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HitdaBreakz

2/05/2005

DUB : DIGS DE 2004 (PARTE II DE III)



VA - West Coast Love In (Vault 1967)

Ah, bons tempos que devem ter sido estes em São Francisco, por altura do fim dos anos 60. Devia sentir-se o cheiro da mudança, não só geracional mas também social. E a música, como música de fundo de todas as alterações da sociedade, acompanha sempre. Esta compilação retrata dois grupos que forneceram essa música de fundo, os Peanut Butter Conspiracy e os Chamber Bros. Hmmm, mas são três as bandas que lá estão, e os Ashes? Os Ashes, que também estão na compilação, são a anterior formação dos Peanut Butter Conspiracy (é a segunda vez que escrevo Peanut Butter Wolf e tenho que emendar) antes dos Jefferson Airplane "roubarem" o baterista dos Ashes, metendo-lhe LSD sem ele saber e raptando-o. Se calhar não foram assim tão bons os tempos em São Francisco... Musicalmente, é soberba, principalmente o "Dark on you now" dos Ashes, música essa que foi regravada pelos PBC mas, por não ser cantada pela Barbara Robinson (ou sequer tocada com aquela falsa ingenuidade), perde metade da força que tem neste álbum. Ah, a soul psicadélica dos Chamber Bros. não atinge, aqui, os excelentes níveis do "Time has come", apesar de ter sido editado no mesmo ano. Mas são os Chamber Bros., por isso, não pensem que estes "baixos" níveis desta comp são baixos, que não são.



ALMENDRA - Almendra (RCA Vik 1969)

Os Almendra são, a par dos Los Gatos (outro nome a reter), uns dos membros fundadores do rock argentino e conta nas suas hostes com Luis Spinetta, um dos seus pais e expoentes. E é Spinetta que domina este álbum, compondo, cantando, enfim, sendo quase a alma e o corpo dos Almendra. Fuzz, meus amigos, fuzz. E que fuzz! Temas como Color Humano (aqui é Molinari que brilha num enorme solo de fuzz) ou Ana no duerme não devem nada ao rock que se fazia bastante mais a norte, forte e óbvia influência no som dos Almendra. Devem procurar também álbuns mais tardios do Spinetta enquanto Pescado Rabioso, valem a pena.



THE LIFT - The eleventh house (Key Charisma 1972)

Este é um álbum que fiquei muito feliz por descobrir. É um álbum diferente já que é mais do que um álbum. É daqueles álbuns onde a música fica para segundo plano (apesar de não ficar). Bob Reitman, figura da rádio em Milwaukee (de onde o grupo é originário), juntou-se ao amigo John Sahli, guitarrista, e criou um grupo onde juntava música, poesia spoken workd, tapes e slides e filmes. Se fosse no século XXI, Reitman e Sahli não chamavam a isto um "mixed media show", como lhe chamam na contracapa - chamavam-lhe multimedia. O álbum foi gravado de forma bastante engraçada, com os músicos participantes, para além de Reitman e Sahli, a tocarem no álbum por acaso : estavam no estúdio a fazer outras coisas e Reitman e Sahli perguntavam "querem ajudar-nos?". Para além disso, o preço das 500 cópias feitas do álbum foi determinado para que pudessem pagar o empréstimo que dois amigos fizeram para gravar o álbum. São tudo longas divagações em forma de poema sobre situações e problemas da época e, como tal, mais uma janela sobre a vida há 30 anos atrás.



WEST COAST POP ART EXPERIMENTAL BAND - Part One (Reprise 1967)

É oficial : é das bandas psicadélicas mais interessantes de todo o sempre e um nome que quem não conhece deve rapidamente conhecer. Apesar de se chamar Part One, é, na realidade, o segundo disco dos West Coast Pop Art Experimental Band. O primeiro é uma edição de 1966 (um ano antes) bem rara numa editora chamada Fifo (cujo título do álbum é o nome da banda), álbum esse que nunca ouvi mas que já foi reeditado. Os WCPAEB são um grupo de 3 jovens (jovens nos anos 60, claro) com formação musical, a que se acrescenta Bob Markley. Nunca ficou claro se Markley era membro ou era apenas o "director musical", se assim se pode chamar. Seja o que for, o nome da banda não foi escolhido ao calhas : só neste álbum, a palavra experimental nota-se em temas como Transparent Day ou Help I'm a rock e a palavra pop nota-se em Shifting Sands ou em If you want my love. Não vou falar muito deste álbum, deixo-vos apenas isto :

Dos melhores álbuns de todo o sempre.

Espero que isso aguce a vossa curiosidade.



SWEET AIR - From the felicity facility (prensagem privada 1972)

Depois de tanto rock, é bom que apareça um álbum da mesma altura mas electrónico. E é isso que "From the felicity facility" é, um álbum que aproveita os novos sons analógicos que agora começam a surgir com mais frequência. O álbum não é excepcional, antes um aproveitar de uma ideia central e, a partir dela, criar sobre ela patamares, sem nunca fugir muito. Mas fica a referência para quem gosta da história da música electrónica.