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HitdaBreakz

3/14/2006

Memória impressa em papel


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No passado fim de semana dei um salto a um secret spot que não rendeu nada, mas que deu origem a esta ideia. No local só havia mais uma pessoa a procurar discos, mas estavam já lá dois tipos a empilhar revistas antigas em cima de uma cedeira. Achei curioso. Pela pinta pareciam-me daqueles "jovens arquitectos" ou "jovens designers" que se costumam vislumbrar nos clubes da moda (a culpa é do dub - ele é que me arrasta para esses sítios...!). Quando olhei para a capa de uma das revistas que eles tinham empilhado (não percebi o título, mas não era nacional) reparei que a capa ostentava uma pintura de Andy Warhol (garrafa de Coca Cola). E isso fez-me pensar que, se calhar, nas muitas horas gastas em locais carregados de poeira em busca de vinil carregado de funk, nunca dei grande atenção ao que se imprimia em papel na época em James Brown sacudia o planeta.
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Por isso, chegado a casa, resolvi pegar num pequeno conjunto de revistas oferecidas por um amigo meu e que guardei por curiosidade sem nunca me ter dado ao trabalho de as folhear. E essa foi precisamente a minha missão no serão de ontem. Fiquei pasmado.
Um par de exemplares de 73 da revista R&T (rádio e televisão), mais um par de exemplares d'O Século Ilustrado (de 71 e 72) e o programa oficial da segunda edição do Cascais Jazz de 72. Tanto no caso das revistas O Século Ilustrado como dos explares da R&T o ponto comum encontra-se nos conteúdos dedicados ao festival Cascais Jazz, como aliás se pode perceber pelas capas na fotografia mais acima. Além de descobrir aí textos de gente que continua no activo como Manuel Jorge Veloso e José Duarte e ainda de Paulo Gil, homem que também haveria de organizar o festival de Cascais e que foi baterista dos Bossa Jazz 3 de que já por aqui falei, deu ainda para perceber um pouco do pulsar da época. Há por ali anúncios deliciosos que ajudam a imaginar o Portugal daqueles dias. Anúncios onde se descobre que por 60 contos se comprava um SIMCA novo no stand, e onde também dá para perceber que havia um toque de bom gosto funk nas indumentárias, pelo menos dos modelos dos anúncios. Há até o anúncio a uma boite comandada por uma velha glória da rádio (Rui Castelar) onde se declara como trunfo da casa o facto de receber regularmente novidades em disco dos Estados Unidos e Inglaterra. Onde estará essa colecção hoje em dia? Hum...
Enfim, serve tudo isto para dizer que há informação para ser angariada neste tipo de publicações. Até descobri - não sabia, confesso - que o grande Jimmy Smith gravou um álbum de título Portuguese Soul para assinalar a sua passagem por Portugal para o Cascais Jazz.
Go dig!
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