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HitdaBreakz

5/24/2005

BREAK DA SEMANATM : LEE DORSEY - GET OUT OF MY LIFE, WOMAN


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E aqui está o segundo Break da SemanaTM, conforme prometido. E, conforme prometido, é outro clássico, o Get out of my life woman. Mas, mais do que isso, e é esta a razão principal para o atraso (atchim!), estes breaks só podiam vir ao par. É que é inacreditável a quantidade de coisas em comum que ambos os breaks têm. Senão, vejamos...

Ambos os temas, por terem sido tocados e retocados por imensa gente em outros tantos géneros musicais, são quase considerados standards.
Ambos os temas originais contêm breaks, o que faz com que sejam comuns breaks também nas covers.
Ambos os breaks têm 6 nomes.
Ambos os breaks são diminuidos na gíria para nomes mais pequenos (o PYHITH e o GOMLW).

Só que estes breaks têm uma diferença que os separa para nunca mais juntar. É que este tema, o Get out of my life, woman, é um grande tema! E não há muitas versões que consigam estragar aquilo que um dos nomes mais importantes que alguma vez vão ler neste blog fez. Quem é ele? Allen Toussaint.

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Lee Dorsey e Allen Toussaint

Allen Toussaint é daqueles nomes que são pura e simplesmente fundamentais para quem quer que tenha o mais leve interesse em funk. Esqueçam o que disse : Allen Toussaint é daqueles nomes que são pura e simplesmente fundamentais para quem quer que tenha o mais leve interesse em música.

Natural da funky Nova Orleães, Allen Toussaint é daqueles nomes incontornáveis da cena musical de que essa cidade é epicentro. A transição da soul para os ritmos mais definidos do funk passa, inevitavelmente, pelas mãos deste senhor. É da capacidade musical de Toussaint que, podemos dizer, que aparecem os Meters, já que é com ele e para ele que os Meters se lançam no mundo da música enquanto banda. Atingiram pouco tempo depois o estrelato do funk instrumental. Falo sempre com imenso carinho dos Meters porque sinto que os Meters são, para mim a definição de como deve ser uma banda de funk.

Sim, o James Brown tinha os JB's mas os Meters são os Meters. O facto de não terem um frontman tão definido, carismático, genial ou interventivo como o James Brown a trabalhar com eles (e, consequentemente, a influenciá-los em termos de som), faz com que se dilua por todos não só o protagonismo mais do que merecido mas também uma capacidade interventiva dentro da banda. Voz essa que os faz soar diferente de tudo o resto, permitindo uma liberdade maior daquela que os JB's (banda com que serão sempre confrontados quando se fala de funk instrumental) tinham, sempre sujeitos a um espartilho jamesbrowniano.

Quem me lê, até parece que um espartilho jamesbrowniano é mau quando não é. É apenas isso, um espartilho.

E também o facto de não haver um líder tão definido, permitirá ao mero ouvinte compreender os Meters como um conjunto autónomo e definido

apesar de, como vemos aqui no break, nem sempre o serem... também faziam de backing band... e esta é uma das primeiras gravações de sempre com os Meters - apesar de ainda não serem os Meters, já lá estão vários membros da formação original

e não tanto como uma backing band, coisa que acontece com os JB's quando tocavam com o James Brown. Ah, ter o Ziggy Modeliste numa banda é como ter o Deco num clube de futebol - faz toda a diferença.

Isto tudo não foi conversa ao lado do assunto. Vocês quando forem ouvir o GOMLW, pensem também nos Meters porque são alguns deles que estão por trás da voz do Lee Dorsey. O que ajuda a explicar, também, toda a força bruta do tema.

Vamos às covers, então. Andem atentos aos álbuns dos hardrockeiros Iron Butterfly. Não é o In a gadda da vida que tem o break, é o segundo álbum. Existe em Portugal (já o vi várias vezes) e vale bem a pena terem isto.

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Outro álbum que já vi por cá e que tem o break é o Hooray for the salvation army do comediante Bill Cosby (sim, o rei do Cosby Show editou álbuns com música nos anos 70). O Bill Cosby a cantar é de rir (mas só podia dar para isto, sendo ele o Bill Cosby) mas, incautos!, não gozem com o álbum! É que a banda que está por trás daquele break (e de todo o álbum) é apenas e só a Watts 103rd Street Rhythm Band.

E quem é a Watts 103rd St. Rhythm Band, perguntam alguns de vocês? A Watts 103rd St. Rhythm Band é uma banda que conseguiram, na perfeição, diluir a soul e o funk num só. Era soul, era funk, já havia coisas a tentarem ir por ali mas isto era diferente de tudo o resto. Mas mais. Conseguiram também, com essa singular fusão, chegar a um público mais vasto, mais mainstream, se quiserem. Mas a verdadeira marca do que é bom e tem qualidade é a capacidade não só de agradar muita gente (como era o caso) mas, principalmente, de se tornar intemporal. É essa a definição do que é um clássico. E estes meninos fizeram clássicos para todos os nossos dias. Sucessos como Express yourself [audio] (com Charles Wright na voz) tiveram a capacidade ultrapassar o peso das décadas para ainda hoje nos entrar pelos ouvidos, seja no cinema, seja na rádio, seja na televisão (onde é das músicas mais usadas para anúncios publicitários).

Das cinzas da Watts 103rd St. Rhythm Band, saiu outra banda igualmente fundamental : os War. Mas não só! Não erro se disser que sem o som que a Watts 103rd St. Rhythm Band desenvolveu, não existiriam bandas tão fundamentais como os Earth, Wind & Fire, por exemplo.

Mas há muitas outras versões! Sendo um standard tanto da soul como do funk, é natural que quer o Solomon Burke quer a dupla Sam & Dave adornem versões do GOMLW.

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E um dos holy grails do diggin' é uma versão do GOMLW. Falo da versão da banda beat holandesa Q65 que contém um belíssimo break. Só vi este disco uma vez na vida, na primeira feira da Gare. Estava lá numa banca espanhola mas o preço puxadinho de 100 euros que me pediam por ele fez com que o disco continuasse no sítio onde estava. É um preço justo, no entanto, já que é um disco muito cobiçado por dois mundos : o mundo dos breaks e o mundo do freak beat. E a regra é simples : pouca oferta, muita procura, o preço sobe.

Outra versão do GOMLW que procuro é a versão do Grassella Oliphant. Por isso, quem a tiver e não a queira (loucos!) que diga qualquer coisa e pode ser que a gente arranje qualquer coisa em termos de trocas.

Caso algum de vocês descubra uma versão do GOMLW, façam o favor de avisar aqui o HdB. Porque, podem ter a certeza, são muitas as versões do GOMLW. É só uma questão de diggin' in the crates para as descobrirem. E não se esqueçam de dar atenção a tudo o que seja produção ou criação do Allen Toussaint, as probabilidades de ser bom é demasiado elevada para não arriscarem. Mas tenham sempre em atenção o preço que vão pagar.

BREAK DA SEMANATM : LEE DORSEY - Get out of my life, woman [audio]