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HitdaBreakz

3/02/2005

CHRIS JOSS: YOU'VE BEEN SPIKED




Diz-se frequentemente que a imitação é a melhor forma de elogio. E, verdade seja dita, como em tantas outras coisas da vida (das roupas de marca aos relógios suíços, dos truques de Cristiano Ronaldo aos golpes baixos da política americana) também na música a imitação se tornou uma forma saudável de revisitar períodos específicos, ajudando a que alguma da música produzida agora recupere para as novas gerações os estímulos mais interessantes de outras épocas. O curioso é que quando isso acontece com o rock rapidamente se tiram da gaveta expressões como “regresso às origens”, mas no caso de músicas onde o sampling desempenha um papel mais activo é mais normal alguém deparar-se com frases como “maneirismos retro” numa tentativa de descrever o que se ouve. Imitar valores de produção de antanho era algo a que a cena do novo funk já estava habituada (editoras houve que se deram até ao trabalho de recuperar velhos artefactos tecnológicos para conseguirem reproduzir o fantástico ruído de outros tempos) e com a explosão electro assistimos, impávidos e nada serenos, ao limpar do pó a tudo o que era teclado sem display LCD. E com um anunciado regresso do projecto Harmonic 33 de Mark Pritchard dos Global Communications (que homenageia a Library Music com um álbum de música criada de raiz para soar como se fizesse todo o sentido no catálogo da KPM) é mais uma peça que se junta a este puzzle de regresso ao passado. O francês Chris Joss faz o mesmo com You’ve Been Spiked, que a Eighteen Street Lounge dos Thievery Corporation agora distribui.
Neste álbum, Chris Joss veste a sua melhor roupa de pimp de filme blaxploitation, pendura no tecto uma bola de espelhos, espalha puffs retro por todos os recantos do estúdio e forra as paredes a veludo púrpura. Tudo isto para criar uma amálgama de funk, disco, sons de Library Music e pastiches de bandas sonoras de filmes de zérie Z. O resultado, no entanto, é vibrante e, por alguma razão, só poderia ter sido produzido no século XXI. Talvez pela gestão dos breaks, talvez porque toda a música aqui contida clama por uma pista para fazer sentido. Imitação ou não, You’ve Been Spiked tem o mesmo impacto que a “real thing”. E não se pode pedir mais.

Clips do álbum podem escutar-se aqui.