<$BlogRSDUrl$>
.

HitdaBreakz

8/18/2005

Mizell


Na Santíssima Trindade dos produtores que venero estão David Axelrod, Charles Stepney e os irmãos Alphonse e Larry Mizell. Todos eles, cada um à sua maneira, deram corpo à sua visão do que deve ser uma música e foram capazes de incutir essa visão em músicos que não precisam de nada mais a não ser deles próprios (tamanha é a qualidade!) mas que, com a ajuda deles, soaram como nunca soariam sozinhos.

Image hosted by Photobucket.com
Como perceber o Lansanna's Priestess do Donald Byrd sem a produção dos irmãos Mizell? Ou o hino Black Gold of the Sun sem Charles Stepney? Ou o Mass in F Minor dos Electric Prunes sem a visão hiper-religiosa de Axelrod? Se Charles Stepney já está a dar música a outros mundos, Axelrod e os irmãos Mizell continuam por cá. E se o próximo passo de Axelrod já foi aqui documentado no blog pelo digga, faltava falar dos Mizell. Mas faltava falar porque, desde 1997, nada mais se sabia de edições mais recentes dos Mizell Bros. a não ser que estavam de boa saúde. Mesmo em 1997, a compilação da Blue Note chamada Sky High não trazia nada de novo ou inédito. Não deixava, no entanto, de ser uma muito válida porta de entrada para o mundo dos Mizell.

Image hosted by Photobucket.com
Assim, é com enorme felicidade que o HdB exprime, nas suas páginas, o próximo passo na vida discográfica dos irmãos Mizell. Em Setembro, vai surgir uma nova compilação pela Blue Note chamada Mizell, supervisionada em todos os sentidos pelos próprios irmãos Mizell. E, ao contrário da anterior compilação na Blue Note, esta terá material inédito, incluindo uma versão para 2005 do monumental Think Twice do Donald Byrd.

Material inédito é coisa que se vai descobrindo ao longo dos tempos e é por isso que dou tanto valor a momentos destes. Não é, nos dias de hoje de música imediata, muito fácil poder ouvir novas versões de temas destes. O Jay Dee tem uma versão fabulosa do Think Twice no seu Welcome to Detroit. As versões do Madlib para a Blue Note são sobejamente conhecidas por quem quer que leia estas linhas. Existem as Verve Remixed mas sem grande chama. Superior a isto tudo é ter, como vamos ter no Mizell, os produtores originais a retocarem o tema e isso é insubstituível e torna a compilação única.

Image hosted by Photobucket.com
Tanta conversa sobre os Mizell e inéditos lembra-me sempre a versão do Marvin Gaye para o Where are we going do Donald Byrd. Originalmente, o Where are we going é um dos temas do álbum Blackbyrd do Donald Byrd. Também este é um álbum na discografia essencial dos Mizells. Inédita em qualquer álbum quer do Donald Byrd quer do Marvin Gaye é a versão com o Marvin Gaye nas vozes. Mais uma vez, foi o mercado das reedições a disponibilizar esta pérola a todos nós, quando a Motown decidiu incluir o tema na sua compilação The very best of Marvin Gaye, reedição de 2001. O resto é, claro, bom (é o melhor do Marvin Gaye! até o pior do Marvin Gaye é bom...), mas este tema, não só porque foi a primeira vez que foi ouvido, não só porque é a reunião de executantes que é mas essencialmente porque é uma grandessíssima música, vale toda a compilação.