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HitdaBreakz

3/21/2005

BREAK DA SEMANATM : GINETTE RENO - DON'T LET ME BE MISUNDERSTOOD




Como já a semana passada havia constatado, o Break da SemanaTM pode chegar atrasado, mas não falha. No entanto, e ao contrário do sucedido na última edição desta rubrica, hoje não é de um clássico que vamos falar, mas de um nome perfeitamente desconhecido para mim: Ginette Reno, canadiana que Engelbert Humperdinck faz questão de elogiar profusamente nas liner notes de Everything That I Am, o álbum que vos trago hoje. Não sei se o "apadrinhamento" do bom e velho Engelbert tem algum significado especial pois até hoje nunca gastei grande tempo com esse senhor (há algo no nome que não me convence), mas também não foi essa a razão fundamental para a aquisição deste disco. Mas já lá iremos.

Este fim de semana foi dedicado ao passeio por terras alentejanas. E como quase sempre gosto de fazer, desci a costa a partir de Tróia, o que me obrigou a mim e à minha cara metade a passar por Setúbal e logo num sábado, dia de feira de velharias local. Como dizia aquela grande escritora portuguesa de cujo nome não me recordo agora, não há coincidências, certo? Claro que não. Logo no primeiro crate em que descansei a vista existia um álbum de Joe Bataan na Salsoul que tenho resistido a comprar pois aparece com bastante frequência, mas não numa cópia limpa e com capa em bom estado. Por isso mesmo, voltou a ficar ali, apesar dos meros 2 euros que a antipática senhora daquela banca de perfeita porcaria me pediu. Sugeri-lhe 1 euro e perante o seu rotundo "NÃO" digno de uma peixeira a quem perguntamos se o sável já tem uma semana declinei e avancei para a banca seguinte. E, sem ter tempo para respirar, lá encontrei um álbum do grande percussionista King Errisson cujo lastimoso estado também não me convenceu a dar os 4 euros pedidos pelo irmão/marido/primo ou pelo menos ex-aluno da mesma escola que a senhora da banca do disco de Joe Bataan. Este é um dos problemas da feira de Setúbal: preços um pouco dilatados demais quando comparados aos que se praticam em Lisboa em certames do mesmo género, embora não haja dúvida de que se encontram coisas escaldantes por aquelas bandas. A minha cópia de Groove Grease de Jimmy McGriff veio dessa feira, por exemplo.

Enfim. Em dia de Vitória-Benfica, talvez os preços fossem uma reacção à invasão de alfacinhas que, pelos lados de Setúbal, só se justificam plenamente quando são do tipo vegetal e se acomodam nas saladas que acompanham o peixe fresco disponível naqueles restaurantes da lota. Estou a brincar, claro, mas percebem a ideia, julgo eu...

Numa outra banca de um conhecido de longa data pesquei um mui interessante álbum de Al Caiola de título Sounds For Spies and Private Eyes. Os 5 euros pedidos valiam a pena perante o estado incólume desta edição original americana na United Artists, ainda com o plástico do shrinkwrap original e tudo. Trouxe o disco. Finalmente, uma outra banca chamou a minha atenção. Discos a 2 euros em perfeito estado de conservação. Uns bons 20 minutos foi o que me levou a passar em revista todos os discos daquela banca. Conclusão: o senhor que era dono daquela colecção foi emigrante, certamente, tendo visitado países como a Alemanha, Inglaterra, França e Espanha. Vários dos discos levantavam suspeitas, mas preferi compilar mentalmente alguns dos nomes para poder investigar a sua validade antes de gastar por ali demasiado dinheiro. No entanto, houve um disco que me chamou a atenção de forma mais intensa. Falo deste álbum da senhora Ginette Reno, até aquele momento perfeitamente desconhecida para mim, mas que o Google já revelou estar ainda em plena actividade como já hão-de ter comprovado se clickaram num dos links que por aí deixei. Na verdade, não foi o nome de Ginette Reno que me impressionou, mas o facto de na ficha técnica se dar crédito a Johnny Harris pelos arranjos e direcção musical. Lá pela mesma caixa andavam vários outros discos em que Harris desempenhou semelhantes funções, como o imortal Something de Shirley Bassey (álbum que já possuo em pelo menos três prensagens distintas e que por isso deixei por lá) o que me levou a pensar que se o senhor que originalmente comprou o disco gostava dos arranjos de álbuns como o Something e tinha conservado tão bem este Everything That I Am talvez valesse a pena trazê-lo.

Chegado a casa, descobri que de facto é um disco interessante. A senhora terá sido descoberta pelo já referido Engelbert e a Decca tentou embalá-la como um produto para o mercado inglês. Para isso deu-lhe um penteado à Petula Clark, um reportório em inglês (esta senhora, vinda do Canadá francófono, cantou muito na língua de D'Artagnan...) e os préstimos do autor do enorme Movements ao nível das orquestrações. Claro que há momentos bem cheesy no disco (ou não estivesse Engelbert envolvido nisto), mas quando quer, Harris é capaz do melhor. E o arranjo do clássico Don't Let Me Be Misunderstood é exemplo disso mesmo, com uma toada funky que nem sequer se disfarça pois começa por um break que permite que este disco se encaixe na perfeição nesta rubrica. E é isso. Fica aí um excerto dessa música.

Quanto ao resto do fim de semana, só vos posso dizer que foi preenchido com muita paz, horizontes a perder de vista sobre a costa vicentina e descanso do mais puro. Hoje é segunda feira: a guerra recomeça aqui. Tenham uma boa semana!

BREAK DA SEMANATM

GINETTE RENO - Don't Let Me Be Misunderstood [audio]