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HitdaBreakz

3/02/2006

Vinil em Nova Iorque


É com enorme prazer que o HdB posta a extended version do artigo sobre vinil, publicado recentemente no semanário musical Blitz (no seu no. 1112). Obrigado, Pedro e Ana, por nos deixarem postá-lo.


Vinil em Nova Iorque
por Ana Baptista e Pedro Guimarães


Vinil perdido na cidade do betão

Os anos 70 foram a época áurea do vinil, tendo as vendas atingido o seu pico em 1975 (97 milhões de exemplares vendidos só no Reino Unido). Nas lojas os estilos musicais misturavam-se, encontrando-se desde o rock ao disco e ao punk, passando pelos novos sons de fim de década - o hip hop e o new-wave. Nova Iorque não podia ser excepção, cidade multi-cultural, berço do já referido hip-hop e da cena new-wave. Se na altura existiam apenas lojas de vinil, actualmente elas foram substituídas por megastores como a Virgin, a Tower Records, a HMV ou o Best Buy onde a oferta de vinis é pouca ou nenhuma. Para isso existem uma série de pequenas lojas, espalhadas pelos cinco bairros de Nova Iorque, que subsistem como uma espécie de memória de uns loucos anos 70. A menos que se tenha a carteira um pouco abastada não são, normalmente, o local ideal para fazer diggin´ - os armazéns vedados ao público, as colecções particulares, as feiras periódicas cimentam a sua importância nesse aspecto - mas é onde quem o faz bem vende algumas das peças que encontra. Nas lojas aproveitam também para comprar e trocar vinis. O mercado é na sua maioria masculino e muitos dos vendedores possuem colecções imensas, com lojas onde se podem contar cerca de 20/30 mil discos para venda, não contando com os largos milhares guardados em armazéns. Por exemplo, de acordo com o livro «Behind the Beat», DJ Shadow apenas guarda uma parte da sua colecção em casa, tendo vários armazéns em São Francisco para os restantes.

Uma «West Side Story»

Dos cinco bairros de Nova Iorque, Manhattan é aquele onde se podem encontrar o maior número de lojas apenas dedicadas ao vinil, principalmente na East e West Village, as zonas mais artísticas e genuínas de Manhattan. Algumas delas são recentes, mas outras viveram os anos 70 e conseguiram mesmo sobreviver aos anos 80 e ao aparecimento do CD. A Vinyl Mania, na West Village, é um bom exemplo disso. Em Novembro faz 27 anos que abriu, «e só vendia Disco por causa de um clube que havia perto», conta Charlie Grappone, 55 anos, proprietário da loja. Esse clube era nada mais nada menos que o mítico Paradise Garage, de Larry Levan, percursor do Disco. Charlie confessa que a ideia inicial era abrir uma loja dedicada ao rock, mas hoje vende maioritariamente remixes, disco e house. Lá dentro os vinis amontoam-se e pendurados na parede estão discos como a remix de Larry Levan do «C is for Cookie» [n. HdB : um disco essencial para o cookiegui], recentemente reeditado pela Ninja Tune, à venda por 50 dólares.

Na West Village estão situadas ainda a House of Oldies, a Disco-o-Rama, Rockit, a Route 66 Records, Village Music World, Rocks in Your Head, a Revolver Records, ou a Bleecker´s Bob. Esta última existe desde 1968 e é ideal para quem procura ou quer vender discos dos 60 aos 80 também se encontrando lá algumas pechinchas. Uma curiosidade, as raridades estão protegidas com arame electrificado.

A East Village e o Alphabet DistrictA A One tem uma excelente oferta de funk, soul e jazz, mas ali há de tudo, do punk à música brasileira. Desde reedições de bandas sonoras de filmes de Bruce Lee, a discos com discursos de Martin Luter King. Jr., passando por um magnífico exemplar de «Showtime» de James Brown à venda por $35, a A One é uma excelente opção para quem procura muito e bom vinil. O disco mais caro custa 200 dólares e consiste na segunda edição da compilação «Flex Your Head», lançada em 1982 pela Dischord, a editora dos Fugazi e Minor Threat, e da qual só foram feitas três mil cópias. Nesta loja estão cerca de 40 mil vinis à vista, mas segundo Toshio Motoike, no armazém existe dez vezes mais. «Este é o meu trabalho. Procurar discos. Tenho vários contactos e compro colecções pessoais», conta Toshio, um japonês de 35 anos, pacato e tímido, cujo melhor amigo vive em Portugal, e onde já esteve oito vezes. Abriu a loja com amigos há dez anos, mas separaram-se e agora está apenas ele a geri-la. «Este loja é como se fosse uma paixão. Não me dá dinheiro suficiente para ficar nos EUA, mas como sou jornalista, trabalho como correspondente para um revista japonesa», diz. Quando questionado se procura discos no eBay, Toshio remata: «Não, não preciso e também só tenho este velho computador…».

Um pouco mais acima, já no Alphabet District (onde as avenidas passam a designar-se por letras), está a Sound Library, gerida pela parte dissidente da A One, o inglês Robert Corrigan, de 36 anos. A loja abriu em 1999 e está direccionada para o hip hop, jazz, funk e soul, contendo um stock de cerca de 30 mil vinis (à vista). Aqui a oferta também roça a excelência, tanto em quantidade como em qualidade. Na parede existem exemplares de Common (single promocional «The Bitch In Yoo» de 1996 a $60), de John Barry (banda sonora de «Game Of Death» a $100), dos 24-Carat Black (o excelente «Ghetto: Misfortune’s Wealth» de 1973 a $120) e de DJ Shadow (o EP «Entropy» de 1993 a $60). O disco mais caro que têm, que não está em exposição, é um álbum dos Mighty Ryeders e custa 700 dólares.

Na East Village, fica ainda a Other Music - onde trabalha Scott Mou, membro dos Jane, loja com uma magnífica oferta de CDs (rock psicadélico, rock, electrónica, soul, funk) e a versão física da Turntable Lab, loja que se iniciou pela Internet e que se auto denomina como «a primeira loja (legal) especializada em equipamento para DJ´s», tendo por isso pouca oferta de vinis. Perto encontram-se ainda lojas como a Kim's Underground Sounds, a St Marks Sounds, a Finyl Vinyl; a Eight Ball Records, ou a Twelfth Street Books.Uma história com 60 anos«O vinil tem uma história de 60 anos e as pessoas vão sempre comprar vinis, e aos poucos, com os mp3 e os iPod´s, vão deixar de comprar CD´s», repara Toshio Motoike, da A-One. Segundo ele existem três tipos de compradores de vinis: «Os DJ´s que ainda usam vinil; os coleccionadores e os compradores de outros países que vêm à procura de peças mais baratas». «Em Nova Iorque existem muitos coleccionadores e DJ´s que andam sempre à procura de vinilos», diz Robert Corrigan, da Sound Library.

Mas Charlie Grappone, da Vinyl Mania, não acredita que as lojas de vinis se aguentem por mais tempo e diz mesmo que dentro de cinco anos muitas delas fecharão, lembrando que a Vinyl Mania foi em tempos, uma cadeia de lojas, com espaços dedicados apenas ao funk, soul e rock. «No total existiam seis lojas. Agora há apenas uma». Já lá vai o tempo em que a remix de Larry Levan, para o tema «Heartbeat», de Taana Gardner se sagrou como o single mais vendido nesta pequena loja. Foram vendidos mais de cinco mil cópias. Era a década de 70 onde o vinil conhecia o seu climax na história da indústria fonográfica, contudo para muitos, ainda hoje o vinil, com as capas grandes e trabalhadas, com o seu som mais nítido (principalmente o vinil de 180 gramas – o mais utilizado em reedições) emana uma aura de preciosidade, de objecto mais humano e menos impessoal que a pequena rodela conhecida por CD.

Vinyl Timeline

1877 – Thomas Edison inventa o Fonógrafo.
1888 – Emile Verliner, um alemão a trabalhar em Washington, DC, inventa o primeiro disco intitulado "flat disc record".
1895 – São comercializados os primeiros discos inicialmente compostos por vários materiais incluindo borracha dura evoluindo-se depois para o "shellac", material composto por uma mistura de resina, algodão e fibras.
Finais 1920s – O disco de 78 rotações torna-se no principal formato.
1930 – A empresa RCA Victor comercializa o primeiro longa-duração de 33⅓ rotações, prensado com um diâmetro de 12'' em plástico flexível, intitulado "Program Transcription".
1949 – A RCA Victor comercializa os discos de 45 rotações com 7''. Instala-se a "War of Speeds", entre 1948 e 1950 tanto as companhias como o Mercado interrogava-se sobre qual seria, no futuro, o formato dominante.
1950s – O formato de 78 rotações continua a ser o mais produzido. O vinilo passa a ser o material dominante na produção de discos.
Finais 1970s – É introduzido no Reino Unido o 45 rotações de 12'' que podia conter maiores versões de músicas.
1975 – É atingido o recorde de vendas – 97 milhões de exemplares no Reino Unido 1988 – Pela primeira vez o número de CD´s vendidos ultrapassa o de vinilos.

Guia seleccionado de lojas de vinilos em Manhattan, Nova Iorque

East Village

A-One Record Shop
439 East 6th Street
212-473-2870

Turntable Lab
120 East 7th Street
212.677.0675

Other Music Inc
15 East 4th Street
212-477-8150

Eight Ball Records - the Shop
105 East 9th Street
212-473-6343


West Village


Vinyl Mania
60, Carmine Street
212-924-7223

House of Oldies
35 Carmine Street
212-243-0500

Bleecker Bobs Golden Oldies Record Shop
118 West 3rd Street
212-477-7902


Alphabet District

The Sound Library
214 Avenue A
212-598-9302


Lojas

Vinylmania

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Turntable Lab

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The Sound Library

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DJ Shadow - Entropy (Solesides) : $100 [n. Hdb : disco essencial!]

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Common - The Bitch in yoo (Relativity) : $60 [n. Hdb : disco essencial!]

The House of Oldies

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Bleecker Bob´s Records

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