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HitdaBreakz

6/30/2005

BRIAN JACKSON - Pt. 2


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E esta é a segunda de três partes desta histórica entrevista de Brian Jackson. Prestem atenção à explosiva revelação do seu trabalho com Mike Clark dos Headhunters e Ron Carter, por exemplo. E tentem não se comover com a história da atribulada relação de Brian Jackson e Gil Scott-Heron...


Para muitos, a colaboração de Brian Jackson com Gil Scott-Heron, que se estendeu por mais de uma década, corresponderá sempre à sua fase mais forte. Combinando ritmos estonteantes, melodias frenéticas e letras aguçadas e carregadas de emoção, o par criou, praticamente sozinho, a soul moderna dando ao hip hop no processo o seu primeiro grande impulso. Apesar da tumultuosa relação em anos mais recentes, Scott-Heron e Jackson desenvolveram naquela época uma precisão quase miraculosa que através da música marcou muita gente logo desde o início.

“Não houve período de adaptação,” Brian explica. “Nós não tivemos tempo para nos prepararmos porque estávamos na Universidade de Lincoln e estava-se a preparar um concurso musical.” Jackson sabia tocar God Bless The Child que Gil queria interpretar. Gil ficou impressionado com isso e Brian mais impressionado ficou com os poemas de Gil. “Gostávamos da maneira como as coisas aconteciam rapidamente e de repente, sem sabermos bem como, estávamos numa banda chamada Blacks And Blues,” continua Jackson. “Quando o Gil terminou as gravações de Small Talk at 125th and Lenox [o primeiro álbum de Gil Scott-Heron] já tínhamos material para mais do que um álbum preparado, mas o Gil teve que provar que era capaz de vender qualquer coisa antes que Bob Thiele [o lendário produtor de jazz e fundador da Flying Dutchman] decidisse investir algum dinheiro para contratar músicos de estúdio para as gravações. Mas acabou por acontecer e sem sabermos bem como de repente estávamos em estúdio com o Ron Carter [com quem Brian Jackson está actualmente a trabalhar num projecto onde também participa Mike Clark dos Headhunters!!!!], Hubert Laws e Bernard Purdie a gravar o nosso primeiro álbum conjunto, Pieces of a Man.”

“Nunca parou. Sempre que eu ou o Gil estávamos perto de um piano ou de um pedaço de papel e lápis, as coisas simplesmente aconteciam. Sempre foi assim. Houve uma certa ligação mágica entre nós os dois. Mesmo mais recentemente, quando as coisas já não estavam muito bem, ainda assim quando nos juntávamos para tocar todas essas coisas menos positivas desapareciam por causa da pureza, da energia e do espírito por trás da música e das coisas que realmente nos interessam.”

Gil e Brian separaram-se em meados dos anos 80, mas voltaram a tocar juntos recentemente.

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“Sei que se passaram muitos anos sem que eu falasse com ele, sem que mantivesse contacto e nem sequer fizemos um esforço para contrariar isso. E então, um dia, assim do nada, ele ligou-me e começámos a falar de algumas coisas que precisavam de ser resolvidas na área dos negócios, o que nunca tínhamos feito. Mas foi de facto muito bom poder voltar a tocar com a banda e viajar por aí desde 1998 até que o Gil desapareceu no ano passado. Íamos fazer um concerto em Chicago e toda a gente estava lá à espera dele. Entretanto recebemos uma chamada de um advogado a dizer que ele tinha sido preso no aeroporto. Foi pouco depois disso que falei com ele a última vez.”

“As coisas estão um pouco paradas agora,” explica um Jackson triste. “O Gil está distante de toda a gente. Ele distanciou-se, de uma maneira ou doutra, de toda a gente que gosta dele. Talvez para se compreender melhor se deva ir ler a letra do Home is Where the Hatred Is e questionarmo-nos porque terá ele decidido refazer essa canção e chamar ao resultado The Other Side. Talvez haja uma resposta aí…”

“Antes desse tempo eu andava muito em casa dele e falávamos muito de voltar a gravar,” revela Jackson. “Apesar do relacionamento não ser o melhor, penso que estávamos a tentar reorganizar as coisas. Mas mesmo que não tivéssemos voltado a tocar juntos ao vivo ou escrito nenhuma outra canção, penso que foi pelo menos importante para mim lidar com alguns dos problemas que nos tinham levado a afastar-nos cada vez mais. Não sei se algum dia conseguimos resolver os problemas, mas sei que foram as drogas que se atravessaram no caminho. Infelizmente ele não está disponível para mim no momento e não me parece que alguém saiba onde está ele agora.”

Para lá de todos os seus problemas, Jackson ainda oferece todo o respeito do mundo ao trabalho de Gil como artista.

“Como escritor, como um poeta, eu colocaria o trabalho de Gil lá em cima ao lado dos escritos do Langston Hughes. Ele é um escritor americano clássico e no que me diz respeito ele terá que ser lembrado como um dos grandes escritores do Século XX. Sem dúvida alguma, o homem tinha uma maneira especial de lidar com as palavras – tinha um estilo sucinto capaz de dizer mais numa simples frase do que muita gente em dez páginas – vejam a faixa Pieces of a Man, um dos mais belos contos jamais escritos, se quiserem uma prova.”

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