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HitdaBreakz

9/20/2005

Diggin' @ Carbono


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Já lá vão uns bons dois meses, mas a verdade é que ainda ando a digerir o lote de singles adquirido na Carbono, a loja da Rua das Pretas em Lisboa que está melhor do que nunca. Não só é possível ter acesso a uma dilatada secção de reedições de Funk e Jazz (vi por lá imensos James Browns, por exemplo), como ainda é muito possível encontrar inúmeras preciosidades na secção de segunda mão. Além disso, a Carbono tem neste momento o sound system mais sexy do mundo usado por muitos DJ's e clientes convidados a mostrarem as suas colecções ao sábado.

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Eu e o Dub passámos umas largas horas a observar um imenso lote de milhares de singles de sete polegadas e só a experiência de poder tocar em tantas edições originais americanas valeu a pena. Mas valeu ainda mais a pena pelas compras, imensos sete polegadas de soul e alguns de bom funk acabaram por vir parar às nossas colecções. Entre os dois recolhemos perto de 400 exemplares que depois repartimos igualmente. E como é óbvio, o instinto foi a principal arma de arremesso nestas compras pois encontrámos muitos nomes desconhecidos.

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Talvez esta sessão de diggin' tenha sido, como talvez nenhuma outra, a que mais nos forçou a cruzar referências, dada a enorme quantidade de nomes para nós desconhecida. Mas a época, as labels, alguns nomes creditados na produção ou até os títulos de algumas faixas (alguém resistiria a um título como "Funky Hammer"?) deram-nas as pistas necessárias para tomarmos o risco como aceitável. Acho sinceramente que fomos recompensados pois descobrimos imensas rodelas muito interessantes naquele lote.


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Hoje deixo-vos aqui com 10 dos singles que aterraram na minha colecção, escolhidos mais ou menos aleatoriamente. Há clássicos como os JB's ou os Ubiquity de Roy Ayers, há pesos pesados como os Pazant Brothers ou os TSU Toronadoes, mestres como Charles Wright ou pilares como Jimmy Bo Horne, os Meters e Ramsey Lewis. Nada mau para um dia de trabalho, hein? Os sabores são muito variados também: funk, soul e jazz de uma época dourada, algures entre o final dos anos 60 e meados dos anos 70.


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O acesso a um lote com esta qualidade também reforçou uma ideia que por vezes teimamos em impôr a nós próprios quando lemos, por exemplo, os posts com os Weekend Digs da malta da Soulstrut: a de que nunca na vida nos cruzaremos com certos discos que nos habituamos a ver exibidos em listas de especialistas reconhecidos. Aqueles discos que preenchem sonhos e também nos dão pesadelos. E no entanto, a esperança deve ser sempre a última coisa a morrer, não é?



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Um par de exemplos: depois de anos a ouvir falar em Library Records e a lamentar a condição periférica de Portugal enquanto ia ouvindo compilações que reuniam todas essas preciosidades, da KPM à Themes, eis que recebo a informação de um antigo estúdio que estava a vender uma colecção de vinil. Confesso que nada me tinha preparado para a experiência, mas a verdade é que de uma só vez aquiri cerca de 300 álbuns de labels como a KPM, a Bruton, DeWolfe, MP2000 e Themes, entre outras.


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E entre lojas de segunda mão, Cash Converters, Feiras da ladra e de Velharias, colecções particulares, internet, cafés com discos (!!!), antigos clubes que vendem as suas colecções, instituições como a Remar ou até bancas na Feira Popular (que colecção de
Disco Sound que eu adquiri na Feira Popular!...) a verdade é que há muitos lugares onde é possível dilatar as nossas colecções. E por vezes os melhores são mesmo os locais improváveis, aqueles que juraríamos sempre não existirem.


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Ultimamente, têm sido os discos sul-americanos, de funk do Panamá (há um excelente artigo sobre isso na última Wax Poetics) ou de psych-rock do Uruguai que me têm atraído a atenção. E, como é óbvio, na impossibilidade de me deslocar a esses países, só me resta sonhar com discos dessas paragens. No entanto, ainda não há muito tempo descobri um lote na feira de Algés cheio de singles do Panamá, Uruguai, Chile, México, Bolívia e outros países do género. E apesar de apenas um dos singles adquiridos conter funk, isso ensinou-me que há por aí discos dessas latitudes.

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Afinal de contas, Portugal é um país de marinheiros, que viajaram para os quatro cantos do mundo e que, como é natural, consumiram música desses locais trazendo-a depois para Portugal. Há, portanto, para aí muitas preciosidades á espera de serem descobertas, à espera de quem olhe para elas com olhos informados e ouvidos sintonizados com o groove. Por isso mesmo, há que continuar a diggar, não é? Porque nunca se sabe o que a sorte nos pode reservar.


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E pronto, é tudo. Cá estão dez dos singles adquiridos na Carbono, uma loja que merece visitas regulares de todos os que fazem do vinil uma espécie de religião. Mas nada de fanatismos, por favor, porque afinal de contas ainda é a música, e não os formatos, o mais importante. Em vinil, original ou reeditado, em CD, cassete, cartuxo de oito pistas, mini-disc ou MP3, o importante ainda é conhecer todo este oceano de groove que por aí anda e teima em não secar! Bons digs!