Soundway Records em alta
A Soundway Records é uma das grandes responsáveis pela divulgação da música de dança tropical, como eles lhes chamam, e que, traduzido para discos, significa encontrar e editar o melhor funk perdido existente em África, nas Caraíbas ou na América Latina.
O esforço de diggin' que estes ingleses fazem é notável e pode ser constatado em compilações de grande calibre como os dois volumes da Ghana Soundz (compiladas pelo dono da editora Miles Cleret) ou a viagem musical ao Benim com a T.P. Orchestre Poly-Rythmo ou a edição em vinil de um tema afrofunk completamente virado para as pistas de dança da Orquestra Baobab, que ainda recentemente esteve em Portugal no Festival de Sines.
O golpe de asa da editora é, no entanto, outro e passa pela associação de produtores da actualidade aos projectos já perdidos no tempo desenterrados pela Soundway. Exemplo disso são as remisturas do jazzdancemeister italiano Gerardo Frisina para o tema do percussionista uruguaio Jorge Graf ou a excelente remix de Quantic para a Awa Band com o Tony Allen. A verdade é que os temas originais não precisavam de nada mas, depois de ouvidas as versões, este salto das edições para o século XXI faz todo o sentido.
Apesar de ter um catálogo reduzido de edições, vale bem a pena procurar estas edições, sejam as compilações ou os singles (em 7 e 12 polegadas).
Mas há mais.
O HdB soube que está a ser preparada uma enorme retrospectiva do trabalho do Sr. Funk Etíope Mulatu Astatke. Trabalho esse que já era de louvar tendo em conta o preço dos discos originais (qualquer um deles acima dos 100 contos, tal a raridade - um deles, imaginem, é editado pelas linhas aéreas etíopes), mas que, pelos vistos, não é suficiente para a Soundway. É que, para além da retrospectiva, Mulatu vai voltar ao activo, gravando um álbum para a Soundway, acompanhado pelo Will Holland (Quantic), Max Weissenfeldt (baterista dos Poets of Rhythm), Todd Simon (trompetista dos Breakestra), Showboy (trompetista dos Africa 80, a banda que acompanhava o Fela Kuti) e vários outros músicos etíopes. Com este lineup, a coisa não pode correr mal. Impossível.
O projecto conta ainda com as participações de Gilles Peterson, MonkOne e B+ (fotógrafo de serviço do universo de DJ Shadow e realizador do filme Keepintime) e vai culminar num concerto em Addis Ababa.
Edição imperdível. Marquem no vosso calendário : início de 2006.