Records uma visão diferente de todas as outras editoras de italo porque quando chegou a altura de a Italian Records editar discos em nome próprio, o círculo de nomes editados são italianos mas todos buscando referências nos nomes acima expressos. Este lado mais experimental do italodisco feito na Italian Records torna a editora singular, na sua mistura da new wave inglesa, do punk ou da nowave nova-iorquina com a pura música de dança que se fazia (tão bem... sou fã) em Itália.

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É por causa desta capacidade de síntese entre o que se passa em tantos pontos diferentes do mundo (de Nova Iorque a Londres a Roma... ou Bolonha) que clássicos italo como o "I.C. Love Affair" dos Gaznevada, "Stranger in a strange land" dos N.O.I.A. (na foto) ou o "Call Me Mr. Telephone" dos Answering Service foram tão bem recebidos do outro lado do Atlântico e tocados até à exaustão por toda a nata dos djs da altura, de Larry Levan em Nova Iorque a Ron Hardy em Chicago. E consigo trouxeram mais uma avenida para os produtores explorarem. E exploraram.

E continuam a explorar. Basta olhar para os diferentes nomes que compõem as remisturas e perceber que o italo é tão polvo como a máfia e entranha-se por quase todos os subgéneros da música de dança. Se nas revisões de nomes como Munk, Lindstrom & Prins Thomas, Kiki, Morgan Geist, Radio Slave (agora resumido a Matt Edwards, ele próprio um dos Quiet Village), Tomboy (ele que também é um dos três Whomadewho), Franz & Shape, Ajello, Fabrizio Mamarella (com excelentes EPs na Bear Funk) isso é mais do que óbvio, tendo em conta a matéria-prima, é nas suas próprias produções fora deste projecto que tal influência é ainda mais evidente.

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Com o (bom) italo a ganhar o seu justo palco em nome próprio nas pistas de dança, "Confuzed Disco" é o melhor dos tributos a uma das suas principais editoras. E se a importância histórica da editora e das suas revisões está mais do que justificada, há mais do que pura racionalidade para se olhar para a Italian Records. É que é no catálogo da Italian Records que está o meu disco favorito de italo de sempre - o "I.C. Love Affair" dos Gaznevada, com a sua estranha letra sobre uma rapariga chinesa e o seu "lover from Italy" (Italian Chinese Love Affair...).

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E é também da comunhão do eixo Nova Iorque-Londres-Bolonha que sai outro dos meus temas preferidos de italo, o "Body Talk" de Klein & MBO, um grupo que mais não é do que Davide Piatto (na foto), um dos N.O.I.A.. O mais engraçado é que este jogo de busca de influências tem dois sentidos e não deixa de ser curioso que, entre tantos outros temas dali inspirados, uma banda inglesa - os New Order - tenha assumidamente ido buscar algo a Bolonha (mais exactamente à linha de baixo do "Body Talk") para conseguir fazer algo como um "Blue Monday".