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HitdaBreakz

7/25/2004

PORTABLE WHEELS OF STEEL


Qualquer digger, seja qual fôr o seu grau de experiência, já passou pela situação que vou descrever: imaginem que andam à procura de discos num local não convencional onde não vos é permitida a audição daquelas rodelas de vinil antes da compra. Na Feira da Ladra, por exemplo.
Ok. Depois de muitas dezenas de álbuns e singles absolutamente inúteis e quando a esperança já começa a desvanecer-se eis que se nos atravessa no caminho um daqueles discos de que nunca ouvimos falar, mas cuja capa nos desperta aquele típico instinto de digger: editado nos anos 70 por um tipo barbudo que na contracapa exibe uma vasta colecção de Moogs, Oberheims e Arps. Na ficha técnica há ainda a referência a um baterista e um dos temas tem no título uma palavra mágica como "Funk", "Rhythm", "Groove", "Beat", "Stomp" ou "Afro". Às vezes até nos deparamos com títulos com mais do que uma dessas palavras. Enfim, isso poderá querer dizer uma de duas coisas: ou o tipo da capa está desesperado a tentar convencer-nos de que há naquele disco qualquer coisa que valha a pena passar para o nosso sampler ou, pelo contrário, sabe mesmo do que está a falar. No segundo caso gastaremos os nossos 2 euros e, depois de chegarmos a casa, descobriremos um disco cheio de "grooves" sampláveis e até tocáveis naquelas noites em que nos colocamos por trás dos gira-discos para dar música a quem só parece interessado em beber umas cervejas. Mas, mais frequentemente do que seria desejável, a chegada a casa confirmará apenas que o tal barbudo é um desprezível músico francês que entende tanto de funk como um brother do Alabama habituado a tocar em roadhouses cheios de fumo entende o processo de feitura do queijo camembert.
Pois bem, nestas situações o ideal seria ter à mão um gira-discos portátil para, antes de passar os 2 euros ao senhor da Feira que está a vender aquele disco, conferir se tantos Moogs e Oberheims resultaram numa preciosidade de funk europeu. Para os diggers mais experimentados, o Rolls Royce dos gira-discos portáteis é o Soundburger da Audio Tecnica. Já não se fabrica e em sites como o Ebay, quando aparece, costuma vender-se pela marca dos 300 dólares. Mas como já expliquei noutro post, às vezes aparecem por aí em segunda mão a preços bem mais apetecíveis. O Soundburger tem entrada para dois pares de auscultadores e possui um sistema que lhe permite tocar discos (tanto de 7 como de 12 polegadas) na vertical. E com uma qualidade de som irrepreensível. Consome pilhas (4 das médias de 1,5 volts) com alguma velocidade, mas é porque possui uma "cilindrada" acima da média.

Fica aqui uma foto do meu Soundburger, o tal que comprei novo dentro da caixa. O primeiro que comprei vendi-o para Inglaterra pelos tais 300 dólares que mencionei há pouco.



Outro modelo bastante popular entre os diggers é o Columbia GP3, porque ainda se produz no Japão. É pequeno e robusto e quem o usa regularmente dá-lhe nota alta.



A utilidade destes objectos para os diggers é tal que algumas marcas, atentas ao fenómeno do Hip Hop em geral, resolveram começar a produzir novos modelos feitos à medida das necessidades de quem faz da procura de velhas rodelas de vinil um estilo de vida. A Numark e a Vestax possuem ambas modelos portáteis. O PT01 e a Handy Trax, respectivamente.





Um search no Google poderá dar-vos mais informações sobre estes modelos. Só um aviso à navegação: de todas as vezes que me fiz acompanhar do meu Sounburger nas minhas expedições de diggin' causava sempre espanto e assombro tanto nos vendedores de discos como entre os populares que se passeavam nas feiras por estar a ouvir discos naquela maquineta. Nos Estados Unidos já ninguém olha para o lado duas vezes quando vê alguém a usar um gira-discos portátil, mas por cá ainda há quem fique com a sensação de que somos extra-terrestres e que os nossos gira-discos portáteis são poderosas máquinas movidas a laser capazes de destruir o mundo.