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HitdaBreakz

6/11/2005

CAN YOU JACK TO MY BEAT?


Estes últimos tempos têm sido profícuos nas edições e reedições de temas de puro acid house e de temas que usam o acid house como alicerce sonoro, como base segura para algo diferente. Tanto assim que clássicos produtores de acid house, de há muito arredados dos comandos das mesas de mistura, acharam justificado um regresso aos botões analógicos (o nome Adonis salta logo à cabeça). Mas não é só de ressureições que vive o presente momento do acid house. Está também a passar muito pelas metamorfoses sonoras do acid house quer no disco (ouçam-se as recentes edições de Nick Chacona, por exemplo) quer na própria house, tanto comercial (sim, Subliminal e Brique Rouge, estamos a falar de vocês) como mais alternativa (sim, Jesper Dahlback, Rob Acid, Chicken Lips, A Jackin Freak e Klaus Wunderbaum, estamos a falar de vocês).

Eu, que adoro a interdisciplinariedade dos géneros, só me podia perder com o híbrido único e singular que é o Emperor Machine, de um dos Chicken Lips. Híbrido esse que tanto vai beber ao rock progressivo ou mesmo ao krautrock como vai beber ao italodisco e ao acid house, criando um som cheio sem paralelos mas já com seguidores.

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A última reedição a aparecer no mercado que possa justificar algum interesse é a compilação da Soul Jazz, "Acid : Can you jack?", que reúne tanto temas de acid house puro e ainda passíveis de fazer corpos mexer nas pistas do século XXI como o Acid Crash ou o Acid Over do genial Tyree Cooper (que saudades que eu já tinha do Acid Over!) como considerações à volta do acid como as que nos proporciona Marshall Jefferson enquanto Virgo ou o ultrararo e fora-do-baralho-que-são-habitualmente-os-MAW Video Clash.

A FLUR associou-se ao lançamento desta compilação e vai proporcionar, através dos Strawberry Force Fields Forever, a banda sonora perfeita para o lançamento. A primeira data, infelizmente, já passou (era ontem, no Lux). No entanto, poderão assistir, no Passos Manuel (Porto), a uma segunda festa alusiva a este lançamento no dia 2 de Julho.

Esta compilação é, sem dúvida, interessante, mesmo para quem já tenha aquelas que são as últimas palavras relativamente às compilações da mítica Trax Records. Mas, para quem não tenha estas compilações (que são a Trax 20th Anniversary Collection e a Trax Records : Acid Classics), esta compilação da Soul Jazz sofre do problema de conter bastantes temas demasiado marginais para, de uma forma definitiva, se poder definir como a única compilação de acid house que precisam de ter.

Não foi essa a intenção da Soul Jazz (ser A compilação de acid house) com certeza. Com certeza, foi interesse da Soul Jazz fazer algo de diferente e com temas que ou ainda não estejam compilados ou que, apesar de compilados, tinham sido ofuscados pelos verdadeiros clássicos. Posto isto, fica a ressalva de, mesmo havendo esta procura do pouco óbvio, a compilação da Soul Jazz conter clássicos de primeira água como o I've lost control do Sleezy D (ou melhor, Marshall Jefferson). E fica também a ressalva de que esta compilação é fundamental para quem conhece bem o género, dado que foge ao habitual rol de temas deste tipo de compilações, e, por isso, contém surpresas que de outra forma passariam despercebidas.

Com estas três compilações, no entanto, fica coberta uma grande parte do género que é o acid house. Fica também a ideia da pluralidade de vozes que o género permite e que, de outra forma, seria difícil de perceber, associado que está o estilo a uma máquina (a TB303) e a uma caixa de ritmos (a TR808).

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Marshall Jefferson

Mas, como digger que sou, as compilações, ainda por cima recentes, nunca podem ser a última palavra. A verdade é que o diggin' não funciona só para procurar discos de funk ou de jazz em garagens poeirentas. E o diggin' também me permitiu encontrar imensos maxis de acid house e aparentados do acid house, aqui em Portugal, que eles andam aí.

Desde maxis da Hot Mix 5, da Trax, da DJ International (uma label fundada pela Trax) e da sua sublabel Underground, da FFRR (o FFRR número 1 Baby wants to ride por 50 cêntimos? sim, obrigado!... um French Kiss do Lil' Louis original por 2 euros e em bom estado? claro!), tudo isto anda por aí nessas lojas de vinil em segunda mão e a preços ridículos. Mais uma vez, o diggin' salva-me a carteira e ajuda-me a conhecer temas que nunca seriam compilados (porque não são clássicos) mas que constam do catálogo destas editoras, que funciona, neste caso, como um selo de qualidade (o pensamento é : "isto está na Hot Mix 5? não conheço mas se está na Hot Mix 5 não deve ser mau").

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Já que falamos de compilações de acid house, da FFRR e de diggin', aconselho-vos vivamente a encontrarem as compilações da FFRR de acid house. São EPs com o nome "The house sound of Chicago" (são dois volumes, acho). Tem de tudo, desde o óbvio ao nunca mais ouvido. E como foram compilações da altura (1986, 1987, por aí), tomamos contacto com o som como era entendido na altura e não estas compilações que, porque distanciadas pelos anos, foram feitas com mais 10 anos de música nos ouvidos de quem as fez, o que dá às compilações da FFRR tanto uma aura de ingenuidade e paixão irrepetíveis como uma série de clássicos que resistem para além das nossas existências como sons datados e incapazes de serem tocados no presente.