1/14/2007
RIP Alice Coltrane
ALICE COLTRANE
“Translinear light”
(Impulse)
“Translinear light” interrompe o silêncio editorial de Alice Coltrane que durava há praticamente 25 anos. Mas o tempo não se sente e Alice soa como sempre soou: profundamente espiritual e lírica, capaz de evocar mundos distantes, quer quando utiliza o órgão eléctrico Wurlitzer (lembrando um Sun Ra mais contido) quer quando se senta ao piano e o faz soar como a harpa que marcou as suas primeiras gravações, como por exemplo “Ptah the El Daoud” (cujo tema “Blue Nile” é aqui recriado). “Crescent” e “Leo”, ambas criações de John Coltrane, são igualmente alvo de revisitações, com Ravi Coltrane a assumir brilhantemente o papel do pai, não caindo, no entanto, no mero mimetismo (apesar da breve e oblíqua evocação de “My Favourite Things” durante “Translinear Light”).
Para este regresso, Alice reuniu uma equipa de luxo que inclui, além do filho Ravi, nomes históricos como Jack DeJohnette e Charlie Haden. Mas nenhum se sobrepõe à figura central de “Translinear Light”, preferindo deixar fluir o discurso sábio de Alice Coltrane, que em cada nota que toca exulta sentimentos nobres e universais como o amor ou a paz.