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HitdaBreakz

11/02/2005

Funk in strange places # 2


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Nelson Riddle. Ok, antes de fazerem demasiadas perguntas ou de dizerem "ah, esse tipo não vale!" lembrem-se que Nelson Riddle foi o grande responsável pela carreira acetinada de Nat King Cole ou pela era swingante de Frank Sinatra, além de ter orquestrado discos de gente como Dean Martin e Peggy Lee que, convenhamos, não são propriamente grandes exemplos de pessoas com doses reforçadas de Funk na sua alma (por enormes que possam ser nos seus respectivos campos). Mas pronto, nesta página podem ter uma perspectiva um pouco mais detalhada da carreira deste senhor. Certo, certo é que Riddle foi um dos principais nomes da era em que música rimava com Martini, quando Las Vegas brilhava em todo o seu esplendor e Hollywood era uma meca de classe e coolness. Não será propriamente um nome que associemos directamente à palavra Funk. Penso que já estabeleci isso.

Seja como for, nunca fui de ignorar discos de Nelson Riddle quando ando no terreno, até porque o Ol' Blue Eyes sempre me fascinou, sobretudo no tal período swingante de Songs For Swingin' Lovers ou Strangers in the Night. Daí que sempre que um disco com o nome de Nelson Riddle se atravessa no meu caminho acaba por vir parar cá a casa. Nunca espero mais do que grandes melodias orquestradas com mão sábia, com muitas cordas e uma ou outra piscadela de olho mais balançada à Bossa Nova (e, afinal, que americano não piscou o olho à Bossa Nova no início da década de 60?). Por isso mesmo, quando descobri este álbum com selo de uma das minhas cult labels (a alemã MPS) nem hesitei claro. E a receita incluída, apesar da associação clara dessa editora ao jazz, não divergia muito daquilo a que Nelson Riddle já há muito nos tinha habituado: instrumentais para orquestra impecavelmente vestida, com secções de cordas a realizarem horas extraordinárias. Claro que alguns de vocês podem lembrar-se da banda sonora que Riddle assinou para Batman (1966), mas à inspiração "surf" dessa banda sonora eu respondo com outros "scores" como The Great Gatsby ou o xaroposo Paint Your Wagon para repor a verdade dos factos: Nelson Riddle não era funky! Nunca pretendeu ser, nunca foi. Mas no álbum Communication (1972) há um momento incomum que responde pelo nome de Volcano's Daughter. Tem bateria quebrada, guitarra eléctrica e Hammond escorregadio, tem secção de metais e congas e tem, sobretudo, cordas muito ténues, quase escondidas, para não atrapalharem a funkyness do conjunto. Prova de que até o mais acetinado dos orquestradores foi capaz de num momento deixar a mão que agarra a batuta escorregar para terrenos mais carregados de groove. Para os mais curiosos, aconselho uma visita ao site oficial deste enorme arranjador. Há um mundo à vossa espera. Não é um mundo cheio de funk, mas é um mundo entusiasmante ainda assim.


Volcano's Daughter
(MP3)