<$BlogRSDUrl$>
.

HitdaBreakz

1/10/2005

DUB'S DIGGIN' CHART #1


Para este meu primeiro chart, decidi meter só 12 polegadas, a grande maioria deles é de disco (alguns deles são fruto de um lote de 60 discos de doze polegadas de disco que eu e um amigo meu comprámos). Os outros são tudo coisas encontradas pelas lojas em segunda mão e alguns digs em locais estranhos (como o do Extra T).

Ora então, aqui vai.

Nota mental : Tentar escrever este texto sem referir nunca o jogo Sporting Benfica... o Digga lampião ainda está a sofrer.


DEODATO - Night Cruiser / Love Magic (Warner Bros., 1980) [audio]
Eumir Deodato é mais conhecido como um homem da fusão e tem em Prelude, um álbum de 1973 da editora CTI, o seu ponto mais alto enquanto músico. É no Prelude que encontramos a versão do tema "Also sprach Zarathustra" de Richard Strauss (que é também a música mais reconhecida do célebre filme de Kubrick, o 2001 Odisseia no Espaço). Foi com o single desta versão que a porta de entrada para o mercado norteamericano foi possível para Deodato, atingindo, não só nos EUA mas também em vários outros países, o topo dos charts comerciais . Para mim, o Prelude é a casa de um tema que me diz muito mas cujo nome me escapa por completo e o facto de não encontrar o álbum (onde estarás?), não me permite tirar as dúvidas que tenho. Eu tenho quase a certeza que é o Prelude to an afternoon of faun mas fica a dúvida. O tema que refiro podem ouvi-lo num dos primeiros trabalhos dos Zero 7, enquanto remisturadores, a remistura deles para o "Love theme from Spartacus" na versão do Terry Callier. Deodato + Terry Callier? Que grande dois em um - dois um? atchim!

Deodato é mais associado à fusão, a discos como o Prelude. Mas a verdade é que Deodato não é apenas e só isso, basta lembrar que esteve por trás do sucesso comercial dos Kool & The Gang, no início dos anos 80, produzindo os álbuns donos de canções como Celebration, Too Hot e Ladies Night., temas longe do habitual mundo da fusão. Este Night Cruiser, no entanto, é diferente. É reverenciado como um dos clássicos do disco (podem encontrá-lo, por exemplo, na excelente compilação do Frankie Knuckles, o dj pai da house music, para a Azuli, a muito conhecida Choice - A collection of classics, que contou já com outros selectores de igual renome no mundo da música de dança como Louie Vega, Tony Humphries ou Francois Kevorkian. Só daí dá para ter uma ideia da importância que o disco teve no disco. E nem é um disco a que associemos logo ao disco mas entrou nas malas dos djs e de lá não saiu mais.



KAREN YOUNG - Hot Shot (Atlantic, 1978)
Clássico de disco que, apesar de ser dos doze polegadas da West End mais vendidos de sempre - mais de 800 mil cópias - nunca me tinha aparecido à frente. Apanhei-o, não na sua versão americana (a tal na West End) mas na versão inglesa (na Atlantic). Fica aqui a referência para quem o vir e gostar do seu toque latino. É que 800 mil cópias andam por aí.



EXTRA TERRESTRE - E.T.'s Boogie (Sunnyview Records, 1982) [audio]
Um digger, mesmo que não conheça o tema, tem a obrigação de ficar com as orelhas espetadas quando encontra um disco da Sunnyview. É que a Sunnyview é uma editora que lançou para o mercado dois discos que são agora marcantes na história do hiphop, o Jam on it e o Jam on revenge dos Newcleus. Mas não foi só no hiphop que a Sunnyview se movimentou, já que o Jimmy Bo Horne editou o seu sucesso disco "Spank" (que ainda recentemente arranjei para mim) aqui e o George McRae editou o single em 12 polegadas "Rock your body" aqui também, só para dar dois exemplos (o disco do George McRae é muito comum cá em Portugal por isso quem não o tiver não tem desculpa... dá uma bela audição).

Dos discos de electrofunk mais procurados, este E.T.'s Boogie é um disco que eu procurava já há muito tempo e que nunca pensaria ser possível encontrar em Portugal mas, sorte,foi encontrado no meio de uma sala com um metro e meio de altura e com dezenas de caixotes de papelão, todas elas com discos, numa sessão de diggin' com o Digga.



LAID BACK - White Horse (Sire, 1984) [audio]
Já tinha este disco em vários 7 polegadas e em várias compilações mas nada como ter um White Horse com as palavras Full Lenght Version por baixo. Sim, os Laid Back. Sim, aqueles que cantam o Sunshine Reggae. Sim, este disco é das melhores coisas que os anos 80 nos deram. E sim, este disco é das melhores coisas que a Dinamarca nos deu, ao lado dos irmãos Laudrup e das fotos dos pinheiros verdes contra um fundo de neve - verde e branco? atchim!

Um hino contra a droga ("if you wanna ride, don't ride the white horse"), é, neste preciso momento, um disco a que muita gente está a regressar, graças a um groove electrofunk que faz mexer estátuas - estátuas? atchim! (olha, duas referências num só post... dois um? outra vez atchim! afinal, foram três...)



KLEEER - Get tough / Hypnotised (Atlantic, 1980) [audio]
Os Kleeer, com três Es, são uma banda que vocês todos já ouviram mas que não sabem quem são. Qual de vocês é capaz de me dizer que nunca ouviu o Jingo do Candido, na Salsoul? Sim, jingooooooooooo, jingo ba. Pois, essa. Foram os Kleeer que tocaram nesse disco, dando corpo àquele pedaço de música que me atormenta os ouvidos cada vez que a oiço (confesso, não gosto nem um bocado do Jingo, aliás, embirro com o Jingo). Mas não é por aqui que interessa conhecer os Kleeer com três Es. O que interessa saber dos Kleeer é o facto de terem tocado noutros clássicos do Candido (bem melhores estes!) e que ficaram para a posterioridade como indiscutíveis discos do melhor que se fez no disco : o Thousand Fingered Man e o Dancing & Prancing. Interessa saber que o som disco dos Kleeer é muito bom, com referências sonoras muito diversas e fugindo o suficiente aos clichés do disco sound para merecer a vossa atenção, por isso, sempre que os virem, fiquem com eles (não são nada caros).

Mas atenção porque há mais do que parece. É que o que interessa mesmo mesmo saber dos Kleeer, e o que os torna tão especiais e que ajuda a explicar a diferente (e, para mim, melhor) maneira deles abordarem o disco, é que os Kleeer são a banda que surgiu após o desmembramento de uma das maiores experiências do génio do Patrick Adams e do Greg Carmichael : os Universal Robot Band. Os Universal Robot Band fizeram discos geniais e não há volta a dar. São das melhores coisas que o disco tem para oferecer e ainda estávamos tão no início do disco quando os dois produtores e a banda fizeram temas como o Barely Breaking Even ou Dance & Shake your tambourine, para falar dos mais conhecidos. O Barely Breaking Even é dos meus discos preferidos de sempre do disco e não estou sozinho nesta opinião : basta pensar que uma das mais importantes editoras de agora, a BBE, retirou daqui o seu nome.



FREEEZ - Southern Freeez (Beggars Banquet, 1981) [audio]
Outra banda com 3 Es. O I.O.U. dos Freeez, produzido pelo Arthur Baker, é o tema dos Freeez com 3 Es que encontro mais vezes nas feiras e no Cash Converters, e é um belíssimo tema. Mas este, este tema é que é a pérola dos Freeez. Quem me chamou à atenção para este tema foi o Gilles Peterson, que o introduziu num top para uma revista, no meio da década de 90, um top tipo "10 músicas da minha vida" e este era uma delas. E quando o Gilles Peterson diz que uma música é uma das melhores da vida dele e nós não conhecemos, o melhor que temos a fazer é seguir as pistas e ouvir o tema. Muitos anos depois (ou seja, fast forward para 2004), encontrei este maxi e, claro, as lâmpadas acenderam-se. "É o tal tema!" e aqui está.

Os Freeez são uma tentativa da Beggars Banquet se introduzir num mercado bem diferente do seu habitual estábulo mas sem grande sucesso comercial. No entanto, são considerados uma das melhores bandas do Reino Unido de jazz funk dos anos 80, são habitués dos sets de rare groove e ainda recentemente foram compilados no "British Hustle" da Soul Jazz Records, um tributo merecido a uma banda que passou pela sua vida activa quase incógnita.


THE TRAMMPS - Disco Inferno (Atlantic, 1975)
Os Trammps, com dois Ms, personificam na perfeição o philly sound aplicado ao disco. Os baixos, os sopros, os violinos (ah, os violinos, sempre os violinos... podem ser dois, podem ser cinco violinos - cinco violinos? atchim! - mas dão um som enorme a estes discos)... todos aqueles elementos Gamble & Huff estão presentes no som dos Trammps. Todos nós conhecemos este tema, passa na rádio, é tocado nos bares, casamentos e afins, discotecas boas e más, conhecemos o tema se vimos o Saturday Night Fever, enfim, está em todo o lado.

Mas só prestei a devida atenção aos Trammps quando li uma entrevista do Norman Jay em que ele dizia que um dos temas mais bonitos que ele conhecia (e meu deus, como aqueles ouvidos ouviram música) era o "Where were you when the lights went out" dos Trammps. Curioso, tentei arranjar o tema pelos meios legais, rapidamente me dando conta da difícil tarefa que tinha em mãos: esse single é complicado de arranjar. Os meios não-legais foram bem mais proveitosos e sim, Sir Norman tem razão, belíssimo tema. Talvez mais do meu género que este Disco Inferno.



MERLIN - Born Free (Rhythm King, 1988) [audio]
Que bela surpresa! Conhecia a editora, a Rhythm King, de que possuo vários discos, entre eles uns dos Bomb the bass e dos S-Express, mas não fazia a menor ideia quem era o Merlin. A capa do disco estava bem estragada, o disco estava com um aspecto péssimo (até para mim que não me assusto muito com discos com mau aspecto - "precisa é de água e sabão") e podia ter sido mais um daqueles discos de que nunca mais me lembraria e de que nunca mais iria ouvir falar. Não sei porquê, comprei o disco (também não custa nada arriscar em discos que custam cinquenta cêntimos) e trouxe-o para casa. Lavei-o e meti a agulha no disco. E aconteceu aquilo que espero que vos esteja a acontecer quando carregarem no link em cima.




CAPRICORN - Capricorn (Emergency 1980) [audio]
A Emergency é daquelas labels que se deve comprar de olhos fechados, principalmente com os sons que estão a ser utilizados agora e que são recuperações do som que estes meninos faziam para esta editora, já para não falar do toque italiano (com o italo à cabeça) que lhes era conferido e que se encontra presente em muitos destes discos. É na Emergency que vivem o "In the bottle" dos C.O.D., a majestosa versão para as pistas de dança do clássico do Gil Scott Heron; é na Emergency que vive o "Feels good" da Electra, tema que hoje, com todo este renascimento de tudo o que soe a electrónico, num ânsia de dar som ao século XXI, só não é mais tocado porque, apesar das várias reedições, passa despercebida a muita gente; é na Emergency que vive o It's a war dos Kano, um dos temas de italo mais importantes e que viu nova roupagem ainda há umas semanas pela metade dos Radio Slave que mais se deu a conhecer ao mundo, o Serge Santiago, numa das suas edições coloridas (a verde - verde? atchim!); e mais vivem, deste calibre, prontinhos para serem (re)conhecidos. É uma bela vizinhança (vizinhos? atchim!).

Os Capricorn são dois produtores/músicos que melhor definem o que é o (bom) italo e o que é o som italo, o Claudio Simmonetti e o Giancarlo Meo. "Claudio Simonetti?", diz o Digga. É que ele reconhece logo este nome porque fez parte de uma banda de que ele é grande fã e que me apresentou, os Goblin. "Dub, tu vais adorar isto", dizia ele. E foi verdade. Tanto assim que agora oiço o que lhes seguiu. E já que estávamos a falar em conhecimento e reconhecimento, este nem é o tema mais conhecido deles, já que essa honra vai para o I need love, ainda recentemente compilado numa das melhores portas de entrada para todo o universo do italo, a I-Robots Italo Electro Disco Underground Classics, que saiu na Irma. E podem encontrar o dub do I need love numa das melhores séries de reedições bootlegs de pérolas des-ou-pouco-conhecidas que por aí andam, as Automan (quando sairá o novo volume?).



CARRIE LUCAS - Dance with you (Solar, 1979) [audio]
É, neste momento, dos discos de disco mais reconhecidos pela juventude, mesmo que não saibam quem é que está a cantar ou que raio é a Solar. Basta pôr o disco a tocar e passado algum tempo, ouves "ah! olha! eu sei o que é isto!", graças ao Armand Van Helden que o usou no seu megasucesso "You don't know me". Este disco tinha, no entanto, vida antes disto. E que disco! Bona fide clássico disco, ainda hoje, por si só e sem a ajuda do Van Helden, soa como um dos nossos.