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HitdaBreakz

2/06/2006

The Alan Parsons Project (pt. 2)


(continuação da entrevista a Alan Parsons)

AP : Na altura, achei um pouco estranho, depois do enorme sucesso que teve o “Dark Side of the Moon”, o facto de os Pink Floyd virem ao estúdio e fizessem um álbum completamente diferente do “Dark Side of the Moon”. E um álbum que tinha sido pensado para ser totalmente gravado sem qualquer instrumento – ou qualquer instrumento convencional. E começámos a fazer este álbum com objectos, com elásticos, latas, soprando em garrafas e rodando os dedos pela borda dos copos de vinho, e coisas assim. Mas tudo aquilo era tão tão duro [Nota do HdB : painstaking, no original, transmite uma ideia mais forte do que o duro]. Percebam, nós estivémos à volta de um mês em estúdio e tudo o que conseguimos foram dois minutos de música. E andava toda a gente a dizer coisas tipo “Não consigo ir mais longe! Tenho a cabeça a rebentar!”. Mas foi uma pena termos de abandonar o projecto porque tinha o potencial de causar uma enorme revolução. Só que o esforço exigido para o fazer é extraordinário. Essa foi, aliás, a última vez que eu trabalhei com os Floyd. Eles continuaram e fizeram o “Wish You Were Here” e o “Animals” noutro lado.

Foi por esta altura que comecei a receber telefonemas de pessoas que queriam trabalhar comigo como produtor e como engenheiro. Uma das primeiras pessoas que apareceu foi o Steve Harley. O Steve tinha tido algum sucesso com o primeiro “Cockney Rebel” mas foi o “Psychomodo” que realmente o transportou para o grande público. E o primeiro single que foi lançado, que foi mesmo a primeira coisa que eu produzi, chegou ao Top 20 inglês, um disco chamado “Judy Teen”.

[Canção : Steve Harley, “Judy Teen”, do single com o mesmo nome]


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AP : Não demorou muito tempo até a EMI me arranjar outro grupo para eu produzir para eles. Eram três tipos escoceses chamados David Paton, Stuart Tosh e Billie Lyall. Eles juntaram-se a outro escocês chamado Ian Bairnson e formaram os Pilot. Fizémos um álbum, e graças a Deus, o single que foi lançado do álbum teve sucesso, abrindo-lhes, até, as portas da América. O disco chegou ao 2º lugar do Top, se não me engano. A canção chamava-se “Magic”.

[Canção : Pilot, “Magic”, do seu álbum homónimo]

AP : Encontrava-me agora numa posição delicada, nesta altura, porque tinha tido dois discos com sucesso com a EMI e começava a receber propostas de trabalho de editoras fora da EMI, que me punha, como disse, numa posição difícil, já que trabalhava para a EMI há sete ou oito anos e era difícil para mim tomar a decisão de ir trabalhar para outra editora. As coisas acabaram por se resolver e um tipo, em particular, que me impressionou, das ofertas que recebi de fora da EMI, foi o John Miles.

[em fundo : John Miles, “Pull the Damn Thing Down”, do seu álbum “Rebel”.]

AP : Senti, logo, que ele era um profissional incrível – grande voz, grande sentido de pitch e um guitarrista à séria, que merecia bem mais destaque do que aquele que teve. O álbum que fizémos chamava-se “Rebel” e tinha uma música que se chamava “Music”, que saiu em single na maioria dos países europeus, apesar de ter 5 minutos de duração. Mesmo assim, afirmou o nome do John Miles em muitas partes da Europa.

[Canção : John Miles, “Music (reprise”, do seu álbum “Rebel”]

AP : Tive muita sorte nos últimos anos de ter sido nomeado para uns quantos Grammys e, enquanto estive em Los Angeles para receber a minha nomeação para o “Dark Side of The Moon”, conheci uma banda chamada Ambrosia, que me tocou algum do seu material e que me impressionou imenso. Nem acreditava que eram americanos, tinham um toque tão inglês na música que faziam. Em pouco tempo, estava a misturar o primeiro álbum deles, que até nem se saiu mal, principalmente o single, “Holding on to yesterday”. Mais tarde, voltei a trabalhar com eles como produtor do seu segundo álbum, que se chamava “Somewhere I’ve never travelled”.

[Canção : Ambrosia, “Somewhere I’ve never Travelled”, do álbum homónimo]

AP : O artista, daqueles com que trabalhei enquanto produtor, que teve mais sucesso foi o Al Stewart. Já conhecia a música dele há muitos anos, já que fui fã, durante muitos anos, da música folk. Passei muito tempo em clubs londrinos a ver gente como o Stephen Grossman, John Ranborne, The Pentangle, gente assim. Mas foi muito depois desta altura que conheci o Al e ouvi algum do seu material.

[em fundo : Al Stewart, “End of the day”, do álbum “Time Passages”]

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AP : O álbum “Modern Times” afirmou o nome dele na América, pela primeira vez. Quer dizer, muito pouca gente conhecia o nome dele e ajudou-o a criar um novo estilo para ele, que o reafirmou em Inglaterra e lhe retirou aquela imagem de herói folk que ele sempre tinha tido. Ele sempre tinha mantido a sua música à volta dos instrumentos acústicos, por causa do seu passado folk. Na realidade, o uso da guitarra eléctrica era a sua única aventura fora do universo dos instrumentos acústicos. Mas, à medida que iamos fazendo o álbum do Al, sugeri que ele chamasse um velho amigo meu, chamado Phil Kenzie, para tocar um solo de saxofone no tema-título do álbum. E o Al disse que nunca tinha ouvido um saxofone na vida mas foi-se deixando ir. O resultado foi a canção que tornou o Al Stewart um nome familiar no mundo inteiro : “The year of the cat”.

[Canção : Al Stewart, “Year of the cat” (versão do álbum), do álbum com o mesmo nome]

AP : Depois do estrondoso sucesso do “Year of the Cat”, o Al decidiu mudar-se para a América e andar a fazer tournées, concertos, etc. E, e é a minha opinião, acho que o “Year of the Cat” teve alguma influência no Al, porque ele contratou o Phil, o saxofonista, como membro permanente da banda, e em dois dos temas do álbum que veio a seguir ao “Year of the Cat” o Phil tinha uma enorme participação. Uma delas era o “Song on the Radio” e a outra era o “Time Passages”.

[Canção : Al Stewart, “Time Passages”, do álbum homónimo]

AP : Em anos recentes, realizadores como o Ken Russel e o Stanley Kubrick tornaram-se estrelas elas próprias, às vezes mais famosos que as estrelas que aparecem nos filmes deles. Uma pessoa que achou que esta ideia podia ser aplicada à indústria musical, foi o Eric Woolfson.