7/30/2004
DAVID AXELROD (PARTE I)
David Axelrod iria ser mais um daqueles génios loucos que iam ficar esquecidos para todo o sempre caso o hiphop não viesse para o salvar a um destino mais do que injusto. Hoje, o nome David Axelrod é sobejamente conhecido nos círculos de diggers e os seus álbuns trocados por quantias elevadas, principalmente os dois primeiros. Mas já lá vamos.
Axelrod nasceu a 17 de Abril de 1936, na cidade de Los Angeles. Os seus pais eram pessoas humildes mas com uma consciência política muito forte, com o pai a lutar bastante pelos direitos dos trabalhadores e pelo sindicalismo. David teve uma adolescência difícil em Los Angeles, num bairro onde coabitavam várias etnias, e passou muito deste tempo a fazer, bem, porcaria, como só um rufia sabe fazer. Mas o facto de viver num bairro com uma composição tão diversificada de etnias permitiu a Axelrod abrir o ouvido para sons a que outros míudos brancos não estariam normalmente expostos: a soul e o funk. A sua vida de rua ajudou a que Axelrod criasse uma dependência em heroína que só foi ultrapassada quando Axelrod decide tornar-se boxeur. Diz Axelrod que uma das suas frases favoritas diz que "joga-se basebol, joga-se basquetebol, até se joga futebol mas nunca jogas boxe" para depois acrescentar que "o boxe exige disciplina e instinto", coisas que ele aplicou depois na sua música.
E é por esta altura que a música entra dentro da vida de Axelrod de uma forma definitiva. Uma amizade com um músico de jazz chamado Gerald Higgins leva Axelrod a entrar no círculo mais íntimo do jazz. Isto fez com que Axelrod trabalhasse com a nata de uma cena de jazz em grande expansão, a cena da West Coast. O seu primeiro trabalho como produtor foi no álbum "The fox" de Harold Land, considerado por muitos especialistas como o melhor trabalho alguma vez feito por Land. Nunca ouvi o álbum nem conheço a obra de Harold Land por isso faço fé nas palavras desses mesmos especialistas mas nada como descobrir a obra de Land.
Axelrod nasceu a 17 de Abril de 1936, na cidade de Los Angeles. Os seus pais eram pessoas humildes mas com uma consciência política muito forte, com o pai a lutar bastante pelos direitos dos trabalhadores e pelo sindicalismo. David teve uma adolescência difícil em Los Angeles, num bairro onde coabitavam várias etnias, e passou muito deste tempo a fazer, bem, porcaria, como só um rufia sabe fazer. Mas o facto de viver num bairro com uma composição tão diversificada de etnias permitiu a Axelrod abrir o ouvido para sons a que outros míudos brancos não estariam normalmente expostos: a soul e o funk. A sua vida de rua ajudou a que Axelrod criasse uma dependência em heroína que só foi ultrapassada quando Axelrod decide tornar-se boxeur. Diz Axelrod que uma das suas frases favoritas diz que "joga-se basebol, joga-se basquetebol, até se joga futebol mas nunca jogas boxe" para depois acrescentar que "o boxe exige disciplina e instinto", coisas que ele aplicou depois na sua música.
E é por esta altura que a música entra dentro da vida de Axelrod de uma forma definitiva. Uma amizade com um músico de jazz chamado Gerald Higgins leva Axelrod a entrar no círculo mais íntimo do jazz. Isto fez com que Axelrod trabalhasse com a nata de uma cena de jazz em grande expansão, a cena da West Coast. O seu primeiro trabalho como produtor foi no álbum "The fox" de Harold Land, considerado por muitos especialistas como o melhor trabalho alguma vez feito por Land. Nunca ouvi o álbum nem conheço a obra de Harold Land por isso faço fé nas palavras desses mesmos especialistas mas nada como descobrir a obra de Land.
E em 1964, Axelrod entra para a casa que é emblemática na sua vida discográfica, a Capitol. É na Capitol que, enquanto produtor, Axelrod assina os seus melhores trabalhos, provocando até o interesse dos directores da Capitol por um mercado até aí inexplorado por eles, a música negra. É na Capitol que Axelrod encontra dois artistas com quem vai trabalhar de forma intensa: o cantor Lou Rawls e o saxofonista Julian "Cannonball" Adderley. Ambos atingiram os seus maiores sucessos com Axelrod atrás da mesa de mistura - Lou Rawls ganhou o seu primeiro Grammy com uma música escrita por Axelrod, o "Dead End Street", e Cannonball Adderley, que "lutava" com o Ramsey Lewis Trio pelo sucesso crossover do jazz para as charts pop, tocando um bop mais limpinho e um jazz cheio de soul, vende discos como quem vende pães com o álbum ao vivo "Mercy, Mercy, Mercy" [audio] (cuja música que dá título ao álbum é um original do Joe Zawinul, posteriormente um dos membros dos Weather Report) que é produzido por Axelrod.
É Axelrod que indica o caminho a ambos, mostrando a ambos uma direcção musical que nenhum deles antevia para eles próprios, ditada pela música negra que Axelrod conhecia.
E é com todo este sucesso na sua carteira que a Capitol mete no caminho de Axelrod a banda de garage rock, os Electric Prunes. Os Electric Prunes tinham tido um sucesso relativo com o seu primeiro álbum chamado "I had too much to dream (last night)" [audio], cujo single foi muito bem recebido, chegando a um honroso 11º lugar nos charts americanos. No entanto, o álbum foi quase todo escrito por uma dupla de músicos (Annette Tucker e Nancie Mantz) e só no álbum seguinte, chamado "Underground", os Electric Prunes recuperam alguma liberdade musical. E foi com este espírito musical mais livre que embarcaram num tour de suporte ao álbum pela Europa (recomendo vivamente aos amantes dos Electric Prunes uma bootleg do concerto ao vivo em Estocolmo que é mítico).
E é com todo este sucesso na sua carteira que a Capitol mete no caminho de Axelrod a banda de garage rock, os Electric Prunes. Os Electric Prunes tinham tido um sucesso relativo com o seu primeiro álbum chamado "I had too much to dream (last night)" [audio], cujo single foi muito bem recebido, chegando a um honroso 11º lugar nos charts americanos. No entanto, o álbum foi quase todo escrito por uma dupla de músicos (Annette Tucker e Nancie Mantz) e só no álbum seguinte, chamado "Underground", os Electric Prunes recuperam alguma liberdade musical. E foi com este espírito musical mais livre que embarcaram num tour de suporte ao álbum pela Europa (recomendo vivamente aos amantes dos Electric Prunes uma bootleg do concerto ao vivo em Estocolmo que é mítico).
E regressados da Europa, a Capitol entrega o seu próximo álbum a Axelrod para produzir. O álbum chama-se "Mass in F Minor" (editado em Janeiro de 1967), também conhecido pelos fãs dos Prunes como o álbum-que-matou-os-Prunes. Só que a verdade não é bem esta. O "Mass in F Minor" devia era ser considerado mais um dos álbuns do Axelrod já que foi Axelrod que pensou, escreveu e coordenou todo o álbum, sendo os Prunes mais um veículo de realização do que propriamente aquilo q se espera de uma banda que dá nome a um álbum. E isto ainda é menos um álbum dos Prunes e mais um álbum do Axelrod quando posteriormente se soube que foram os Collectors, uma banda do Canadá, que tocaram em vários temas do álbum em vez dos Prunes, por razões de falta de tempo. O álbum é excelente, na minha opinião, rock psicadélico com aquele toque sagrado e épico que caracteriza muitas das obras a solo de Axelrod e que começa a ser delineado, esboçado se quisermos, neste álbum. Um dos temas do "Mass in F Minor", o primeiro ( Kyrie Eleison [audio] ), ficará para sempre ligado ao mundo cinematográfico já que é usado no clássico filme "Easy Rider". Mas voltemos à música e a Axelrod.
Axelrod não se limita a este álbum com os Prunes já que logo de seguida grava outro álbum semelhante ao "Mass in F Minor", desta vez intitulado "Release of an oath" (editado em Novembro de 1968), que é um álbum que contém uma das minhas músicas preferidas escritas pelo David Axelrod, o "Holy are you" [audio], um tema que por si só encaixa tudo aquilo que adoro no som do David Axelrod, aquele baixo tão tão característico, a bateria com um som equalizado por Deus, os violinos e aquilo que lhes sai das cordas... mas não é só isto individualmente que me faz adorar o som do Axelrod. O que me faz realmente ficar fascinado com o som dele é como, no conjunto, tudo aquilo soa. Há um característico feel para toda a música do Axelrod e, para quem não conhece a música do Axelrod, o "Holy are you" é a melhor porta de entrada.
O "Release of an oath" é um álbum dos Electric Prunes que não é tocado por nenhum dos Electric Prunes originais, o que o torna um álbum muito estranho na discografia de uma banda. Por isso, mais uma vez, tenho de considerar o "Release of an oath" mais um álbum do Axelrod.
O que não é de estranhar é o facto de enquanto gravava estes dois álbuns com os Electric Prunes, Axelrod estava já a preparar-se para o som que iria gravar nos seus álbuns a solo. Mas isso fica para a parte II..
(continua)
nota : todos os links com a palavra [audio] à frente contêm um pequeno sample em mp3 da música de que se está a falar nesse link.