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HitdaBreakz

3/13/2005

OS ATIRADORES DE PEDRA MANDAM MAIS UMA


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A Stones Throw não pára. E ainda bem para nós todos. É que os atiradores de pedras preparam-se agora para editar aquilo que parece ser o segundo volume da Funky 16 Corners, aquela que é, para mim, a mais importante colecção de funk de todos os tempos.

Onde se destacava a Funky 16 Corners (e que ajudou a tornar a compilação a melhor do seu género) foi o facto de, pela primeira vez, encontrarmos numa compilação os maiores nomes do funk todos juntos e editados como deve ser.

o Egon andou atrás dos artistas originais para lhes pedir autorização para fazer a compilação e irá com eles repartir o lucro das vendas, o que, não sendo inédito, é raro; a compilação foi feita com acesso às masters e dando um tratamento do século XXI às faixas, levando-as a soar como nunca soaram antes.

Não há qualquer outra compilação deste calibre que consiga meter tão grande número de pesos pesados do funk. Carleen & the groovers, Ernie & the Topnotes, os amadores estudantes da Kashmere Stage Band, os Bad Medicine, Spider Harrison, The Highlighters e a banda que lhes seguiu, os Rhythm Machine, Billy Wooten (já não tanto no puro funk mas não deixa de ser um Mike Tyson)... enfim, é um lineup de sonho. Mas não é só isto que torna o primeiro volume da compilação o portento que é. É que cada um dos nomes oferece à compilação a sua maior contribuição para o funk. A Carleen e os Groovers oferecem o Can we rap, os Highlighters o Funky 16 Corners, o Ernie e os Topnotes oferecem o (meu deus!) Dap Walk, os Bad Medicine o Trespasser, e por aí fora.

Provavelmente ciente disto, a Stones Throw não arriscou em chamar a esta compilação a Funky 16 Corners vol. 2. Levaram até a ideia de separação de águas ainda mais longe : limitaram temporalmente a compilação (1968-1974) de uma forma desnecessária já que quase todos os sucessos do funk presentes nestes seis anos davam para fazer 50 compilações; e decidiram que a Cold Heat seriam o primeiro volume da série. Espertos, faria o mesmo - é que não se deve mexer na perfeição.

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Nesta Cold Heat, com um lettering a lembrar, em tudo, o fabuloso Cold Sweat do James Brown (não é preciso agradeceres ter-te arranjado isto, digga), não deixa de haver grandes nomes do funk mas há um que é repetido escusadamente : a Carleen & the groovers oferece agora uma segunda escolha, em nada semelhante à genialidade dos curtos minutos de Can we rap. Os Detroit Sex Machine estreiam-se nestas compilações da Stones Throw mas, infelizmente, com o The Stretch. Aqui no HdB, dos Detroit Sex Machine, só gostamos do Funky Crawl.

Por outro lado, saúda-se o regresso dos amadores estudantes da Kashmere Stage Band, que nos oferecem a sua magnífica versão do Scorpio do (muito amado pelo digga) Dennis Coffey. E os Soul Seven que nos tinham oferecido o Southside Funk na Funky 16 Corners, dão-nos agora um bem melhor Cissy's Thang. Mas, à primeira vista e desconhecendo suficientes temas, não tenho qualquer problema em afirmar que uma das maiores pérolas desta compilação é-nos dada pelos Dayton Sidewinders. É que os Dayton Sidewinders dizem "presente" na compilação com o fortíssimo Slipping into Darkness, tema que, por muito bom que seja qualquer outro, será sempre um dos grandes temas de funk de todos os tempos. Aliás, este funk 45 dos Dayton Sidewinders de onde é retirado este tema, é um dos 45 rotações originais mais desejado aqui por estes lados.

Mas isto são os temas que conhecemos. Porque há tantos outros na compilação dos quais nunca ouvimos falar, assim em bruto (podem ser grupos conhecidos mas com nomes ou formações diferentes - como aconteceu com os Highlighters e os subsequentes Rhythm Machine). É que isto de ser músico amador ou semiprofissional implica também que a música seja tratada como hobby e basta algo tão normal na vida de uma pessoa como mudar de cidade por causa de um emprego para que uma banda termine a sua vida e recomeçe com outro nome. E há tantas bandas de funk que passaram por este processo. Por isso é que as linernotes da Cold Heat Vol. 1 são algo de muito esperado, como já tinham sido as notas do Funky 16 Corners.

Seja como for, conhecidos ou desconhecidos, com novas ou com velhas formações, com nomes diferentes ou com nomes já nossos amigos, é com muita expectativa que esperamos pela compilação.