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HitdaBreakz

2/26/2005

REGRESSO AO FUNK




Após longa ausência motivada por um computador constipado, este post dita o meu regresso ao HdB. Vai ser curto porque não quero nem por sombras tirar o espaço que o enorme Break da Semana desta semana merece (vão ouvi-lo lá em baixo se ainda não o fizeram). Quero deixar o meu público agradecimento ao digga por ter conseguido, sozinho, com estes posts, ter elevado o conteúdo do blog e por ter desenvolvido, ainda mais, no léxico do blog a palavra "funk". Funk soul brother, gracias.

Há movimentos que vêem devagarinho e que escapam aos mais desatentos. O funk não é um desses movimentos - a força do groove que o funk desenvolve não permite que o ignoremos. No entanto, em Portugal, tal não aconteceu. James Brown não foi, nem por sombras, o deus do groove que era nos Estados Unidos e noutros países, os Meters nunca foram um nome corriqueiro nos meandros musicais portugueses e o funk nunca ("nunca" talvez seja demasiado forte... "raramente" se calhar é mais certo) foi recebido e traduzido para discos portugueses como merecia. Por isso, são discos como os da Sharon Jones que nos podem ajudar a compreender a diferença entre o funk e tudo o resto. Discos que apesar de serem feitos hoje, mantêm aquele espírito cru que apenas e só o puro funk tem.

Não há qualquer anacronismo em fazer funk no século XXI. O funk é matéria prima para tantos géneros que hoje tomamos como independentes - é possível ver funk no hiphop, no techno, no house, no disco, na pop, no rock... - e faz todo o sentido que o funk reclame para si a independência musical que esses outros géneros tomam como certa e indiscutível. Mas também é por causa do canibalismo desses géneros ao funk que hoje o funk é uma linguagem sonora que faz sentido. E é essa interactividade entre os vários géneros e o funk que tornam ainda mais relevantes (nem que seja para compreender esses outros géneros na sua totalidade) as necessidades dos amantes da música em ouvir funk, em entender este género, em perceber o groove até à última batida.

Mas não é tudo. Como todos os outros géneros contemporâneos com o funk dos anos 70, o funk evoluiu, sempre atento à realidade que é estes tempos em que vivemos. E essas influências notam-se até nas próprias letras dos temas - a própria Sharon Jones tem um tema chamado "What if we all stopped paying taxes?" [audio] em que questiona a validade da guerra no Iraque paga por contribuintes que não a querem (numa abordagem de crítica social que, apesar de não ser novidade, é rara num género mais conhecido por ser feel good do que propriamente atento às desgraças da vida).