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HitdaBreakz

9/09/2004

WAX POETICS: 9 IS THE MAGIC NUMBER




A Wax Poetics, revista comandada por Andre Torres e que vocês podem consultar on-line a partir do link na sossa secção de "Bíblias", chega agora ao número 9, o que é um feito e a prova clara de que a cultura Beat Diggin' tem a espessura da real paixão. Não é um trend momentâneo nem é controlada pelos discos que saiem do departamento de promoção das grandes editoras. No diggin' as "descobertas" propagam-se como fogo em palha seca, mas quem não está com os pés no terreno e os dedos sujos nunca poderá entender essas movimentações. A Wax Poetics não pretende elucidar-nos acerca das últimas tendências do diggin' e prefere antes ir ilustrando, calma e seguramente, os nomes que produziram discos que são peças incontornáveis desta cultura. Já nos deu Deodato, Weldon Irvine, Roy Ayers, Sun Ra, Isaac Hayes, Lalo Schifrin, David Axelrod e Donny Hatthaway, entre outros. Qualquer um deles uma peça chave para se entender o contínuo devir da música negra.
Paralelamente a este trabalho de sistematização do passado relevante para uma perspectiva Hip Hop, a Wax Poetics tem enquadrado o espírito arquivista que lhe é subjacente com trabalhos de fundo sobre a grande história da memória aural impressa em vinil, desde os blues primordiais até ao folk das Appalachians, numa tentativa de enquadrar toda esta cultura numa "bigger picture" que conta, no fundo, a história do século XX de um outro ângulo.
Bem vistas as coisas, a Wax Poetics junta nas mesmas páginas o espírito mais "nerdy" de uma revista como a Record Collector e o tom mais "ensaísta" de uma Mojo. Mas o que estas últimas fazem pelo eixo rock-pop, a Wax Poetics faz pelos pilares da cultura Hip Hop.
Neste número 9 é dado espaço ao grande Joe Zawinul, sideman de muitos e grandes nomes do jazz, fundador dos Weather Report, compositor, arranjador de visão. Pucho (dos Pucho & the Latin Soul Brothers), Willie Mitchell e o Roosevelt Show (feira de discos onde se moldou grande parte da sonoridade da Golden Age do Hip Hop) são outros óbvios pontos de interesse. A fasquia só baixa mesmo com a entrevista a RJD2, o pior dos produtores já entrevistados (numa lista que inclui Rza, Madlib, Da Beatminerz, Diamond D, 45 King, Cut Chemist, Pete Rock e Dj Premier) e o único que nada de relevante tinha a dizer sobre a cultura do Beat Diggin'.
A grande novidade é que, depois de sofrer com encomendas dos primeiros 8 números desta revista (envelopes que se perderam vindos dos Estados Unidos, dores de cabeça para localizar o número 3 num revendedor de Londres...), agora é possível encontrá-la por cá. O meu exemplar do número 9 foi comprado numa daquelas lojas Yellow que há nos Centros Comerciais por 9,50. Fica o aviso!