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HitdaBreakz

10/24/2004

BREAK DA SEMANATM : JUICE - CATCH A GROOVE




Ele vive! Pois é, depois de um interregnozito motivado pela vida fora da música, estou de volta aos posts no hit da breakz. Quero, desde já, agradecer ao digga o facto de ter publicado aqui a minha lista de doze polegadas de disco (o género, não o objecto). Estou a pouco tempo de conseguir gravar para mp3 pequenos excerptos de cada um deles (são 53 discos, dá algum trabalho...). Já está mais de metade da empreitada feita mas ainda faltam alguns.

Mas vamos ao que interessa neste momento : o Break da SemanaTM. Como esta é, sem dúvida, uma semana em que, por causa da lista, estou ligado ao discosound, o Break da Semana tem de ser (não podia ser de outra forma) um clássico do disco. Não imaginam a quantidade de discos de disco que têm breaks que podem servir como base sonora dos beats a que estamos habituados no hiphop, por exemplo. E nem com o advento das caixas de ritmos, transformando o beat em algo quantizado (certinho... o baixo e a tarola estão sempre certinhos, nem um milímetro para a esquerda nem um milímetro para a direita... ajuda quem é dj a misturar, por exemplo), consegue esconder o poder dançante que um break de disco tem. Afinal de contas, se há break que tenha como função fazer dançar, esse break tem de ser um break de disco. Está-lhe no sangue, no código genético. Disco de discosound que não faça dançar não é discosound.

Não tenho muita informação sobre quem são os Juice. Sei que a música foi feita por Jake Riley, Kenny Clark Jr. e por Rita Green. O disco, esse, é de 1976, numa altura em que o funk e o disco iniciam uma das evoluções mais interessantes da história da música, o segundo um filho directo do primeiro. Por isso, é difícil para mim definir por completo o som dos Juice - será funk? será disco? será discofunk? será funky disco? Bom, até nem interessa muito, já que a fronteira, nesta altura, é muito ténue e existem elementos de ambos no disco, seja o baixo proeminente, a presença de sopros, o som forte da bateria, enfim, uma série de dados característicos . Estamos em 1976!

Sendo disco ou funk, o que interessa é que este é daqueles breaks clássicos da velha guarda. Um dos breaks mais usados nas block parties, por tudo o que é dj dessa altura (sim, estamos a falar de Grandmaster Flash, Jazzy Jay, estes e outros culpados habituais), estão, ao clickar no link habitual com o som do break, a ouvir um pedaço da história do hiphop, história essa muitas vezes recontada por outros artesãos do hiphop,


entre eles, o Funky dos Ultra, o Ghetto Style do primeiro grupo feminino de miami bass e responsáveis pela resposta ao Throw the D dos 2 Live Crew - colegas de editora, a Luke Skyywalker - resposta essa chamada Throw the P, e, já agora, o grupo são as Anquette, os Ultramagnetic MCs, no álbum Critical Breakdown ou DJ Shadow, enquanto membro dos UNKLE.



O break, se já era conhecido, ganhou nova vida com a sua entrada no enorme mundo dos Ultimate Breaks and Beats (no seu segundo volume, que é o que está em cima na foto), a mais famosa compilação de breaks à face da terra. A quantidade de produtores que usam estas compilações para descobrir breaks novos ou para fazer beats sem samplar o disco original é incrível. Ainda há pouco tempo, Dr. Dre, numa entrevista que deu para a Scratch Magazine, aparece, no seu estúdio (5 MPCs, meus queridos... 5 MPCs seguidas...), com umas compilações da Dusty Fingers atrás. É que as Dusty Fingers mais não são do que o aproveitar da ideia das UBBs (compilar breaks conhecidos e desconhecidos em um só vinil), a original compilação de breaks. Outro dia, falaremos mais sobre quer a Luke Skyywalker e o miami bass quer sobre os Ultimate Breaks and Beats.

Agora, voltemos aos Juice e ao Catch a Groove. Tenham em atenção estes factos quando estiverem à procura deste disco nas ruas (boa sorte, o disco é raro como galinhas com dentes). O Catch a Groove existe em dois formatos, em formato 7 polegadas (os 45 rotações) e em formato 12 polegadas. O break monstruoso, esse, só existe no disco de 12 polegadas. Outra coisa que devem ter em atenção é o facto de o disco ter sido reeditado, numa cópia fiel do original. Tem a capa amarela típica da Greedy Disco, imita a label, tudo o mais. Só vi a reedição numa loja e não estava com tempo para ver diferenças entre o original e a reedição mas fiquem com estas referências: no runout groove (na parte que separa a canção prensada no vinil e a label... ou melhor, o sítio onde a agulha do prato fica quando acaba de tocar a canção toda, às voltas a fazer aqueles pops pops característicos de quem deixa o prato ligado sem trocar o lado), o que eu tenho escrito é DJD-108A no lado A e DJD-108B no lado B. Em ambos os lados, está também uma assinatura. Não sei se a reedição imitou isto também mas fica a referência. É que os bootleggers costumam "esquecer-se" de imitar os números no runout groove.

E, por último, nunca nunca nunca paguem isto (110 libras... sensivelmente 150 euros) pelo disco. É um valor mais ou menos justo para o disco no mercado mas é para não pagarmos estes valores que fazemos digging. Eu consegui a minha cópia fazendo e-digging, que é, para mim, encontrar discos caros a preços baratos na eBay. E como é que consegui o belo preço que paguei pelo disco? Fazendo buscas por Greedy em vez de por Juice ou por Catch a groove. E lá encontrei este disco, sem estar referenciado. Passou despercebido e veio a um grande preço.

BREAK DA SEMANATM : JUICE - CATCH A GROOVE

Só para terem uma ideia melhor do que é a canção toda, aqui está outra parte do Catch a groove.