1/25/2006
ABC da organização de discos
Olá a todos. A falta de net em regime doméstico (mais duas semanas pelo menos...) não me tem permitido postar com a regularidade que o HdB merece e exige, mas um lado positivo da quebra da minha relação íntima com a Internet no último mês reside no facto de me ter deixado tempo livre para uma daquelas resoluções que há anos tenho vindo a adiar - a construção de uma lista de todos os discos na minha colecção. Ao ritmo a que tenho andado (1500 discos registados num mês) terei trabalho para uns seis a sete meses, talvez mais se me der para também registar os CD's. Para quem, como eu, utiliza de facto os discos como ferramenta de trabalho (é vulgar, por causa de um texto sobre, digamos, Bill Laswell, ir à procura de discos de gente como Manu Dibango, por exemplo, para confirmar algum facto referido no texto), uma lista destas pode revelar-se um poderoso instrumento. E, mais importante até, o facto de estar a tirar todos os discos das prateleiras, um por um, para registar o nome do artista, o título do álbum, a editora responsável pela sua publicação e o ano em que tal aconteceu tem-me permitido voltar ao contacto de alguns discos que há anos não viam a luz do dia. O que é algo de extremamente positivo. Mas este post não é sobre o facto de eu estar a construir uma lista das existências na minha colecção (até porque não é uma lista, mas várias...), mas sobre a forma como as organizamos.
Todos viram o filme (ou leram o livro) Alta Fidelidade em que o personagem principal organiza a sua colecção de discos por ordem biográfica. E de facto esse é um método tão válido como outro qualquer. O que interessa é que, seja qual for a organização dada aos discos, ela seja funcional e, sobretudo, reflicta a personalidade do organizador.
A minha colecção está organizada por géneros, com algumas particularidades curiosas pelo meio. Tenho grandes áreas de Jazz, Funk/soul/Disco, Sonoridades Contemporâneas do Universo da Música de Dança (o que significa House/Downtempo/Drum n' Bass/etc), Hip Hop, Reggae/Dub, Easy Listening/Lounge, Library, Pop-Rock, Blues, Punk, Vanguardas electrónicas, uma secção a que não sei bem o que hei-de chamar mas que contém desde David Bowie a Electric Prunes passando por Neu! e Can, uma área de Pós-Rock, outra de Músicos Africanos (Fela, King Sunny Adé, Manu Dibango, Thomas Mapfumo...) e outra ainda de Músicos Latinos (Mongo Santa Maria, Eddie Palmieri, et al)e até uma secção com Moog records. Há ainda secções específicas dedicadas a algumas editoras (como a Mo'Wax, a Wordsound, ou a Jazz Fudge). Depois, alguns dos géneros são subdivididos entre LPs e 12"s (caso do Soul/Funk/Disco) e outros não (caso do Hip Hop). Ou seja, uma enorme confusão que nada diria a outra pessoa que ali entrasse e tentasse localizar um artista que tivesse a certeza existir na minha colecção. Claro que depois cada uma destas áreas está devidamente organizada por ordem alfabética, mas mais uma vez, até aí, o caos impera pois nalgumas secções os discos estão organizados pelo apelido do artista e noutras nem por isso... Ora, o que eu pretendo, tão simplesmente, com este post é levantar esta questão e perguntar quais os vossos métodos? Seria mais fácil ter apenas uma grande área onde todos os géneros se misturariam? Mas, por alguma razão, a mim faz-me confusão ter discos de jazz ao lado de discos de punk ou discos de blues a dividirem espaço com discos de easy listening... Não me parece que faça grande sentido. É que desta maneira, quando eu tenho uma daquelas semanas em que só me apetece ouvir reggae sei para que prateleira devo voltar as minhas atenções e nunca serei distraído ao procurar um Lp dos Heptones pois não poderei dar de caras com os meus discos dos Headhunters.
Resumindo e concluindo: uma colecção é de facto uma biografia do coleccionador. Só ele a entende, só ele consegue conceber a sua organização e só para ele faz sentido a forma como se posicionam nas prateleiras. O debate continuará, se tudo correr bem, no fórum do HdB!