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HitdaBreakz

5/21/2005

DIGGA'S DIGGIN' CHART # 5


Estes atrasos vão-se tornando habituais, mas a vida é assim mesmo: não há vontade que resista a trabalho, desaparecimentos de família e amigos, mais trabalho, gripes e outros obstáculos. Mas pronto, a justificação está apresentada. Abaixo há uma selecção de 10 discos que encontraram o seu caminho até aqui a casa das formas mais diferentes possíveis. Feiras, claro; trocas, claro também; mas discos comprados num café em Leiria? Discos comprados num café? Pois é, eu com os meus dois séculos de experiência, também nunca tinha entrado num café em que se vendessem discos. Mas a verdade é que, juntamente com o Dub, descobri um. E não eram 10 ou 100 discos. Estou a falar de um enorme lote de discos que o dono do Alabama (é mesmo este o nome do café...!) vai usando para complementar as vendas de pastéis de nata, sumos e imperiais. Vivendo e aprendendo, certo? E por falar em viver e aprender: espero dentro de algumas semanas ter para vos contar aquela que poderá muito bem ser a mais impressionante aventura de diggin' da minha vida (em que, uma vez mais, o Dub também está envolvido). Mais detalhes só daqui a algum tempo. Para já, seguem-se 10 "pérolas" de preços módicos e efeitos profundos. Enjoy!


JOSÉ AFONSO - Cantigas do Maio (LP, Orlador, 1974)
Nem de propósito: na véspera do 25 de Abril apareceu-me na Feira de Algés este objecto fantástico. Um álbum do Zeca AINDA SELADO!!!! Trata-se de uma edição especial da Orlador para os sócios do Círculo de Leitores, datado do grande ano de 1974, pois claro, e recheado com clássicos com que todos crescemos como Grândola Vila Morena, Maio Maduro Maio, Senhor Arcanjo, Milho Verde ou Ronda das Mafarricas. Obviamente que não era para resistir. Mesmo tendo em conta os "puxadíssimos" 5 euros que tive que pagar por ele.


BORIS VIAN - s/título (LP, Philips, 1968)
Este é um dos discos que veio do lote do café Alabama. Tendo em conta a relação de enorme paixão que tive com o livro A Espuma dos Dias deste enorme escritor, não podia deixar passar a oportunidade de ter um disco deste senhor. A receita anda muito próxima da musette mais boémia a que se juntam prestações musicais de gente como Andre Popp ou Alain Goraguer (que andaram no universo das Libraries). Ou seja, nada que enganar. Era mesmo para trazer. Não há breaks, mas há poesia. Vai dar ao mesmo!


THE MAXWELLS - Maxwell Street (LP, MPS, )
Da mesma banca onde encontrei o álbum de José Afonso trouxe este Maxwell Street dos Maxwells. Não conhecia a banda, mas o facto de ser uma edição original na fantástica editora alemã MPS não me deixou hesitar. Trata-se de um álbum de uma banda dinamarquesa, habituada a trabalhar com compositores da área da música contemporânea e a fazer primeiras partes para gente como Frank Zappa. Ou seja, um álbum de um prog-jazz muito psicadélico, carregado de LSD como seria de prever. O meu espanto foi quando vi o disco classificado na ordem dos 100 euros por alguns dealers europeus que reforçam todos o carácter de "enorme raridade" desta edição. Por 2,5 euros não foi um mau negócio. E ainda por cima o disco é bom!!!


WARM DUST - Peace For Our Time (LP, Trend, 1970)
O Popsike diz-nos ser um disco na ordem das 55 libras! Como foi uma troca por uns cds que não queria ver nem perto, acho que ganhei o dia. Trata-se de um disco de típico prog britânico (e com uma inevitável inflexão jazzística) com um ângulo político nas canções e sonoridades que por vezes os aproximam de gente como Manfred Mann. Muito interessante!


ROD HUNTER - Moog (LP, Decca, 1972)
Ok, de quantas versões do "standard" Popcorn tocadas em Moogs é que um ser humano necessita realmente? Uma bastaria, se eu estivesse em meu perfeito juízo o que não é, decididamente, o caso. Este álbum também veio do Alabama e é uma surpresa. Não por causa do mais que batido Popcorn, mas por causa de uma versão delirante do clássico Apache e, sobretudo, do enorme tema que é Snoopy, um momento de descontracção electro servido por uma enorme bateria em regime breakbeat (e com enorme potencial samplável)!!! Venham mais discos de Moog assim, se faz favor!


ALYN AINSWORTH - The Entertainer (LP, Pye, 1975)
Apreciado pelos seguidores do chamado Big Band Funk (vide a secção Lords of Lounge no site Vinyl Vultures), Alyn Ainsworth era um daqueles directores de orquestra que pagava a renda ao fim do mês com arranjos mais ou menos preenchidos de groove em álbuns budget para etiquetas genéricas. Mas este The Entertainer é mesmo um dos seus melhores discos, muito graças às escorregadelas funky de temas como The Entertainer, Farandole ou Rollerball (versão do tema principal do filme com o mesmo nome). O irónico é que encontrei este disco por 70 cêntimos no coração do centro consumista de Lisboa, que é uma forma mais elegante de dizer Cash Converters do Colombo!


THE NEW LONDON RHYTHM & BLUES BAND - Soul Extravaganza (LP, Movieplay, 1969)
Este disco não vem creditado a nenhum artista ou colectivo, mas uma pergunta colocada certeiramente no fórum do Vinyl Vultures permitiu-me pelo menos descobrir que se trata de uma versão ibérica (a Movieplay nesta época era uma operação Ibérica...) do álbum Soul Cookin' da New London Rhythm & Blues Band. Tendo em conta as "estranhas" histórias que rodeiam a Movieplay desta época, o "esquecimento" de mencionar o nome da orquestra na capa e a "subtil" mudança de título ajudam a explicar algumas coisas... O que interessa é que é mais um disco do género mencionado a propósito do álbum anterior com versões escaldantes para temas como Harlem Shuffle, Soul Man ou Green Onions. E este disco veio igualmente por troca juntamente com o LP de Warm Dust!


THE MARVELETTES - Sophisticated Soul(LP, Tamla Motown, 1968)
Outra das aquisições do Alabama, este uma verdadeira surpresa. Trata-se de uma edição inglesa do maior clássico das grandes Marvelettes. E, por uma vez, o título faz mesmo justiça ao conteúdo: é uma prima da fórmula de soul sofisticado a que a Motown nos habituou nesta época, com arranjos superiores e canções desenhadas a preceito para nos baterem bem fundo na alma. E é só grandes clássicos por aqui: de Don't Make Hurting Me a Habit até Destination: Anywhere!!! Se o Kanye West põe as mãos numa cópia deste disco, faz quatro álbuns só com samples retirados daqui! Viva o Alabama!


FELIX & JARVIS - s/título(LP, Quality, 1983)
Ok, eu sei o que estão a pensar: com uma capa destas, que mais parece um anúncio a cabeleireios de Queens (o bairro!), o que é que pode estar lá dentro? Pois é, se não fosse o Dub a trazer este disco (cabeleireiros de Queens é uma das suas especialidades;) do Alabama nunca teria descoberto esta obra-prima: electro soul do melhor, com baixos a implorarem para serem samplados, breaks de bateria, produção de luxo (Don Was é creditado na produção) e a sonoridade de Detroit espalhada ao comprido neste álbum. Não podia mesmo ser melhor! E ainda por cima revelou-nos uma editora de que nunca tinha ouvido falar, mas que agora está no topo da minha lista de necessidades: a Quality. O Dub ficou com um maxi de um outro grupo também nesta editora e a qualidade era igualmente impressionante! Facto curioso: é uma edição nacional, na Gira!


DIGITAL UNDERGROUND - The Humpty Dance(12", Tommy Boy, 1989)
Ok: as palavras Tommy e Boy ao lado de uma data como 1989 tornam qualquer disco numa aquisição obrigatória. Este maxi apareceu-me à frente na minha última ida à feira de Oeiras e não podia deixar de vir comigo para casa. É que são os grandes Digital Underground, com o clássico The Humpty Dance retirado do não menos clássico Sex Packets, um dos mais perfeitos exemplos de colagem de Hip Hop e P-Funk. Por 1 Euro? Claro que sim, obrigado!