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HitdaBreakz

10/24/2005

O monstro regressa


Depois de ter feito as delícias de Larry Levan no Paradise Garage e de ter feito estrelas como Brooke Shields, Grace Jones ou Calvin Klein dançar no Studio 54, o monstro desapareceu. O monstro desapareceu mas tinha um nome : Urei 1620. Os originais trocam de mãos na eBay por à volta de quase 1500 euros, um preço muito elevado para uma mesa com 20 anos se tivermos em consideração que o seu suposto equivalente actual, a Rane MP2016 (hmmm, o subtil trocar de números... o design semelhante...), custa à volta de 2000 euros. E, por incrível que pareça, o preço dos Urei originais é, hoje, superior ao preço que tinham quando chegaram pela primeira vez às lojas (era de 900 dólares). Com a inflação, não faço a menor ideia se está igual ou não o preço mas, como facto, é espantoso e demonstrador do bom nome que ainda tem junto do público.



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Mas porque é que uma mesa de mistura com 20, 30 anos custa tanto como uma feita no século XXI? Será apenas nostalgia ou era realmente "A mesa" e ponto final? Utilizadores de ambas defendem, sem qualquer espécie de dúvida, a Urei. "Tão boa como a Urei só a Bozak.", disse-me um dj americano que tocava back-in-the-day em conversa. E são múltiplos os comentários semelhantes. A força do som analógico, o cuidado que só é possível quando todos os elementos são feitos à mão, a capacidade da mesa em colorir o som que a atravessava, saíndo pelas colunas algo mais quente do que o que entrara, tudo isto são atributos que os aficionados das mesas vintage usam para definir a Urei.

Não sou do tempo em que uma mesa destas seja o ponto central de uma pista e sou incapaz de dar a minha opinião em relação a todo o som. E mesmo que já a tenha ouvido, não sou técnico de som capaz de dizer que esta mesa é melhor que aquela por causa disto ou daquilo. O que sei é que uma Rane de rotativos é um brinquedo lindo de se usar, difícil no princípio para quem está habituado aos faders sobe-e-desce mas sonoramente poderosa quando comparado com as outras. Um corte aqui, um acrescento ali e a mesa, sozinha, como que "descobre" o que encaixa e o que desencaixa. Se a Urei é melhor que a Rane (e são raras as opiniões contrárias), só me resta sonhar com o dia em que vou poder usar uma.

Isto tudo vem a propósito de quê? Bom, vem a propósito de a Soundcraft ter decidido recriar um seu modelo antigo. Não é um nome usual no mundo das mesas de mistura, o da Soundcraft, se compararmos com nomes tão respeitados no meio como a Vestax, a Allen & Heath, a Pioneer ou a Rane. Mas a verdade é que, em 2005, a Soundcraft decidiu reentrar no mercado e logo com a nova versão da Urei, a 1620 LE (de Limited Edition). Desenvolvida por Paul Morrissey, director de produtos da Soundcraft e dj residente do The End em Londres, em parceria com Andy Smith, o dj dos Portishead que ainda recentemente actuou no bar Mercado, em Lisboa, a nova Urei tentou resolver os problemas da antiga Urei, tentando não retocar o tal som que lhe é característico e que toda a gente deseja.

Mas nem que seja pela história que existe no nome Urei, por tudo o que representou na música de dança e por todas as mãos mágicas que tocaram nela, o original será sempre o original. Mesmo que nunca tenha ouvido uma.