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HitdaBreakz

9/21/2004

MCNEAL & NILES - THRUST




Depois de ouvir falar deste disco na lista de "discos que levava para uma ilha deserta" ou, pior ainda, na lista de "discos que nunca trocaria na vida", por parte de gente como o Dante Carfagna e outros coleccionadores na área do funk, em várias publicações on e offline, é com grande expectativa que aguardei a chegada da reedição na Chocolate Industries deste disco. Não fazia a menor ideia ao que ia e sabia apenas que era uma prensagem pequena de uma editora da qual nunca tinha ouvido falar (a Tinkertoo) e que tinha sido o próprio Dante a fazer chegar à Chocolate Industries a vontade de reeditar mais este disco perdido.

Bom, dizer que fiquei surpreso é metade da história. É que, apesar de ser uma má altura para discos de funk (1979), todos eles já mais do que virados para o disco (e para o mau disco, a maior parte das vezes), o disco tem uma abordagem do funk que é, e bem, original. Não é, nitidamente, jazz funk nem muito menos funk puro. E, sorte, não é disco (eu gosto de disco, atenção, gosto é pouco de bandas funk que viraram para o disco, 9 em 10 vezes o resultado é mau, não é assim, Kool & The Gang?). Nem será fácil entender onde, no meio musical, este disco se encaixa. E será que interessa?

Nota-se, no entanto, uma interinfluência de todos estes estilos em cada uma das músicas. Mas isso só não basta, não basta perceber os estilos para os mimicar, num exercício fútil de reestruturação, parecido com o que os Oasis fizeram com os Beatles. Este disco não faz nada disso. Porque em cada tema se nota que entenderam o que é preciso fazer para sairem do rebanho, de fugirem à vulgaridade que grassava todos esses estilos, tão saturados de discos e tão sem ideias em 1979. E é nessa capacidade de síntese que este disco brilha. Saber olhar para o passado do funk e entender onde errou e onde brilhou e saber incorporar isso no disco é brilhante. Saber perceber o que está mal no disco da altura e conseguir olhar para toda aquela necessidade de meter as pessoas a dançar e saber relativizá-la, desacelerando o tempo, é brilhante. Saber perceber as melodias e a complexidade do jazz (e dos artistas do jazz mais ligados ao funk e ao disco ou ao electro, como o Donald Byrd ou o Herbie Hancock - a que não será inconsciente a coincidência do nome do álbum com outro do próprio Hancock) que são capazes de dar mais do que um corpo a um tema, é brilhante. Mas não é por ter tantos brilhantes que este disco é a jóia que é. Muitos outros são jóias e fizeram a mesma síntese. O que torna este disco original, é o facto de, desde a Ju Par Universal Orchestra, não mais ter ouvido uma interpretação do que é o funk de uma forma tão, como é que hei-de explicar isto sem ser demasiado esotérico... serena, tão sofisticada, se preferirem. Mas chega de palavras. Este disco é a jóia que é porque tem isto nele:

Summertime
Punk Funk
Untitled