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Break da Semana^TM : Aretha Franklin - Rock Steady

E eis que, depois de umas merecidas férias, o Break da SemanaTM está de regresso. E a escolha de hoje tem razões especiais. Como sabem, é possível diggar breaks nos locais mais improváveis: caves poeirentas, feiras de velharias, Cash Converters, internet, lojas especializadas ou até em casas de amigos (ainda ontem, em casa de pais de amigos, descobri 5 ou 6 gemas, incluindo um Gladys Knight & The Pips e um Soul Stirrers - ambos originais; infelizmente, a dona da reduzida colecção - para aí uns 60 discos - é "muito apegada emocionalmente às coisas" e não os pude trazer... ainda. Vamos lá a ver se ela resiste a 20 ou 30 discos da minha caixa de tiros ao lado quando eu lá voltar!!!!) Pois é, podem encontrar-se breaks em todos esses lados, mas o sítio em que quase nunca pensamos como potencial diggin' spot é... A. N.O.S.S.A. C.A.S.A. Sim, eu repito: a nossa casa. Passo a explicar - a menos que tenham começado a comprar discos no exacto momento em que se interessaram pela cultura de breaks e por funk e esse tipo de coisas (espero bem que não, apesar de tudo há um mundo lá fora!) o mais provável é que tenham em casa discos que ouviram muitas vezes, que adoram até, mas que simplesmente nunca abordaram com aquele ouvido clínico de quem procura em discos momentos de abandono rítmico, de preferência liderados por bateristas que acordavam e adormeciam com a palavra FUNK a ressoar na cabeça. Ou seja, pode muito bem acontecer terem em casa discos que escondem breaks sem o saberem. Ok, sigam-me mais uns momentos.

Há uns dias, eu e o Dub íamos no carro a ouvir a O2 (Oxigénio - 102.6 FM em Lisboa) e a conversar. De repente, ele reparou numa voz carregada de soul em fundo e disparou a inevitável pergunta que andamos sempre a atirar um ao outro: "O que é isto?". Eu, quase sem pensar, respondi "é a Aretha!" seguido de uma outra popular interjeição entre nós que soa mais ou menos assim: "granda break!". Granda break? Mas como? Eu nem sabia que isto tinha um break, mas conheço a canção de ginjeira (é assim que se escreve, não é?)... Ok, talvez seja da idade, mas a verdade é que eu tenho aquela canção em casa há muitos anos e nunca a ouvi com o radar de baterias soltas ligado. Isso foi o que pensei, mas não disse nada, claro. Voltei a casa e fui confirmar e de facto lá estava: apesar de ter saído no álbum Young Gifted and Black, de 1972, eu possuo essa canção numa antologia de título The Most Beautiful Songs of Aretha Franklin, capa verde infeliz, formato duplo LP. É um disco que tenho há muitos anos e que já não ouvia há alguns e isso explica a falha em recordar esse break que, a propósito, ainda por cima foi usado por:

* "Rock Steady"
Bomb the Bass - "Beat Dis"
EPMD - "I'm Housin'"
Kid 'N Play - "Gittin' Funky"
Prince - "Daddy Pop"
Public Enemy - "My Uzi Weighs a Ton"
Q Ball & Kurt Cazall - "Rock the Spot"

É que, quanto mais não fosse por ter tocado o I'm Housin para aí um milhão de vezes, eu tinha a obrigação de conhecer o break. A verdade é que a nossa própria colecção pode esconder inúmeros tesouros sampláveis, sobretudo se a começámos a construir antes de ter esse tipo de preocupações. Por isso, se um dia destes voltarem de uma missão de diggin' de mãos a abanar, tristes, deprimidos e cheios de pó, nada como puxar uns discos antigos e deixar a agulha fazer aquele trabalho mágico. Quem sabe, ainda descobrem o break da vossa vida mesmo debaixo do vosso nariz. Este tinha estado aqui o tempo todo e eu não tinha dado por nada...

Aretha Franklyn - Rock Steady (áudio)