2/20/2005
BREAK DA SEMANATM: THE CRUSADERS - THANK YOU
Quando o pianista Joe Sample, o baterista Stix Hooper e o saxofonista Wilton Felder se juntaram em Houston em 1954, os Swingsters nasceram. O baixista Henry Wilson, o trombonista Wayne Henderson e o flautista Hubert Laws não demoraram muito tempo a juntar-se ao grupo que, com as novas adições, mudou de nome para Modern Jazz Sextet. Na época, uma mudança para Los Angeles foi encarada com naturalidade, pois era nessa cidade que tudo parecia passar-se nos domínios do jazz e o quinteto (o baixista ia mudando, consoante as necessidades) base assumiu a identidade The Jazz Crusaders. As primeiras gravações para a Pacific Jazz deixaram imediatamente claro que este não era um grupo de fundamentalistas, pois estava sempre aberto às influências da música popular, nomeadamente as vibrações mais terra-a-terra do R&B e da Soul com origem em Memphis.
Hubert Laws não tardou a seguir carreira a solo, tendo registado inúmeros discos com a CTI de Creed Taylor. Mas o quarteto de Henderson, Hooper, Sample e Felder manteve-se coeso, deixando cair a palavra "Jazz" da sua designação para não se prenderem demasiado a um só universo.
Depois de terem gravado para diversas editoras, os Crusaders aterraram em 1970 na etiqueta Rare Earth, que o patrão da Motown, Berry Gordy, havia baptizado com o nome da sua primeira contratação para esse selo - os soul rockers Rare Earth, grupo descoberto por Dennis Coffey. Neste álbum, Wayne Henderson, Wilton Felder, Joe Sample e Stix Hooper trabalharam com Arthur Adams e Freddie Robinson nas guitarras, talvez para justificar o cariz mais "rock" da editora. Na verdade, Old Socks, New Shoes (Rare Earth, 1970) é um álbum de funk tocado pelo espírito do jazz, que abre com uma enorme versão de Thank You, dos Sly & The Family Stone. Todo o álbum é um exercício sólido de busca dos contornos do groove, com diversas linguagens - do rock ao funk, do jazz à soul - a cruzarem-se nas mãos de mestres que por esta altura já possuiam um entendimento quase telepático das linguagens de cada um.
Em Thank You, sobre uma fuzz guitar escorregadia, Stix Hooper solta-se e oferece-nos um enorme break que até hoje ainda não ouvi em disco nenhum. Não significa, obviamente, que não tenha sido samplado, mas não terá sido em nenhuma obra terrivelmente conhecida. Talvez esteja na hora!
Break da SemanaTM : The Crusaders - Thank You
Thank You (audio)
